Após algum tempo, Henrique se levantou e se direcionou para a porta, pois estava ficando tarde e precisava ir para casa. Depois de se despedir de Henrique, Luíz voltou ao seu lugar no outro sofá, então continuamos conversando.
- Vocês formam um belo casal Luíz!
- Obrigado Felipe! Por falar nisso, eu quero te perguntar algo.
- Pode perguntar. Qual o assunto?
- Bom, você sabe que o meu irmão está solteiro, e como me dissestes que também estás...
- Ainda não entendi, continua.
- Tudo bem, vou ser bastante direto. O Bernardo está solteiro há muito tempo, porque da ultima vez que ele se envolveu emocionalmente com alguém, ele sofreu uma grave desilusão. Então, posso estar me precipitando, mas acho que ele gosta de você.
- Luíz, eu não percebi nada. Acho que podes estar enganado!- Felipe, eu não estou te mandando fazer nada, só queria que soubesses disso. Afinal, apesar do pouquíssimo tempo que estás conosco, senti que és uma pessoa de bom coração, e poderias fazer muito bem ao meu irmão. Quero te perguntar somente mais uma coisa: Já parou pra observá-lo atentamente?
- Na verdade não. Muitos pensamentos me vêm à cabeça nesse período desde que cheguei aqui, então eu não parei pra observá-lo, apesar de ter percebido quão gentil ele é.
- Está ficando tarde. Eu não vou mais te importunar com isso. Como eu disse, só queria que soubesses disso, afinal quero somente o bem do meu irmão. Então, tenha uma boa noite e reflita sobre o que eu te disse.
- Boa noite Luíz!
A conversa com Luíz, de uma maneira muito singela, desvelou um véu que insistia em cobrir minha visão sobre a situação na qual me encontrava.
Bernardo, desde o começo, foi muito gentil comigo e me tratou tão bem quanto eu jamais poderia imaginar, aliás, para ser bem sincero, toda a família agiu dessa maneira comigo. Porém, toda vez que eu pensava na figura do Bernardo e o quanto eu estava agradecido por ele aparecer naquela estranha floresta e me salvar, algo mais que gratidão me vinha a mente.
Depois da conversa com Luíz, eu percebi que toda vez que Bernardo conversava comigo, eu tinha vontade de abraçá-lo, porém, erroneamente, interpretava como pura gratidão, quando na verdade, me interessei fisicamente por ele desde o primeiro contato. A pura atração física se intensificou ainda mais durante o curto período em que temos convivido, afinal, Bernardo é encantador e tem um jeito muito singular de se portar.
Ainda permaneci muito tempo refletindo sobre o assunto, sozinho no sofá, até que ouvi um barulho na cozinha. Então me levantei pera verificar quem ainda estava acordado, e, para minha surpresa e nervosismo, era Bernardo.
- Oi Bernardo, pensei que já estivesses dormindo.
- Oi Felipe. Eu acordei de repente e ainda não consegui voltar a dormir, então vim tomar um pouco de água.
- Entendo. Eu já estava subindo para o meu quarto quando ouvi um ruído aqui.
- Eu não sou a pessoa mais discreta do mundo, na verdade todos dizem que sou um pouco estabanado. O barulho que você ouviu foi do meu tropeço na cadeira.
- Bom, ainda bem que você não se machucou.
- É verdade! Você já vai subir para o quarto?
- Já! Estou com muito sono nesse momento.
- Então eu vou com você.
Eu fiz como Luíz dissera, parei para observar Bernardo mais atentamente. Naquele breve momento na cozinha pude perceber que por trás de todo o seu porte atlético havia alguém muito gentil e humilde, o que me encantou muito. Quando chegamos à porta do meu quarto, Bernardo se despediu de mim com um toque em meu ombro, que me levou às nuvens, principalmente pela suavidade com que ele o fez. Embora quisesse pensar um pouco mais em tudo isso quando adentrei o quarto, meu corpo não resistiu e adormeci assim que me deitei.