segunda-feira, 29 de dezembro de 2014

Boy Culture (Boy Culture)

Boy Culture (Boy Culture), 2006


X (Derek Magyar) é um michê de sucesso que descreve em uma série de confissões os seus confusos relacionamentos românticos com seus dois colegas de apartamento, e um velho e enigmático cliente, Gregory (Patrick Bauchau), que lhe conta uma inquietante história de amor que durou 50 anos, a qual incita o protagonista a experimentar algo que não sente há muito tempo: emoção.

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sexta-feira, 19 de dezembro de 2014

Antarctica (Antarctica)

Antarctica (Antarctica), 2008


O filme mostra a história de Omer (Tomer Ilan), um rapaz completando 30 anos sem nunca ter se encontrado no amor, Boaz (Ofer Regirer), um homem bonito que dorme com alguém diferente a casa noite, Ronen (Guy Zoaretz), alguém que sempre se apaixona por cada pessoa que conhece, Danny (Yiftach Mizrahi), um jovem dançarino que também está procurando o amor, Miki (Yuval Raz), um jovem que ainda tem receio de assumir uma relação séria, entre outros personagens, cuja teia de relações suscita a seguinte pergunta: Estará o amor morto ou só estamos procurando nos lugares errados?

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quarta-feira, 17 de dezembro de 2014

Lost Angel (Lost Angel)

Lost Angel (Lost Angel), 2013


Michael (Timo Descamps) é um turista que tem má-sorte desde que botou os pés em Los Angeles, onde pretendia passar as suas férias. O rapaz encontra ajuda em Carlitos (Derek Efrain Villanueva), um inesperado estranho que lhe oferece abrigo. Os dois passam a se conhecer um pouco e depois que Carlitos corre perigo e Michael o ajuda, algo a mais surge.

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terça-feira, 16 de dezembro de 2014

Capítulo 7 - (Re) aprendendo a Viver (Cont.)

Depois disso, como combinado, Enzo e Daniel se encontraram para se submeterem à coleta de sangue. Depois do procedimento, os dois rumaram de carro para a casa de Enzo. Enquanto estavam no trajeto, Enzo perguntou:

- Amor, o que o nome Lucas te lembra?- Lucas?... - Daniel respondeu, sem entender - Nada em especial, por que amor?
- Ah, quantos Lucas você conhece, que estudam na UFTU?
- Bem, tem dois rapazes chamados Lucas na minha sala... fora eles, não conheço mais ninguém! Mas por que esse interesse?
- Ah, eu não sei... esquece...
- Não! Por que o interesse? Agora você vai ter que me contar!
- Tudo bem... Você lembra do meu terapeuta, com que eu fui "malvado"?
- Claro! Eu nunca vou esquecer que você realmente tratou mal alguém!
- Cala a boca! - disse Enzo rindo - Eu já disse que eu não fui "malvado de verdade"! - Então ele adotou um tom mais sério - Bem, ele não vai ser mais meu terapeuta e, aparentemente, é por algum motivo relacionado a você!
- A mim?! Mas eu nem conheço o seu terapeuta! - respondeu Daniel, surpreso.
- Bem, ele disse que o nome dele te lembraria alguma coisa!
- Enzo, eu juro que não conheço nenhum Lucas na UFTU, fora os meus colegas de classe... - Daniel pensou um pouco sobre o assunto - Bem, talvez eu não o conheça da UFTU. Deixe-me pensar... eu conheci um Lucas nas aulas de natação, mas nós nunca fomos próximos... e também tem o... - Daniel se surpreendeu com a possibilidade - Também tem o filho da Rita, lembra? Eu te contei sobre ele! O nome dele era Lucas! Mas eu nunca mais o vi, então não sei por que ele não te atenderia por minha causa, se realmente for quem eu estou pensando!
- Sim! Eu lembro do que você me contou! Bem, é possível que seja ele, mas então qual o problema?
- Eu não faço a mínima ideia! - respondeu Daniel com firmeza.
- Bem, desculpa ter incomodar com isso, mas eu fiquei perplexo quando ele me disse isso!
- Não tem problema amor! Mas, mudando de assunto, eu tenho um convite para te fazer!
- O que é? Fala!
- Calma - respondeu Daniel, rindo - Na verdade, o convite é do meu pai! Ele me disse que você está convidado para um jantar na minha casa amanhã à noite!
- Sério? - disse Enzo, surpreso - Que legal! Claro que eu vou! Adorei o convite, embora o seu pai não tenha falado muito comigo desde aquele dia em que ele foi na minha casa.
- Bem, ele tem tentado ser bem compreensivo - explicou Daniel - Mas você sabe, os pais geralmente têm mais dificuldade em aceitar homossexualidade! Mas ele está indo bem! Eu juro que o convite veio dele e, inclusive, eu fiquei muito surpreso com isso também! Mas enfim, eu vou dizer a ele que você aceitou!

Aproximadamente meia hora depois que Daniel deixou Enzo em casa, Guilherme chegou na casa do rapaz e, prontamente, iniciou o assunto:

- Enzo, você já sabe não é? - ele tinha um olhar triste no rosto.
- Sim... eu não deveria te contar que eu sei, mas isso não importa! Então me conta, como você está se sentindo? Pode me dizer o que está passando na sua cabeça!
- Primeiro, desculpa! Você deveria saber disso por mim... mas eu estava muito... envergonhado, então você acabou sabendo pelo Pietro!
- Isso não tem a menor importância Gui! - disse Enzo, abraçando Guilherme - Cada um tem o seu tempo e, além disso, você não tem nada pelo que estar envergonhado!
- Eu sei Enzo... - respondeu Guilherme, enquanto se desvencilhava de Enzo - Mas cara... eu fico pensando em como eu deveria ter sido mais cuidadoso com as pessoas com quem eu já fiz sexo! Já passou um filme na minha cabeça e, eu fui muito irresponsável Enzo! Inclusive, a gente... você sabe, nós nunca usávamos nada!
- Eu sei Gui! Eu já estou verificando a possibilidade!
- Enzo, se eu te passei alguma coisa... - Guilherme começou a chorar - Desculpa! Eu nunca iria me perdoar...
- Calma Gui! Provavelmente eu não tenho nada, mas vamos esperar pelos resultados de qualquer forma! - disse Enzo, em tom calmo - Não se preocupa com isso agora! O que você realmente deveria fazer é contatar as pessoas com quem você teve relações nos últimos tempos, porque corre algum risco de elas possivelmente terem contraído o vírus e, sem saber, estarem o disseminando!
- Sim, você está absolutamente certo e eu estou fazendo isso, mas eu... eu mantive relações com tantas pessoas em São Paulo... é por isso que eu estou envergonhado!
- Esquece isso! Ninguém tem o direito de te julgar por isso e eu, com certeza, não te julgo! Você tem a liberdade de se relacionar com quantas pessoas você quiser, já que você é solteiro!
- Valeu Enzo! Você é um ótimo amigo! - disse Guilherme - Quer saber, vamos esquecer esse assunto e falar de outra coisa?!
- Concordo plenamente! Inclusive eu já até sei sobre o que falar! Você não vai acreditar no que aconteceu comigo hoje...

Enzo contou a Guilherme o que acontecera naquela manhã depois da sessão de Terapia Ocupacional. Depois de ouvir os fatos, Guilherme fez a seguinte consideração:

- Enzo, é simples, leva o Daniel com você na quinta-feira e confronta logo esse cara! Por que ele tem que ser tão misterioso?! Ele já ouviu falar de "ir direto ao assunto"?!
- Concordo com você! Ele tem sido tão estranho desde o dia em que nós nos conhecemos! Mas, de qualquer modo, eu não acho uma boa ideia confrontar ele no local de estágio e o Daniel também não pode ir, já que ele não pode perder nenhuma aula, sem uma boa justificativa!
- Ah, é verdade! O Pietro comentou algo desse tipo comigo! Bem, então convida ele para almoçar e acabar logo com esse mistério! Não gosto de nada misterioso! Eu fico logo curioso para descobrir todos os detalhes!
- Você é impossível Gui! - disse Enzo rindo - Mas valeu pelo conselho, acho que é realmente uma boa ideia e é isso mesmo que eu vou fazer!

