- E ninguém conseguiu anotar a placa do carro? - perguntou o responsável pela Delegacia Seccional de Polícia de Lagoa Boa, onde os presentes no jantar ocorrido na casa de Enzo estavam registrando um boletim de ocorrência.
- Não - respondeu Roberto - quando eu corri para ver o que havia acontecido, o carro não estava mais lá! Os meus vizinhos alegam que era um carro preto... um Corsa talvez... mas estava com a placa coberta. Infelizmente, tudo o que sabemos é a cor e, talvez, a marca do carro.
- Isso não é nada bom! - disse o delegado - Sem muitas informações, não há muito que possamos fazer para ajudar... mas eu prometo que faremos o melhor para tentar solucionar esse caso o mais breve possível!
- Bem, muito obrigado... - disse Pedro, visivelmente desapontado - Eu acho melhor nós irmos embora, pois eu tenho certeza que todos estão cansados e, como o delegado disse, não há muito que possa ser feito.
- Eu realmente estou muito cansada - disse Maria - E imagino que todos também estejam famintos, já que não tivemos nem chance de tocar no jantar!
- Quanto a isso, não se preocupem, pois eu faço questão de levá-los até um bom restaurante - disse Pedro - Não vamos deixar que esse vândalo, seja lá quem for, estrague a noite! Afinal, não vamos esquecer que estamos celebrando algo muito importante - Pedro se interpôs entre Enzo e Daniel, abraçando-os - A união deste casal, que já passou por muita coisa junto e que, com certeza, merecem um jantar de noivado descente!
- Obrigado pai! - disse Daniel - O que vocês acham? Ainda estão com disposição para isso?
Apesar do visível cansaço, todos concordaram em sair para tentar completar a celebração do noivado de Enzo e Daniel. Como esperado, Daniel escolheu o "Ristorante Giovanna", visto que o local tinha a melhor lasanha da cidade, na opinião do rapaz. O restaurante estava localizado na zona norte, o que ficava a 50 minutos de carro da casa de Enzo, por isso eles se dividiram em dois grupos: os pais de Enzo seguiram com Pedro, enquanto Pietro e Guilherme acompanharam os noivos.
- Eu tenho certeza que vocês vão adorar o restaurante - disse Daniel, animado - Prometo que vai valer a pena nós sairmos de Lagoa Boa até a zona norte.
- Eu já estive na zona norte, mas nunca ouvi falar desse restaurante - disse Guilherme - Mas eu também não sou particularmente aficionado por comida italiana.
- Isso é porque você nunca provou a comida do Ristorante Giovanna - respondeu Daniel - Eles têm a melhor comida italiana e, especificamente, a melhor lasanha da cidade!
- Se o Daniel está dizendo, é porque deve ser verdade Gui - intrometeu-se Enzo - Acredite em mim, ele gosta muuuito de comida italiana! Principalmente de lasanha! Estou até cogitando apelidar ele de "Garfield"!
- Gostei do apelido! - disse Pietro rindo.
- Nem pensem nisso! - retrucou Daniel.
O jantar de noivado finalmente foi concretizado no restaurante italiano preferido de Daniel e como ele previra, todos adoraram a comida. Depois disso, Pedro e Daniel fizeram questão de deixar todos os outros em suas respectivas casas. Enzo acompanhou o noivo enquanto este levava Guilherme e Pietro até a zona sul de São Patrício, onde ambos moravam. Na volta para Lagoa Boa, que ficava na zona leste, Enzo comentou:
- Amor, você acha foi o Lucas quem fez aquilo?
- Eu não sei... - disse Daniel, pensativo - depois do que você me disse, isso faria muito sentido, mas também não podemos tirar conclusões precipitadas!
- Eu sei, mas... Eu tenho medo do que essa pessoa, seja o Lucas ou não, possa fazer daqui pra frente! - disse Enzo, em tom bastante sério - Amor, eu duvido que alguém que tenha se disposto a ir até a Lagoa Boa para jogar uma pedra na janela da minha casa vá parar por aí! Nós precisamos tomar muito cuidado, principalmente porque essa pessoa não pode ser um completo estranho, já que ela sabe onde eu moro, o que quer dizer que ela pode nos abordar em outros locais que frequentamos! Toma cuidado na volta para casa, tudo bem?
