domingo, 10 de março de 2013

Capítulo 1 - Um Lugar Estranho Com Pessoas Acolhedoras (Cont.)

Poder tomar um banho, naquele momento, me permitiu pensar o quanto tudo aquilo estava sendo muito estranho e prazeroso ao mesmo tempo, afinal, me sentia como se realmente fizesse parte daquela família, apesar de conhecê-los a pouco menos de um dia.
Quando terminei o banho, quase que sincronizadamente, ouvi alguém bater na porta. Deduzi que fosse Bernardo, é claro. Ao abrir a porta lá estava ele com sua postura marcante, tão sorridente e jovial, com a toalha e as roupas de Luíz nas mãos. Peguei-as das mãos dele e agradeci, então ele se retirou e me deixou sozinho para que pudesse trocar de roupa no banheiro.
As roupas de Luíz couberam muito bem em mim, e regozijei por poder vestir roupas macias, cheirosas e que não estivesses rasgadas. Após terminar de me vestir, fui até a sala, onde encontrei Luíz e seu namorado novamente.

- Vejo que as minhas roupas te serviram bem Felipe!
- Sim, muito obrigado Luíz, me sinto renovado com estas roupas.
- Disponha, é um prazer ajudar. Mas me fala, ainda não lembrou como foi parar na Floresta do Leste?
- Não, é muito estranho, mas simplesmente não sei como acordei ali.
- Eu entendo. Mas você vai lembrar, eu tenho certeza.
- Assim espero. 

Enquanto tínhamos essa conversa, eu estava sentado em um sofá, enquanto Luíz e seu namorado estavam em outro. Posteriormente, Bernardo adentrou a sala e, como não havia lugar no outro sofá, ele se sentou ao meu lado. Nesse momento, senti algo diferente por ele estar tão perto de mim, pois percebi que era a primeira vez que ficávamos a uma distância tão curta, tanto que podia sentir o seu braço, bastante musculoso, tocar em mim, considerando-se que o sofá não era muito largo. Ao se sentar ele iniciou outra conversa.

- Luíz, você já apresentou o Henrique para o Felipe?
- Claro mano, estávamos até conversando tranquilamente aqui.
- Que bom. E você Felipe, se sente melhor depois de um bom banho e vestindo roupas novas?
- Claro Bernardo, estava até comentando que me sinto renovado.
- Fico feliz, espero que estejas à vontade. Não se preocupe com nada viu, meu pai disse que você pode ficar aqui o tempo que quiser, principalmente porque você não lembra como foi parar na Floresta do leste.
- Muito obrigado a todos você! Nossa, eu nem sei como vou retribuir toda essa gentileza.
- Você pode nos contar um pouco de você pra começar.
- Parece justo Luíz, o que vocês querem saber?
- Você tem família ou alguém mais te esperando em algum lugar?
- Olha, pra falar a verdade Luíz, apenas meus pais estão me esperando no lugar de onde eu vim.
- Não tens namorado lá?
- Não Luíz, sou um solteirão mesmo! E vocês a quanto tempo namoram?
- Eu e o Henrique namoramos há uns dois anos.
- Nossa, bastante tempo heim. E você Bernardo?
- Bom Felipe, eu, assim como você, estou solteiro. Ainda não encontrei alguém legal como o Luíz encontrou o Henrique.

Confesso que saber que o Bernardo estava solteiro mexeu bastante comigo, de uma maneira que nem eu mesmo compreendi totalmente até aquela altura. Um outro ponto é que, eu percebi que a homossexualidade, com certeza, não era um problema naquele contexto, aliás, não precisei de nenhuma explicação formal para entender que a minha orientação sexual, naquela casa, até quele momento, era efetivamente considerada normal. Bastante diferente da minha "realidade", onde o máximo que conseguiria nesse aspecto era um status de "aceitável", porém, jamais normal. Essa associação me deixou bastante feliz e cada vez mais encantado com aquele lugar.

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