Os dois permaneceram conversando até que, alguns minutos depois, a mãe de Enzo chegou em casa. Ao ver Guilherme, Maria disse:

- Olá Guilherme! Como vai?
- Oi dona Maria - respondeu Guilherme enquanto abraçava a mãe de Enzo - Eu estou bem! E a senhora? Linda como sempre!
- Ah, deixe de bobagem! - respondeu Maria rindo - Eu também estou bem meu filho! O que vocês dois estão aprontando hoje?
- Ah, nada em especial Dona Maria! Agora que o seu filho é comprometido com outra pessoa, a gente não apronta mais nada! Só estávamos conversando mesmo!
- Gui! - exclamou Enzo, rindo e corado - Isso lá é coisa que se diga para a minha mãe?!
- Ah meu filho, eu não sou nenhuma inocente! - respondeu Maria - Eu sei que vocês já devem ter aprontado muito mesmo!
- Viu! Dona Maria sabe das coisas! - disse Guilherme rindo - Bem, mas agora eu preciso ir resolver algumas coisas, então eu vou deixar a senhora curtir o seu filhinho Dona Maria.
- Tudo bem meu filho! Vai com Deus e já sabe, pode aparecer quando quiser!
- Ele sabe muito bem isso mãe - disse Enzo - Bem até demais!
- Cale-se Enzo! Você ama as minhas visitas e não adianta mentir!

Depois que Guilherme foi embora, Enzo e Maria conversaram sobre outros assuntos:
- E quanto a você meu filho - disse Maria - Como você está se sentindo hoje?
- Estou bem mãe! - afirmou Enzo - Por que?
- Bem, meu filho, o seu pai está um pouco preocupado com você! Ele acha que talvez você possa começar a se consultar com um psicólogo para te ajudar nessa fase em que você se encontra!
- Eu estou bem mãe! Eu juro! - respondeu Enzo com firmeza - Se eu estiver precisando de ajuda, eu prometo que vocês irão saber! Por falar nele, onde anda o Senhor Roberto? Ela não estava com você?
- Sim, ele estava! Mas ele foi resolver umas questões do trabalho dele, enquanto eu preferi vir para casa! Você tem certeza, quanto à questão do psicólogo?
- Sim mãe! Eu entendo que vocês estão preocupados comigo e que é provável que muitas pessoas que ficam paraplégicas se beneficiam bastante de consultas com psicólogos, mas eu não preciso no momento! Como eu disse, se eu precisar eu vou deixar vocês saberem!
- Tudo bem! Se é assim, então eu fico mais tranquila! - respondeu Maria - Você precisa de ajuda com alguma coisa? Porque eu vou preparar o almoço agora, mas se você precisar é só chamar.
- Eu acho que não! Bem, eu vou tomar banho agora e talvez precise de alguma ajuda para realizar a transferência para a cadeira de banho! Mas eu vou tentar sozinho e, qualquer coisa, eu grito se precisar da sua ajuda, tá certo?
- Certo! Então eu vou preparar o almoço agora - disse Maria, dando um beijo na bochecha de Enzo e depois se dirigindo para a cozinha.

Enzo, de fato conseguiu realizar a transferência para a cadeira de banho e realizou a sua atividade sem dificuldade, com o auxílio de barras de apoio previamente instaladas pelos seus pais no banheiro. Porém, quando ele tentou realizar a transferência de volta para a cadeira de rodas, ele escorregou e acabou caindo no chão. Ele permaneceu deitado por alguns segundos, então escalou a cadeira de rodas até conseguir sentar. Ele não mencionou o ocorrido para a sua mãe, mas enquanto estava no chão ele chorou pelo fato de depender da cadeira de rodas.
No dia seguinte, Daniel veio buscar Enzo de carro e os dois se dirigiram para a casa do rapaz. Ainda no carro, Enzo contou a Daniel sobre a conversa com Guilherme e a sugestão do rapaz sobre o possível almoço com Lucas, ao que Daniel reagiu positivamente. Quando chegaram no local, o pai de Daniel logo cumprimentou Enzo:

- Oi Enzo! Que bom que você aceitou o meu convite! - Pedro abraçou Enzo, ainda na porta da casa.
- Oi Seu Pedro! - respondeu Enzo, retribuindo o abraço, embora estivesse surpreso com a receptividade de Pedro - Obrigado!
- De nada! Pode entrar e ficar à vontade, a Zuleica vai vir chamar vocês para o jantar em alguns instantes! Eu preciso apenas enviar alguns arquivos para o escritório, então o Daniel pode te fazer companhia por enquanto.
- Tudo bem pai, pode ir lá! - disse Daniel, enquanto acompanhava Enzo, o qual estava conduzindo a cadeira de rodas para a sala de estar.
- Nossa, ele está me tratando tão diferente! - disse Enzo, depois que Pedro havia saído da sala.
- Eu te disse! - respondeu Daniel, que estava sentando em uma poltrona ao lado da cadeira de rodas do namorado - Ele estava todo animado por que você aceitou o convite ontem!
- Isso é legal! Talvez nós possamos até marcar um jantar com toda a família - disse Enzo animado - O seu pai e os meus pais juntos! Finalmente! Agora, mudando de assunto, quem é Zuleica?
- Ah sim - respondeu Daniel, rindo - Ela é a nossa diarista! Vocês nunca se cruzaram porque eu nunca te trazia aqui nos dias em que ela estava! Ela vem um dia na semana para limpar a casa e cozinhar alguma coisa e, às vezes, os meus pais contratam ela para esses jantares mais íntimos, então o meu pai contratou ela para preparar uma coisa especial e nos servir hoje!
- Ah sim! Eu achei que... - Enzo não terminou a frase.
- Você achou o que amor? - perguntou Daniel - Fala!
- Ah, eu achei que o seu pai estivesse com outra pessoa, mas depois eu não quis mencionar isso, porque eu acho que seria um pouco sem noção da minha parte!
- Fica tranquilo amor! - disse Daniel, beijando brevemente Enzo - Eu já estou bem em relação à morte da minha mãe! Mesmo se o meu pai estivesse com alguém, eu não ficaria chateado com o seu comentário!

Alguns segundos depois, Zuleica, a qual era uma mulher aparentando meia-idade, veio chamar os rapazes para o jantar. O pai de Daniel também logo se juntou a eles à mesa. Quando Zuleica serviu o prato principal, Enzo prontamente exclamou:

- Eu não acredito!
- Eu sabia que essa seria a sua reação! - exclamou Daniel.
- O Daniel me disse que você adora strogonoff Enzo! Então eu pedi à Zuleica que fizesse isso para o nosso jantar!
- Muito obrigado Seu Pedro! - respondeu Enzo - Eu absolutamente amo strogonoff!
- Isso é bom! Espero que você goste desse que a Zuleica preparou para nós!

Os rapazes passaram o jantar conversando sobre as novidades na vida de cada um e outras trivialidades. No fim da noite, Enzo estava satisfeito pelo delicioso strogonoff preparado por Zuleica e pelo modo como a vida tinha mudado o pensamento de Pedro, o qual parecia realmente feliz em tê-lo presente em sua casa como namorado de Daniel, sendo que alguns meses antes ele o tinha tratado com indiferença e hostilidade. Naquele momento, ele estava pensando que, apesar de estar momentaneamente em uma cadeira de rodas, a sua vida estava seguindo um bom curso.
Depois do jantar, os três seguiram para a sala de estar e continuaram conversando, enquanto desfrutavam de um bom vinho. Porém, em certo momento, Enzo disse:

- Seu Pedro, eu adorei o jantar! Muito obrigado por ter me convidado! Mas está ficando tarde e eu preciso ir para casa.
- Eu vou te levar em casa -  disse Daniel, porém ele reconsiderou: - Ou você pode dormir aqui, eu acho... tudo bem pra você pai?
- Claro! - respondeu Pedro - Por mim não tem o menor problema!
- Então tá certo! Você quer dormir aqui hoje?
- Eu adoraria! - respondeu Enzo, animado - Mas você pode me levar à clínica amanhã de manhã?
- Eu posso fazer isso! - respondeu Daniel.