- Tudo bem amor, eu prometo que vou ficar atento!
Quando Daniel, finalmente, deixou Enzo em casa, já passava de duas horas e as ruas estavam relativamente desertas, principalmente na zona leste da cidade. O rapaz se despediu brevemente do noivo e rumou para casa. Porém, no caminho notou que há alguns quarteirões um carro estava seguindo a mesma rota que ele. Levando em consideração o alerta de Enzo, ele parou no meio-fio, na esperança de que ele estivesse apenas paranoico e de que o outro carro fosse seguir em frente. Felizmente, aconteceu o que ele esperava e, sentindo-se bobo por ter pensado que estava sendo seguido, ele continuou o caminho para casa.
No dia seguinte, Guilherme acompanhou Enzo até a consulta na Clínica de Reabilitação da UFTU. Enzo não viu Lucas durante a consulta e, quando indagou sobre ele para os outros estagiários, estes não souberam informar o motivo da ausência do rapaz. Depois da sessão, Enzo seguiu com Guilherme para a Snacks.
- Por que você estava perguntando sobre o Lucas hoje? - perguntou Guilherme.
- Eu preciso esclarecer ainda mais as coisas com o Lucas Gui! - respondeu Enzo - Eu estou em dúvida se ele é uma ameaça ou apenas alguém muito confuso!
- Bem, eu acho que você tem razão... Mas só uma pessoa muito boa como você para esperar que alguém que quase te matou seja apenas "alguém muito confuso"!
- Eu sei, eu preciso ser rancoroso e agressivo que nem você, certo?!
- Exatamente! Eu te garanto, toda essa demonstração de "masculinidade" deixa as pessoas excitadas! - respondeu Guilherme, com a sua caricata expressão sedutora.
- Gui, será que você consegue falar de algo que não seja você e as suas técnicas para seduzir outras pessoas?! - disse Enzo, rindo - Olha, eu vou fingir que você nem disse isso, para o bem do seu relacionamento!
- Eu estou brincando! Eu admiro muito que você seja assim! Eu sou incapaz de perdoar até a pessoa que não sai da minha frente na rua, quando eu estou com pressa!
- Ai Gui, você não existe!- É sério! Você é uma pessoa muito generosa! Isso é uma qualidade muito importante! Eu só fico preocupado, nessa situação, porque ele meio que já tentou te matar... mas eu espero, de coração, estar errado e que ele seja uma pessoa confusa, como você disse. Assim, quem sabe um amigo tão bom quanto você possa o fazer ser mais centrado e menos estanho...ou, você sabe... homicida!
- Obrigado Gui! Mas para de me elogiar, porque eu não quero ficar convencido igual a você!- Acho difícil! Mas eu vou continuar tentando te corromper!
Enquanto isso, Daniel estava saindo de uma aula na UFTU e estava a ponto de mandar uma mensagem para Enzo, a fim de encontrá-lo na Snacks. Porém, foi surpreendido por Lucas, o qual o abordou em um dos corredores da universidade.
- Daniel... Eu li a sua mensagem e... bem, eu queria muito poder me explicar...
- Eu não sei se eu estou com paciência para te ouvir agora Lucas... me desculpe, mas eu estou furioso com você e eu acho que não é a melhor hora para isso!
- Eu só preciso de 5 minutos... por favor!- Eu acho melhor você ter uma boa explicação Lucas! Você tem 5 minutos, que é o tempo que eu chego até a Snacks.
- Tudo bem... - disse Lucas, enquanto andava ao lado de Daniel pelos corredores da UFTU - Olha Daniel, eu... cara, eu nem sei o que dizer...
- Começou mal! - Interrompeu Daniel.
- Desculpe, você tem razão - respondeu Lucas - Eu vou direto ao ponto! Eu...por alguma razão estranha, estava com ciúmes da sua relação com o Enzo...