Desse modo, os três ainda passaram mais algum tempo conversando na sala de estar, até que Daniel disse:

- Gente, a conversa está boa, mas eu cheguei ao meu limite! Eu preciso dormir!
- Tudo bem meu filho! Eu também vou dormir em alguns instantes! Mas Enzo, você se importa de esperar um momento antes de ir dormir? Eu queria conversar algo bem breve com você!
- Ah, bem - disse Enzo, incerto - Eu acho que sim!
- Por que o senhor quer conversar só com ele pai? - perguntou Daniel, confuso.
- Não é nada de mais meu filho! Eu apenas quero conversar algo com ele! Pode subir e, em alguns instantes eu lhe chamo para nós subirmos o Enzo até o seu quarto.
- Tudo bem, eu acho... eu vou... arrumar o colchão pra ele.
- Bem Enzo - disse Pedro, depois que Daniel havia subido para o quarto dele - Antes que você pense qualquer coisa, eu só queria te agradecer! Eu não tive a devida oportunidade, mas eu queria deixar claro que depois do dia em que eu fui até a sua casa lhe pedir ajuda e você me estendeu a mão sem nenhuma ressalva, apesar do modo como eu havia lhe tratado antes, eu pude realmente perceber o tipo de pessoa que você é! Com certeza, esse tipo de caráter é o que eu espero para alguém que está namorando o meu filho! Eu não ligo, de verdade, para o que as outras pessoas pensam sobre a relação de vocês! Eu estou orgulhoso da escolha que ele fez e quero deixar claro o meu mais sincero apoio a essa relação! Você estendeu a mão ao meu filho quando ele mais precisou de você e isso eu jamais vou esquecer!
- Ah... - Enzo estava sem palavras. Ele realmente não esperava ouvir algo tão positivo de Pedro, mas estava feliz que aquilo tivesse acontecido - Muito obrigado Seu Pedro! É muito importante para mim a sua aprovação e eu fico muito feliz que o senhor tenha uma boa impressão de mim! O que mais eu posso dizer? Muito obrigado, de verdade!
- De nada! - respondeu Pedro - Só mais uma coisa, diz para o Daniel que não é nenhum sentido em vocês dormirem em camas separadas, até porque vocês já dormiram na mesma cama antes!

Assim, Pedro ajudou Daniel a levar Enzo para o andar de cima em sua cadeira de rodas e depois todos foram para as suas respectivas camas. Os dois rapazes, de fato, dormiram na mesma cama e, no dia seguinte, partiram para a UFTU, onde Enzo ficou esperando pela consulta no setor de Terapia Ocupacional da Clínica de Reabilitação e Daniel foi para a aula no Instituto de Ciências Jurídicas da UFTU.
Durante o atendimento, Enzo referiu o evento ocorrido quando ele tentava realizar a transferência entre as suas duas cadeiras, então o seu terapeuta abordou esta habilidade no atendimento, assim como estimulação sensório-motora de membros inferiores e fortalecimento de membros superiores, entre outros componentes.
Depois do atendimento, Enzo aproveitou que Lucas estava sem nenhum paciente em atendimento e pediu para conversar rapidamente com ele. O rapaz o levou para fora da sala de atendimento e disse:

- Pode falar Enzo!
- Lucas, eu falei com o Daniel e ele tem uma possível ideia de quem é você! Mas isso ainda não me ajuda a entender o porquê de você não me atender, então, para esclarecer essa situação, você gostaria de almoçar conosco hoje?
- Ah, eu não vejo problema! - respondeu Lucas em tom hesitante - Mas, eu não sei se vou me sentir à vontade com o Daniel lá!
- Por que? - perguntou Enzo, surpreso.
- Você vai entender!
- Nossa! Você é muito misterioso! Espero que você possa desfazer todo esse mistério hoje, por favor!
- Eu prometo que farei isso!
- Então está combinado! Eu e o Daniel vamos esperar na "Snacks" da UFTU por volta do meio dia! Tudo bem?
- Tudo bem! Eu estarei lá!

Ao meio dia, Enzo e Daniel estavam na "Snacks", esperando por Lucas. Ao ouvir o que o rapaz dissera para Enzo mais cedo naquele dia, Daniel comentou:

- Mas que mal eu posso ter feito a ele, para ele dizer que não se sentir à vontade comigo?
- Eu vou explicar em alguns instantes - disse Lucas, que havia acabado de chegar à lanchonete - Eu posso me sentar?
- Claro Lucas - disse Enzo - Desculpa, mas nós ficamos um pouco incomodados com esse comentário que você fez hoje cedo! Eu estava comentando com o Daniel o que nós conversamos!
- Você definitivamente é o filho da Rita! Meu Deus, quanto tempo!
- Ah, então você realmente tinha ideia de quem eu era?
- É claro Lucas! - disse Daniel, em tom amigável - Nós éramos tipo melhores amigos no passado! Por isso mesmo eu não entendo o porquê de você se sentir desconfortável comigo!
- Bom, eu acho que o que eu tenho a dizer vai explicar esse sentimento - disse Lucas, em tom sério - Enzo, você sabe o que aconteceu entre nós o no passado?
- Sim, o Daniel me contou!
- Ótimo! - disse Lucas, ainda em tom monótono - Isso vai nos poupar algum tempo! - Então, dirigindo-se diretamente a Daniel, ele continuou: - Caso você não saiba Daniel, depois do que aconteceu entre nós, a minha mãe fez da minha vida um inferno! Eu tive que confessar para o eu pai o que havia ocorrido e ele me puniu severamente! Eu estou falando de agressão física e psicológica! Depois daquele dia, eu fui obrigado a ir todos os dias à igreja e era continuamente punido em casa. Então, certo dia, a minha mãe teve uma ideia que talvez pudesse me "curar"... uma coisa que durou alguns anos, até que eu pudesse fazer algo em relação a isso!
- Eu não sabia... O que ela fez Lucas? - Disse Daniel, com um aperto no peito.
- Ela... ela me fez ter relações com ela, de modo que eu pudesse "aprender" o que era de fato que eu deveria desejar em outra pessoa... - Lucas não olhava nenhum dos outros rapazes nos olhos. Com a cabeça baixa e os olhos encarando a mesa, ele continuou: - Primeiro ela me fez tocá-la e, com o passar dos anos, ela me obrigou a manter relações sexuais, de fato, com ela.
- Isso é terrível Lucas - exclamou Enzo.
- Quando eu completei doze anos - continuou Lucas, ainda sem fazer contato visual com Enzo ou Daniel - Eu contei isso para a minha professora e ela disse que poderia me levar a uma pessoa que faria isso parar! Eu aceitei, mas não sabia que a próxima coisa que eu veria era a minha mãe sendo presa! Depois disso, a família da minha mãe nunca mais falou comigo, pois eles diziam que eu era um mentiroso e um filho ingrato, além disso, eu passei a viver sozinho com o meu pai, o qual começou a beber muito, a ponto de se tornar um alcoólatra! Ele me agredia quase todos os dias e, logo, também passou a abusar sexualmente de mim dos doze aos quatorze anos, quando eu fui hospitalizado devido a lesões causadas por uma das mais violentas agressões físicas que ele havia me infringido naqueles dois anos. Depois disso, o meu pai perdeu a minha guarda e eu nunca mais o vi. O Serviço Social da cidade tentou me colocar junto com os meus familiares, mas nenhum deles me queria, então eu acabei em um abrigo para adolescentes que sofreram abuso! Lá, eu conheci uma terapeuta ocupacional que trabalha com esse público e ela me contou sobre a profissão dela! Desde então eu sonho em ser um terapeuta ocupacional e é por isso que eu estou aqui agora! Mas, como você pode ter percebido Daniel, a minha vida se tornou um inferno, só porque você queria "brincar" no banheiro!
- Lucas... - Daniel estava sem palavras. Ele não conseguia imaginar o que dizer para alguém que havia sofrido tanto e que, aparentemente, o culpava por isso - Eu sinto muito que você tenha passado por isso! Mas eu não fazia a menor ideia do que tinha acontecido com você desde que a Rita foi embora de casa!
- Eu também sinto muito Lucas! - disse Enzo - Isso que você passou deve ter sido muito difícil, assim como deve ser difícil para você falar sobre isso!
- Não, eu não tenho mais problema para falar disso! - disse Lucas com firmeza - Isso faz parte da minha história e as psicólogas e terapeutas ocupacionais do abrigo me ajudaram a elaborar isso de um jeito saudável.
- Bem... - disse Enzo, sem saber o que mais dizer - Já que você está bem com isso, então pode explicar, porque isso influenciou o seu atendimento comigo?
- É simples! - disse Lucas, encarando Enzo - Nesses anos de terapia, eu nunca realmente falei do Daniel, então nunca elaborei a raiva que eu sinto por ele! No primeiro dia de atendimento, eu estava muito animado por que tinha finalmente te conhecido! Sabe, você é uma inspiração para mim! Ousar daquele jeito em frente de toda a universidade, mesmo sabendo que estava sujeito a preconceito! Mas depois, eu percebi que a pessoa com que você protagonizou o beijo que tanto me inspirou era a pessoa que, praticamente, arruinou a minha vida! Então, eu não posso te atender Enzo, porque eu não tenho certeza se vou ser totalmente imparcial durante as nossas sessões! Eu ainda te admiro, mas realmente o fato de você estar ligado ao Daniel não é um bom fator para uma possível relação terapeuta-paciente entre nós! Isso é tudo o que eu tinha para falar, eu espero que tenha esclarecido as coisas entre nós.

Assim, Lucas saiu da "Snacks" sem dar nenhuma chance para Daniel ou Enzo fazerem qualquer outra pergunta. Enzo havia ficado chocado com o que havia ocorrido na vida de Lucas e ele podia ver nos olhos de Daniel que ele estava devastado com as acusações que o rapaz havia feito. Naquele dia, Enzo havia descoberto o mistério por trás de Lucas, mas ele estava incerto se ele realmente queria estar ciente de todos os fatos que o rapaz compartilhou com ele. Ele e Daniel estavam perplexos com o modo como Lucas conversara com eles, tanto que, depois de saírem da lanchonete, os dois seguiram para a casa de Enzo em completo silêncio dentro do carro, pois, na verdade, não sabiam como elaborar o modo como se sentiam em relação à série de atrocidades que acontecera com Lucas.

sexta-feira, 12 de dezembro de 2014

Amor Crudo (Amor Crudo)

Amor Crudo (Amor Crudo), 2008


Neste curta, Jeremías (Valentino Arocena) e Iván (Juan Felipe Villanueva) são melhores amigos que estão vivendo os últimos dias de aula, por isso passam o dia todo juntos até que as férias cheguem e eles tenham que se separar. Durante esse período, é possível perceber a mistura de emoções e os segredos que permeiam o estreito limite entre amizade e amor.

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terça-feira, 9 de dezembro de 2014

Capitulo 6 - Revolução: Pasine

A casa de William e Tomás não era longe da praça onde eu estava, então, em questão de segundos, eu adentrei o local e encontrei William. O meu irmão estava deitado em uma mesa, a qual estava rodeada de pessoas. Eu imediatamente notei o motivo do pânico na voz da pessoa que e alertou sobre William, afinal ele estava bastante pálido, o que indicava grande perda de sangue, e havia uma enorme atadura em volta do seu estômago, a qual estava ensanguentada, portanto, provavelmente, ocultava um grande corte nessa região. Assim que cheguei perto de William, eu disse:

- O que aconteceu William?
- Oi irmão... que bom te ver de novo! Bem, isso é um efeito colateral da nossa conquista...
- Como assim?
- Bem... nós chegamos em um vilarejo a oeste daqui. A princípio, nós achamos que era um vilarejo pacífico e indagamos sobre a lealdade deles a Conde Rafael. Porém, infelizmente, aquele era mais uma base do seu tio, de modo que eles nos atacaram e surpresa ao tomarem conhecimento das nossas intenções. Para resumir, houve uma batalha e eu acabei sendo ferido por uma espada... Mas, para compensar, nós ganhamos a batalha, aprisionamos os derrotados e o guerreiro que empunhava a espada já não está nesse mundo.
- Mas você vai ficar bem William?!
- Vou sim irmãozinho! Eu só preciso de alguns dias para me recuperar! De qualquer modo, eu fico feliz de ver que você se preocupa comigo!
- É claro! Você não pode chegar, me dizer que é meu irmão e então me deixar!

Eu e William riamos do meu comentário quando Tomás chegou no local, extremamente alterado. Porém, depois que o próprio William explicou que estava tudo bem, ele ficou mais calmo.

- Não faça mais isso! Eu não posso chegar de uma missão e descobrir que o meu marido está ferido! Assim eu vou ter um ataque do coração qualquer dia!
- Fique tranquilo! Eu ainda estou aqui! Além disso, você prometeu me amar na saúde e na doença, lembra?
- Sim, eu lembro perfeitamente Sr. William!

Depois desse breve susto, Tomás e o resto do último grupo que havia partido para o sul, infelizmente, relataram que o vilarejo no qual eles haviam estado não era aliado de Conde Rafael, porém eles não queriam participar de nenhum tipo de aliança com o nosso vilarejo. Assim, apesar de algumas pessoas terem sido feridas nas missões, o nosso saldo foi bastante positivo, pois agora tínhamos dois novos vilarejos aliados e um outro dominado pelos nossos guerreiros.
Depois dessas missões exploratórias, William levou algum tempo para se recuperar, porém, assim que possível, ele voltara a treinar os nossos novos e antigos guerreiros. Ele, Raul e Tomás realizaram um excelente trabalho e militarizar o nosso vilarejo, além disso, novas missões exploratórias e de aliança foram realizadas com a ajuda de todos o que agora se identificavam como finnelianos ou aliados do nosso povo. Bernardo também continuou na sua função de construtor, já que o constante fluxo de pessoas pelo nosso vilarejo exigia constante modificação da infraestrutura e, principalmente, construção de novas casas.
Desse modo, aproximadamente três meses se passaram, nos quais Finnel prosperou e se expandiu bastante. Muitos dos vilarejos concordaram em se fundir a Finnel, embora alguns tenham preferido se manter autônomos e apenas estabelecer alianças comerciais ou mesmo na luta contra Conde Rafael. Casas e campos de treinamento floresceram por toda a extensão do original vilarejo de Finnel e também dos vilarejos que se fundiram a ele. Nossas alianças comerciais também prosperaram bastante e as nossas conquistam estavam nos fazendo cada vez mais fortes. Algumas pessoas até passaram a se referir a Finnel como um novo reino, mas nós tínhamos consciência de que nós ainda precisávamos nos fortalecer muito para sermos considerados um verdadeiro reino. Porém, em certo momento, eu e o resto do grupo de planejamento sentimos que Finnel, aparentemente, estava preparado para um outro grande passo em nossa jornada:

- Então vocês concordam que nós estamos preparados para um ataque direto ao reino do meu tio?
- Definitivamente, Felipe! Pasine é um reino extremamente militarizado, mas eu acho que nós conseguimos evoluir bastante nesse sentido durante esses últimos meses!
- Isso é verdade Felipe! Eu acho que nós estamos preparados! Além disso, nós precisamos aproveitar que o seu tio, aparentemente, não sabe da nossa expansão para realizar um ataque surpresa! Se nós esperarmos mais para fazer isso, talvez possamos perder o elemento surpresa!
- O Raul tem razão! Nós nos expandimos bastante durante esses meses e é impossível que isso não seja notado em breve por alguém que seja aliado do seu tio!
- Isso faz sentido! Bem, nós precisamos comunicar às pessoas do nosso vilarejo que isso vai acontecer em breve então! Precisamos enviar mensageiros às outras partes do vilarejo também!
- Posso solicitar a algumas pessoas do meu grupo para se encarregarem dessa parte!
- Perfeito Tomás, então você fica responsável por isso! Eu fico responsável por comunicar isso oficialmente para os moradores daqui! Quanto aos demais, organizem os grupos de vocês para solicitarem aos moradores o comparecimento à praça central ao meio dia.