- Escuta - disse Daniel, parando - Isso ainda não é uma boa razão para o que você fez, então, se você realmente não tem nada melhor do que isso para dizer, eu acho melhor encerrarmos essa conversa!
- Por que você está me tratando assim Daniel? - disse Lucas, visivelmente surpreso - Eu achei que fôssemos amigos novamente!
- Lucas, você nÃO PODE - Daniel parou um instante, respirou fundo e continuou - Desculpe, eu não queria me exaltar... você não pode tentar matar o meu namorado e esperar que eu continue sendo seu amigo! Melhor dizendo, você não pode agir dessa forma com qualquer pessoa e realmente esperar que eu aja normalmente! Isso é algo muito, muito sério! Você tem muita sorte pelo fato de que o Enzo não vai prestar queixa!
- Lá vai você, novamente, fugindo de uma situação que você mesmo criou! - Lucas estava visivelmente irritado - Eu já devia esperar isso de você! Você vai se arrepender de entrar na minha vida de novo, só para poder me humilhar e me deixar sozinho, mais uma vez! - Dito isso, o rapaz virou as costas para Daniel e saiu andando, sem esperar resposta.
Daniel continuou o seu caminho em direção à Snacks, mas não conseguia tirar da cabeça o que Lucas havia dito e o modo como ele parecia, genuinamente, ferido pelo modo como havia sido tratado. Ao chegar à lanchonete, ele avistou Enzo e Guilherme conversando, o que o fez perceber que havia se esquecido de mandar a mensagem para o noivo.
- Oi amor! - disse ele, aproximando-se da mesa onde Enzo estava - Eu ia te chamar para almoçar aqui comigo, mas acabei esquecendo! Ainda bem que você está aqui!
- Gui, o que você acha? - respondeu Enzo, dirigindo-se a Guilherme - Devo perdoar o meu noivo por me esquecer dessa forma?
- Olha, tudo o que eu posso dizer é que eu jamais esqueceria de você assim! - respondeu Guilherme com um sorriso malicioso no rosto - Mas hoje em dia já não produzem namorados como antigamente!
- Em primeiro lugar, cala a boca Guilherme! - disse Daniel rindo - Em segundo lugar, você não é tão mais velho do que eu! Em terceiro lugar, eu tenho uma razão muito boa!
- Bem, nesse caso, vamos ouvir o que você tem a dizer e depois eu darei um veredito, com a ajuda do Gui! - disse Enzo.
Dessa forma, Daniel se juntou aos dois rapazes e, brevemente, contou sobre o que tinha acontecido mais cedo com Lucas.
- Meu veredito é absolvido! - disse Guilherme - Eu também ficaria fortemente perturbado pelo fato de alguém que tentou matar o meu namorado utilizar a palavra "arrepender" uma conversa.
- Sim! Totalmente absolvido! - acrescentou Enzo - O Lucas me surpreende mais a cada dia! Eu acho que ele precisa de ajuda profissional séria!
- Eu concordo! Eu sei que realmente o tratei de forma ríspida, mas ele agiu como se o que ele fez não tivesse qualquer relevância na conversa!
- Eu tenho uma sugestão - intrometeu-se Guilherme - Acho que vocês deveriam conversar com os colegas de classe dele! Talvez isso ajude a descobrir como ele age com outras pessoas! Aí poderemos dizer se ele é estranho só com vocês dois ou com todo mundo!
- Essa é uma ótima ideia Guilherme! - disse Daniel - Eu posso ir até o bloco dele no intervalo de alguma aula.
- Cuidado para ele não te ver e descobrir todo o nosso plano! - disse Enzo.
- Que plano amor?! - perguntou Daniel, confuso.
- Aquele que vamos bolar, já que agora vamos espionar o Lucas! Estou muito animado!
- Amor, você precisa para de ver filmes de espionagem! - acrescentou Daniel, rindo - Mas, mudando um pouco de assunto, o meu pai pediu para te dizer que vai contratar um detetive particular para investigar o que aconteceu na sua casa, pois ele não confia muito no trabalho da polícia nesse caso. Segundo ele, eles só iriam investigar o caso a fundo se alguém tivesse sido seriamente ferido ou se nós oferecêssemos pistas mais concretas que levassem ao autor do crime! Como esse não é o caso, eles provavelmente nem vão investigar nada.