Ao meio dia, eu comuniquei aos moradores do nosso vilarejo que dali a sete dias nós partiríamos em direção a Pasine, o reino do meu tio, para realizar um ataque direto. Todas as pessoas, apesar de surpresas e um pouco apreensivas, demonstraram apoio à nossa decisão. Além disso, vários homens se deslocaram em direção aos outros vilarejos componentes de Finnel, os quais, possivelmente, também concordariam com a ofensiva. Depois do pronunciamento, eu me reuni com o grupo de preparação de comida, o qual estava sendo liderado por Hugo:

- Bem, nós estamos com problemas com alguns suprimentos, os quais deveriam ser repostos urgente, ou então teremos que racionar a comida! Aqui está a lista!
- Obrigado Hugo, eu vou enviar um grupo para conseguir estes suprimentos com os nossos aliados assim que possível! Agora, mudando de assunto, como você está? Eu ando tão ocupado, que nunca mais nos falamos!
- Ah, eu estou bem Felipe! Obrigado por se preocupar! Obrigado também por ter me deixado continuar no vilarejo e ser meu amigo, mesmo depois de... você sabe, depois do que eu fiz...
- Que isso Hugo! Eu não tenho qualquer poder para te expulsar do vilarejo, já que você contribui com a nossa sociedade! Além disso, eu não guardo mágoas e espero, de verdade, que você encontre alguém que te faça feliz!
- Muito obrigado Felipe! Você é uma ótima pessoa!

Depois disso, eu tive outras reuniões com outros grupos do vilarejo, o qual é composto por vários grupos operacionais, os quais são interdependentes. O grupo de preparação de comida, por exemplo, realiza essa tarefa para apoiar e nutrir as pessoas que trabalham em outras tarefas no vilarejo. Além disso, este grupo também distribui diversos suprimentos para os moradores que prepararam suas próprias refeições. Os nossos suprimentos, atualmente, provêm tanto da nossa própria produção como de outros vilarejos que nos fornecem produtos ou serviços em troca de outros produtos/serviços.
No fim do dia, eu estava cansado, como usualmente acontecia. Porém, eu jamais deixaria isso influenciar o meu tempo com Bernardo. Naquele dia, nós havíamos resolvido ir até uma cachoeira perto do vilarejo, assim, quando eu cheguei em casa, eu indaguei:

- Os cavalos estão selados?
- Não meu amor! Eu... você se importa se nós não formos hoje à cachoeira?
- O que? Claro que não! Eu também não estava tão afim! Eu estou tão cansado hoje!
- Eu também! Nossa, veja só o que nós nos tornamos! Parece que estamos casados há décadas e nós ainda nem nos casamos propriamente!
- Bem, eu acho que nós estamos tendo uma experiência de uma vida inteira, então nós temos o direito de nos sentirmos cansados!
- Bem, amanhã nós completaremos cinco meses de "casados", então o que acha de nós diminuirmos a nossa carga de trabalho e fazer um piquenique próximo da cachoeira?
- Soa perfeito! Você sempre tem boas ideias!

Nós realizamos o nosso piquenique no dia seguinte e tudo pareceu perfeito. Nós passamos a tarde conversando à beira da cachoeira, comemos deliciosos aperitivos generosamente doados por Hugo, nos refrescamos na água, nos beijamos e tivemos momentos intensos. Eu desejava que aquela tarde nunca tivesse fim, pois, de certa forma, eu sabia que dali a seis dias tudo em nossas vidas iria mudar.
Nos dias que se seguiram, nós recebemos respostas positivas dos outros vilarejos em relação à ofensiva contra Pasine e, na manhã do sétimo dia depois do meu pronunciamento, nós partirmos em direção ao reino do meu tio. Apesar de nós dizermos que o ataque era direto, na verdade a nossa estratégia consistia em infiltração discreta nos domínios de Pasine, para podermos, idealmente, surpreender e dominar o exército de Conde Rafael.
Pasine ficava a norte de Finnel e a viagem duraria, em média, quatro dias. Nós usamos cavalos para realizar a viagem e, no primeiro dia, nós seguimos as trilhas que passavam pelos nossos vilarejos aliados ao norte, de modo que não precisaríamos nos preocupar em passar por um vilarejo aliado de Conde Rafael e arriscar perder nosso elemento surpresa. Ao fim do primeiro dia, nós descansamos em um desses vilarejos. Houve uma breve ceia, porém todos foram dormir cedo, pois seguiríamos viagem ao amanhecer do próximo dia. Durante o segundo dia de jornada, Raul aproximou o seu cavalo ao meu e disse:

- Oi Felipe! Eu não tive a oportunidade de agradecer pelo conselho que você me deus há alguns meses atrás, mas fico feliz em dizer que ele me ajudou a encontrar outra pessoa, com a qual eu consigo ser eu mesmo e que me ama!
- Nossa! Isso é muito bom Raul! Quem é?
- Paulo, do grupo de construção de casas!
- Ah, que bom! Aquele rapaz enorme que trabalha com o Bernardo?
- Exatamente! Inclusive foi o Bernardo quem nos apresentou formalmente! Você sabe que eu não conheço mais todas as pessoas que vivem no nosso vilarejo, mas eu não pude deixar e notá-lo!
- Nem que você quisesse! O rapaz é bem maior que você, e olha que você já é bem grande comparado a mim! Bem, enfim, fico feliz que você esteja amando novamente! Que dessa vez dê tudo certo!
- Que assim seja! Bom, era isso o que eu tinha para dizer! Eu quero que você saiba que eu sou muito agradecido pelo seu conselho! Às vezes, tudo o que uma pessoa precisa é receber um conselho sincero.
- Que bom que isso te ajudou! Fico muito feliz por você!

Ao fim do segundo dia, nós tínhamos alcançado, tecnicamente, a fronteira de Finnel, já que nós estávamos no último vilarejo que fazia parte da nossa recém-criada sociedade. Nos dias seguintes, nós estaríamos viajando em terras totalmente desconhecidas. Assim como no outro dia, houve uma breve ceia e eu realizei um breve discurso encorajando as pessoas que estavam na missão. Depois disso, a maioria das pessoas foi dormir, mas eu ainda queria conversar com Bernardo:

- Amanhã nós teremos que ser muito cautelosos durante a nossa jornada!
- Eu sei, mas eu tenho certeza que tudo vai dar certo e nós vamos conseguir chegar a Pasine!
- É... O problema, na verdade, é o que vai acontecer lá! Bernardo, se algo acontecer, eu quero que você saiba...

Ele não deixou que eu completasse a frase. Sem hesitar, Bernardo me beijou e tocou o meu corpo do modo como só ele faz. A despeito de seu porte, Bernardo sempre é preciso em seu toque, pois ele não é bruto e nem delicado demais. A suavidade do seu toque me faz esquecer do que eu queria dizer e eu simplesmente me deixo envolver em seus braços. Depois de longos e maravilhosos momentos em seus braços, entre beijos e carícias, Bernardo me disse:

- Nós não precisamos pensar no que vai acontecer daqui a dois dias! Apenas saiba que eu te amo e que nada vai nos separar! Nem mesmo se o pior acontecer, por que você tem um lugar permanente aqui.

Bernardo guiou a minha mão direita em direção ao lado esquerdo do seu peito. Sentindo o seu coração pulsar, eu adormeci em seus braços. No terceiro dia, um dos homens que fazia parte do vilarejo no qual nós havíamos pernoitado nos guiou. Este homem estava acostumado a viajar em direção ao norte, devido aos anos em que ele partiu do seu vilarejo em direção a Pasine, para realizar trocas comerciais. Nesse sentido, ele era a pessoa mais indicada para guiar o nosso grupo. Durante a jornada, eu aproveitei que a liderança estava parcialmente nas mãos de outra pessoa, para confirmar os detalhes do plano de invasão com Tomás e William:

- Então nós vamos nos dividir na fronteira de Pasine, de modo que pequenos grupos vão adentrar o reino nestas carruagens carregando baús contendo as nossas armas, as quais, entretanto, estarão misturadas com suprimentos, supostamente, destinados a serem trocados no mercado do reino.
- Certo! O resto das pessoas entrará no reino como meros comerciantes que desejam realizar algum tipo e troca no mercado. Os grupos com as armas devem encontrar um local adequado para nós nos encontrarmos. Essa é a parte mais crítica do plano, já que nenhum de nós jamais esteve em Pasine, porém, assim que eles encontrarem tal local, devem enviar mensageiros para os demais, os quais estarão de fato aguardando no mercado de trocas do reino.
- Isso! Então, assim que todos os nossos guerreiros estiverem armados e preparados, nós invadiremos o castelo de Conde Rafael e, com a ajuda dos céus, dominaremos o seu exército!
- Bem, pelo menos nós temos um plano! De qualquer forma, a nossa causa está evoluindo e, aconteça o que acontecer, nós faremos a diferença daqui a um dia.

A paisagem, progressivamente, começou a mudar durante aquele dia. Nos domínios de Finnel e um pouco mais ao norte, a paisagem consistia, predominantemente, em planícies e florestas pouco densas, Porém, conforme nós avançávamos em direção ao norte, o relevo mudou para planaltos, montanhas e florestas que pareciam não ter fim. Na noite do terceiro dia, nós acampamos em uma clareira, sendo que a nossa ceia foi mais breve e escassa em relação à realizada no dia anterior. A paisagem parecia anunciar que as coisas seriam bem diferentes dali para frente.
No amanhecer do quarto dia, todos pareciam sentir a importância do que estava para acontecer. Assim, eu fiz um breve discurso motivacional e então nós partimos em direção a Pasine. Após algumas horas de caminhada, nós enfim chegamos ao nosso destino e, diferente do que eu imaginava, Pasine era um lugar muito bonito. A paisagem tornava o reino do meu tio muito sedutor e aparentemente acolhedor, o que destoava bastante do seu governante.
Assim que nós nos aproximamos da entrada do reino, nós nos dividimos em grupos. Desse modo, cada grupo, com um intervalo de alguns minutos entre eles, adentrou a cidade carregando vários baús em carruagens, conforme nós havíamos planejado. Alguns guardas estavam na entrada do reino e, superficialmente, inspecionaram as nossas carruagens. Porém, a despeito dos nossos temores, todos os grupos foram bem-sucedidos em adentrar o reino. Posteriormente, o resto dos nossos homens adentrou a cidade em grupos ainda menores de, no máximo, quatro pessoas, até que, finalmente, todos nós tínhamos adentrado Pasine, o reino de Conde Rafael.
Eu e o resto das pessoas que adentraram a cidade como meros comerciantes nos dispersamos pelo mercado de trocas de Pasine, a fim de esperar pelo sinal dos grupos que carregavam o nosso armamento. Nós estávamos visivelmente separados, porque não queríamos chamar a atenção, mas nunca deixávamos de notar os movimentos uns dos outros, a espera de visualizar quando uma das pessoas do outro grupo fizesse contato com alguém que estava no mercado. Além disso, eu e algumas das pessoas que estavam presentes no dia da conquista de Finnel estávamos utilizando disfarces, para evitar sermos reconhecidos. Porém, o meu disfarce me pareceu insuficiente quando, em um momento de distração, eu esbarrei com o meu tio:

- Olhe por onde anda, seu imbecil!

O meu disfarce, assim como a minha voz, pareceu sumir diante da ameaça de ser reconhecido por Conde Rafael. Porém, rapidamente, eu me obriguei a recuperar a minha habilidade de falar e, a invés de gritar que nós estávamos ali para acabar com ele, eu disse ao meu tio:

- Eu peço o seu perdão meu rei!
- Hum... tudo bem! Suma daqui! E jamais diga que eu não sou uma pessoa generosa!

Eu me afastei o mais rápido possível do local e, logo em seguida, encontrei Bernardo, que estava em um dos grupos de armamento, o qual me disse:

- Meu amor, aconteceu alguma coisa? Você está pálido!
- Agora está tudo bem! Mas eu acabei de encontrar o meu tio! Nós precisamos sair daqui! Vocês já encontraram um bom local para nós nos prepararmos para a invasão?
- Já meu amor! Vamos, rápido!

Os grupos se reuniram em uma parte do reino no qual não havia muita circulação de pessoas naquele momento. Assim, nós rapidamente nos munimos com diversas armas e planejamos adequadamente a próxima parte do nosso plano, o qual segundo Raul, era:

- Bem, nós vamos nos dividir em quatro grupos: dois irão adentrar o castelo e atacar as alas leste e oeste; dois irão atacar os guardas localizados na entrada do reino; o outro grupo irá especificamente procurar Conde Rafael, entendido?

Todos assentiram sobre a compreensão do nosso próximo passo. Então, depois que todos os grupos estávamos prontos, nós começamos a nos dirigir para os nossos locais de ataque. Porém, antes que isso acontecesse, eu incentivei os nossos guerreiros bradando:

- VIVA A HOMOREVOLTA! SALVE FINNEL!

Assim, com o mesmo espírito de justiça que nos levou a atacar o vilarejo de Finnel, enquanto este ainda era uma base de Conde Rafael, nós corremos em direção ao nosso novo desafio: conquistar a principal base do meu tio e, dessa forma, acabar de uma vez por todas com a brutalidade com a qual ele combatia a homossexualidade.

sexta-feira, 5 de dezembro de 2014

Capítulo 2 - A Lenda do Homem de Fogo (Cont.)

A avó de Saulo compartilhou com os elementais a seguinte história:

- Este mapa vai guiar vocês ao longo de uma caverna situada a alguns quilômetros dessa cidade. Durante muito tempo as pessoas desse local tiveram medo de chegar perto desse local, por causa das histórias sobre uma criatura de fogo que devoraria qualquer pessoa que se aproximasse da caverna. Besteira! Eu estive lá quando era uma pequena garotinha e explorei o local. Nada aconteceu! Além disso, alguns cientistas também exploraram a caverna recentemente e nada lhes aconteceu. Porém, de fato, o meu neto me disse que algo aconteceu quando ele e algumas das aberrações que ele chamava de amigos entraram lá. Segundo ele, o local aparentemente reage somente a aberrações como vocês, e pode de fato ser muito perigoso! O meu neto chegou aqui com feridas, escoriações e queimaduras que só são vistas em guerras. É claro que ele se recuperou, como sempre, mas isso levou mais tempo do que o normal e alguns dos amigos dele não retornaram de lá.
- Mas o que aconteceu?
- Não me aborreça com as suas perguntas. Isso é tudo que eu sei! - disse a senhora impacientemente - Aqui está o mapa! Agora saiam da minha casa!

Os elementais saíram da casa da avó de Saulo confusos, porém decididos a encontrar o local referido no mapa como "Monte Castillo". Todos pareciam um pouco desconfortáveis depois do que a senhora havia dito, porém Ethan tentou animar os amigos sobre a missão:

- Vamos lá pessoal, nós estamos tão perto de desvendar o mistério dessa tal lenda sobre o homem de fogo!
- O Ethan tem razão! Nós podemos fazer isso e enfrentar quaisquer que sejam os possíveis perigos que nos aguardam dentro da caverna!

Ainda que receosos, os elementais concordaram em seguir a jornada para o Monte Castilho. Desse modo, eles voltaram para a mini van e seguiram o caminho indicado no GPS para chegar até a tão aguardada caverna. Porém, depois de 10 minutos de viagem, o carro foi inesperadamente atingido, então capotou e, finalmente, permaneceu imóvel na beira da estrada. Quando Ethan abriu os olhos, ele escutou uma voz conhecida:

- Eles chegaram muito longe! Nós precisamos eliminá-los agora!

O rapaz tentou, discretamente olhar ao redor, pretendendo encontrar os seus amigos. Porém, o rapaz viu que o carro estava a alguns metros de distância de onde ele estava e Oliver estava inconsciente ao seu lado, além disso, a cabeça e o corpo de Ethan doíam muito, então ele não conseguiu realizar muito movimentos para encontrar o outros elementais, de modo que ele apenas permaneceu de olhos fechados e pensou no seu próximo movimento. Nádia, a quem pertencia a voz que ele conhecia tão bem, estava pretendendo matar ele e seus amigos! Ele não poderia deixar aquilo acontecer, então ele tomou uma medida desesperada:

- Se alguém vai morrer hoje, será você Nádia! - disse o rapaz enquanto rapidamente se levantava e, com corpo totalmente em chamas, corria em direção à elemental do gelo, a qual foi surpreendida quando Ethan a agarrou firmemente.
- O que você está fazendo?! Você é louco? O seu poder está consumindo o seu corpo! Você vai morrer desse jeito idiota! - disse Nádia, tentando contrapor as chamas de Ethan com neve, mas sem sucesso.
- Eu sei... mas você vai morrer comigo! Eu sei que, por ser a elemental do gelo, o seu corpo é sensível aos meus poderes! Principalmente quando eu estou usando todo o poder com o qual Flamus me abençoou!
- Ethan! - gritou Oliver, ensanguentado, cheio de escoriações e com o braço direito em um ângulo estranho, o que indicava uma possível fratura ou deslocamento - O que você está fazendo?
- Oli! Você... está vivo! - exclamou Ethan, com um grande sorriso no rosto - Desculpa, eu preciso fazer isso! Nós estamos fracos demais e eu preciso garantir que essa louca nos deixe em paz!
- Não Ethan! A gente precisa de você!... Eu preciso de você!
- Escuta o garoto! - disse Nádia, já bastante debilitada devido à intensidade das chamas emanando de Ethan.
- Mas eu preciso! - disse Ethan, olhando para Oliver, com lágrimas escorrendo em sua face - Oli, eu te amo!
- Eu também te amo Ethan! - disse Oliver, o qual também estava chorando - Escuta, você não precisa fazer isso sozinho! Deixe-me lhe ajudar!
- Como?!
- Apenas confie em mim! Diminua a intensidade dos seus poderes e se cure das queimaduras! Eu posso lidar com ela!
- Tudo bem! - respondeu Ethan, diminuindo as chamas em seu corpo, ao mesmo tempo em que Oliver prendeu Nádia em um sólido bloco de gelo, no qual ela permaneceu imóvel, como uma estátua.
- Eu não sei quanto tempo posso aguentar, mas acho que será suficiente para que você descanse! Então nós poderemos resolver isso juntos! Tudo bem?
- Sim! Obrigado Oli! - disse Ethan, com um meio sorriso no rosto. O belo sorriso do rapaz contrastava com as enormes queimaduras em seu corpo, as quais ele estava tentando, com muito esforço, curar.
- Não adianta tentar! - disse Oliver, olhando para Nádia, que tentava se movimentar dentro do bloco de gelo - Eu posso estar fraco, mas você está mais fraca do que eu!
- Solta ela! - disse o elemental da eletricidade, o qual lançou um raio em Oliver, que foi jogado alguns metros para trás.
- Deixe ele em paz! - gritou Oliver, lançando uma rajada de fogo em direção ao adversário.
- Deixa ele comigo Ethan! - disse Themba, envolvendo o elemental da eletricidade em uma caixa de pedra - Você já fez o bastante! - O rapaz tocou no ombro do amigo e sorriu. Apesar de fraco e com vários arranhões pelo corpo, Themba parecia bem melhor do que os dois rapazes - Oliver, você consegue segurar essa mulher um pouco mais? Os outros estão vindo em breve!
- Eu acho que sim - respondeu Oliver, levantando-se e reforçando o bloco de gelo, o qual já estava se decompondo e libertando Nádia - Ela não vai a lugar algum! Mas onde estão os outros?
- Eu não sei o porquê, mas apenas você e o Ethan foram trazidos para cá - respondeu Themba - Os outros estão próximos do carro, lutando contra uma outra mulher. Esse lunático estava com ela, porém ele viu o que estava acontecendo aqui e correu para ajudar! Bem, vocês também têm amigos, então eu vim dar reforço! Embora vocês já tivessem tudo sob controle aqui!

Aproximadamente, meia hora se passou desde a intervenção de Themba na luta de Ethan e Oliver contra Nádia. A elemental do gelo ainda tentava lutar contra Oliver, porém ela estava muito debilitada devido ao ataque de Ethan. No entanto, Oliver também estava debilitado e queimaduras começaram a aparecer em seus braços, ao que ele reagiu:

- Themba! Eu acho que não consigo mais segurá-la!
- Você não precisa mais Oli! - disse Ethan, o qual estava curando as suas lesões enquanto os outros elementais usavam seus poderes para imobilizar Nádia e o elemental da eletricidade - Deixa comigo!
- Obrigado Ethan! - respondeu Oliver ao cessar o reforço ao bloco de gelo que prendia Nádia, ao mesmo tempo em que Ethan conjurava chamas ao redor da elemental do gelo.
- Eu provavelmente não posso segurá-la por muito mais tempo também, mas eu acho que sei o que eu preciso fazer! Dessa vez sem tentar me matar ao longo do caminho! - O rapaz restringiu as suas chamas para a face de Nádia, as quais a envolveram como um capacete. Além disso, ele conjurou chamas para ambas as mãos dela. Desse modo, Nádia não conseguia respirar ou conjurar qualquer poder por meio de gestos ou fala - Eu sei que isso é horrível, mas eu não posso deixar você machucar a minha família!
- Ethan, cuidado! Ela está sem ar! Ela pode morrer! - Gritou Oliver.
- Eu só quero enfraquecê-la!
- Ethan, eu acho que ela já está bastante fraca! Vamos apenas amarrá-la e...

Themba não pôde terminar a frase, já que Nádia caiu no chão. Ela estava desmaiada. Ethan não tinha planejado aquilo dessa forma:

- Eu não acredito! Será que... - disse o rapaz, abaixando-se em direção à elemental.
- кровь замораживания - disse Nádia, a qual aparentemente havia fingido o desmaio - Eu posso estar fraca, mas ainda tenho truques! - A elemental ria, enquanto Ethan agonizava no chão e cuja pele estava ficando progressivamente azulada, como se ele estivesse sufocando -  O seu sangue congelando nesse exato momento e não há nada que você possa fazer para impedir isso!
- Mas eu posso! - bradou Themba, porém Nádia também lançou o mesmo poder em sua direção e, em questão de segundos, Themba também estava agonizando.
- Isso é muito fácil! - disse Nádia em meio a uma risada - Agora só falta mais um!
- Nem tente Nádia! - disse Oliver com um sorriso no rosto - Eu sou um elemental do gelo e você vai precisar de muito mais do que esse truque para me vencer!
- Coragem é diferente de habilidade moleque! Você deveria saber disso!
- Ah, mas eu tenho habilidade Nádia! - Oliver movimentou as mãos e neve se formou no ar - Além disso, eu consegui descansar e você não! Você pode até ser melhor do que eu realmente, mas eu não vou deixar isso me fazer não tentar! - Ele lançou a neve dispersa em direção a Nádia.
- O que você está fazendo? - disse Nádia, rindo - Isso é insignificante e você sabe disso!
- Bem, a neve sozinha é insignificante, mas se ela vier em grande quantidade, ela pode ser extremamente potente! - Nesse momento a neve se concentrou nas mãos e cabeça de Nádia e, progressivamente, a neve começou a se solidificar em sólidos blocos de gelo. Assim como Ethan havia feito, ele prendeu Nádia apenas nesses locais.

Assim que Nádia teve as mãos e cabeça presos pelos blocos de gelo lançados por Oliver, Ethan e Themba pararam de agonizar e as suas peles progressivamente adquiriram a tonalidade normal. Assim, Themba retomou a sua posição, prendendo o elemental da eletricidade, que estava quase quebrando a caixa de pedra na qual Themba o havia prendido, a qual estava enfraquecida, já que Nádia o havia atacado. Enquanto isso, Ethan estava bastante furioso com Nádia, devido ao ataque surpresa, então bradou:

- Você merece isso! - Ele lançou labaredas de fogo em direção à elemental, porém, além de atingi-la, isso também derreteu os blocos de gelo feito por Oliver.
- Obrigado! - Nádia, inesperadamente, lançou uma estalactite de gelo, a qual atingiu Themba no peito - Eu ainda tenho truques! - Completou a elemental do gelo, rindo.

Nesse momento, Ethan e Oliver se mobilizaram para oferecer ajuda a Themba, enquanto Nádia tentava aproveitar a situação para escapar. Porém, mobilizados pela visão de Themba agonizando, Ethan e Oliver, ainda que não-premeditadamente, atacaram Nádia ao mesmo tempo. Ethan lançou novamente labaredas de fogo em direção à elemental, as quais pareciam mais intensas dessa vez e cobriram todo o corpo de Nádia. Enquanto isso, Oliver lançou uma forte tempestade de neve, as qual também envolveu o corpo de Nádia. Os poderes dos elementais do fogo e do gelo deveriam se anular mutuamente, porém, surpreendentemente, a tempestade de Oliver se materializou em uma cúpula, com aparência cristalina, a qual envolveu as labaredas de fogo de Ethan e as potencializou. Os dois elementais permaneceram, momentaneamente, sem reação devido ao resultado dos seus ataques e, antes que os dois pudessem desfazer a cúpula cristalina de gelo e fogo, Nádia caiu novamente no chão. Dessa vez, ela estava, de fato, morta.
Imediatamente, Ethan e Oliver correram para junto do corpo de Nádia e desfizeram a cúpula que a envolvia. O corpo da elemental do gelo estava totalmente queimado. Ethan não podia acreditar no que havia acontecido. O rapaz sentou no chão e adotou uma postura defensiva, na qual ele aproximou as pernas em direção ao peito e as abraçou com os dois braços, então disse:

 - Eu matei alguém! - disse o rapaz. Um silêncio profundo momentaneamente se estabeleceu no local, já que Ethan continuava sentado, em choque, e Oliver estava tentando curar o buraco no peito de Themba, causado por Nádia. Segundos depois, Ethan quebrou o silêncio: - Mas eu não quis matá-la!
- Calma Ethan... - disse Oliver, enquanto ainda estava concentrado em ajudar Themba - Nós apenas estávamos tentando evitar que ela nos atacasse novamente no futuro, o que ela provavelmente faria! Eu não sei o que aconteceu, pois, de qualquer modo os nossos poderes deveriam ter se neutralizado - completou Oliver - Mas não temos tempo para pensar nisso agora! Themba, vai ficar tudo bem, eu prometo! - Nesse momento, Themba estava, aparentemente, tentando dizer algo, porém ele apenas agonizava e respirava com dificuldade.
- Aquele negócio deve ter atingido um dos pulmões! - disse Themba, levantando-se e se juntando a Oliver ao lado de Themba - Se nós não conseguirmos curá-lo, ele pode...
- Não Ethan! Ele não vai! - Interrompeu Oliver - Eu só preciso me concentrar! Já que esse dano foi causado pelos poderes de um elemental do gelo, eu acho que posso curar isso! Mas eu preciso da sua ajuda Themba! Use os seus poderes para se curar, tudo bem? - Themba assentiu com a cabeça - Eu vou progressivamente diminuir esse objeto no seu peito, enquanto você tenta se curar! Ethan, eu preciso que você cuide do elemental da eletricidade, pois ele está novamente tentando fugir da caixa de pedra na qual Themba o prendeu! Nós não precisamos de mais nenhuma distração!
- Pode deixar comigo Oli!

Vinte minutos se passaram, nos quais Themba progressivamente recuperou as funções respiratórias e Oliver diminuiu a estalactite no peito do elemental da terra. Ao mesmo tempo, Ethan continuava mantendo um círculo de fogo ao redor da já bastante enfraquecida caixa de pedra feita pode Themba para prender o elemental da eletricidade. Assim que pôde, o elemental da terra disse:

- Oliver! Muito obrigado! Eu não conseguiria me curar se não fosse por você!
- Eu é que agradeço por você ter vindo nos ajudar Themba! - respondeu Oliver - Ethan, eu acho que nós já podemos libertar o sujeito na caixa, mas com muito cuidado!
- Eu também acho Oli! - disse Ethan extinguindo as labaredas, enquanto Themba desmontava a caixa de pedra.
- O que vocês fizeram? - disse o elemental da eletricidade ao olhar para o corpo carbonizado de Nádia - Assassinos!
- Isso foi um acidente! - disse Ethan, com firmeza - Mas se vocês voltarem a nos importunar, eu juro que isso vai acontecer novamente, mas de forma mais intencional!
- Isso não vai ficar assim! - disse o elemental da eletricidade, o qual correu até o corpo de Nádia, segurou-o em seus braços e então desapareceu em meio a uma série de descargas elétricas.

Alguns segundos depois, os outros elementais chegaram ao local. Ao ver o estado de Themba, Gabriela perguntou:

- Themba! Meu deus! O que aconteceu aqui?
- É uma história complicada! - respondeu Ethan - Mas agora está tudo bem! Mas e quanto a vocês, como estão?
- Está tudo bem agora também! - respondeu Sophie - Nós chutamos o traseiro de uma elemental do ar e estamos todos bem! A elemental já se foi, junto com aquele outro elemental que estava com ela!
- Bem, então não precisamos nos preocupar em sermos atacados nesse momento! - disse Oliver - Agora temos outra preocupação... como está o carro?
- Totalmente destruído Oliver! A elemental do ar estava usando ele de escudo e bem... ele não está funcionando... definitivamente!
- Que droga! - exclamou Ethan - E agora, como vamos chegar à caverna?
- Eu posso dar um jeito nisso! - o elemental assoviou e, em seguida, oito cavalos estavam correndo em direção aos elementais.
- Boa Marco!
- Isso mesmo! Valeu Marco! - reafirmou Oliver - Agora nós podemos seguir para a caverna!

Assim, os elementais trilharam os quilômetros restantes para chegar até o Monte Castillo. Quando chegaram ao local, eles seguiram as instruções no mapa, o qual os guiava para uma das entradas do local. Depois de percorrerem alguns metros dentro de um túnel, os elementais chegaram a um ponto em que a caverna se dividia em dois caminhos, porém, segundo as instruções no mapa, eles não deveriam seguir nenhum dos dois. Ao invés disso, um dos elementais precisava demonstrar os poderes exatamente no meio dos dois caminhos. Assim, Ethan se ofereceu, dizendo:

- Eu faço isso! - ele materializou uma chama ao redor do seu corpo. Imediatamente, uma espécie de porta se materializou no meio dos dois caminhos com a seguinte frase escrita: Seja bem-vindo elemental. Nenhum humano é permitido a partir deste ponto, pois não existe nenhuma humanidade neste local.
- O que ele quer dizer com "nenhum humano permitido"? - disse Gabriela - Nós podemos entrar ou não?
- O nosso maior problema não é esse Gabriela! - disse Sophie - Eu acho que deveríamos nos concentrar na parte que diz "sem humanidade"!
- Vocês são livres para ficar, mas eu preciso entrar nesse local, não importa o que aconteça!
- Não seja bobo Ethan! Ninguém vai te deixar entrar aí sozinho, certo pessoal?
- Claro! Eu só acho que devemos ser extremamente cuidadosos a partir deste ponto!
- É isso mesmo Ethan! Todos vamos com você!
- Sim!
- Claro!
- Sem dúvida!
- Por que estamos demorando tanto? Vamos logo! - finalizou Alba, entusiasticamente.

Dessa forma, os elementais entraram pela porta que os levava por um terceiro caminho dentro da caverna no Monte Castillo. Porém, para a surpresa deles, no momento em que eles adentraram o local, os seus corpos tomaram formas de pura energia, de acordo com os seus elementos.

- Meu deus! Então era isso que a mensagem queria dizer com "nenhum humano" - disse Ethan, que agora era um ser puramente composto de fogo. 

Dessa forma, os elementais tinham outro desafio. Como seguir pela caverna em grupo enquanto a intensidade dos poderes de um elemental poderia ser perigosa para os demais?