- O seu pai está sendo tão generoso amor! - respondeu Enzo - Eu já agradeço muito o fato dele ter contratado um advogado para lidar com o processo contra o cara que nos atropelou e agora ele também vai lidar com isso!
- Sim! Isso é porque ele gosta muito de você amor! Quem diria né?!
- Eu acho muito legal que o seu pai tenha aceitado o, Enzo tão bem! - disse Guilherme - E, por falar no atropelamento, como anda esse processo?
- Eu acho que no próximo mês haverá uma audiência para decidir a pena - respondeu Daniel - O cara está sendo cooperativo e até tentou entrar em contato com o Enzo, mas o advogado nos aconselhou a evitar qualquer contato até o julgamento.
Os três permaneceram na Snacks, conversando sobre diversos assuntos, incluindo o "plano" de Enzo. Porém, Daniel precisou sair, pois teria outra aula no turno da tarde.
- Foi muito bom almoçar com vocês, mas eu preciso muito assistir essa aula! - disse ele, levantando-se.
- Por incrível que pareça, eu também apreciei a sua companhia Daniel! - disse Guilherme.
- Que bom, mas eu ainda não confio em você perto do meu namorado! - respondeu Daniel - Então não esqueça que eu estou sempre de olho em você! - Dito isso, ele inclinou-se em direção a Enzo e o beijou - Amor, depois da aula eu vou até a casa do Fábio, pois vai ter uma pequena celebração do aniversário dele. Você quer vir?
- Não amor, eu estou um pouco sem disposição para eventos sociais... Mas espero que você se divirta! Onde vai ser?
- Vai ser em Pirapora, então eu vou dormir por lá! Eu também estou sem disposição para eventos sociais, mas preciso me enturmar! - disse Daniel - Então eu te vejo amanhã, tudo bem?
- Tudo bem, cuidado na estrada! - alertou Enzo.
- Eu vou tomar sim! Afinal, eu acabei de noivar e não quero te deixar tão cedo! - respondeu Daniel - Bem, eu preciso correr ou vou chegar atrasado! Até mais!
- Não conta para ele, mas eu estou começando a simpatizar com o Daniel - disse Guilherme, depois que o rapaz tinha ido embora - Eu acho que ele te faz bem!
- Eu também acho que ele me faz bem - respondeu Enzo - Sabe, eu não achei que voltaria para ele, depois de, você sabe... todo aquele lance que rolou entre nós... Mas eu senti que deveria dar uma segunda chance a ele e, até agora, ainda me arrependi disso!
- Eu entendo - disse Guilherme - Essa deve ter sido uma decisão muito difícil, pois eu sei que você não perdoaria o que ele fez, a menos que você achasse que isso não é um padrão.
- Você me conhece muito bem Gui! De fato, eu não acho que isso seja um padrão que nos levará a uma relação abusiva, por isso voltei com ele! O Daniel é um ótimo namorado e uma boa pessoa, então eu acho que ele merece uma segunda chance! Porém, se eu estiver completamente enganado e ele se tornar abusivo dentro da nossa relação, eu o deixo para sempre e sigo com a minha vida! Sei que tenho bons amigos com quem posso contar para me apoiar!
- Espero que você não esteja enganado! Eu jamais quero te ver sofrer daquela forma novamente!
- Obrigado Gui! E por falar em relacionamentos, como andam as coisas entre você e o Pietro?
- Elas estão, surpreendentemente melhor! - respondeu Guilherme, animado - Eu já gostava muito dele antes de descobrir que tenho o HIV, mas agora eu nem sei expressar o quanto eu...
- O ama?! - disse Enzo, surpreso.
- Sim! Eu acho que o amo! - respondeu Guilherme, também surpreso - Meu Deus, eu o amo! Isso é... é tão estranho, eu acabei de perceber isso agora!
- Nossa! Quem diria Gui?! Você está apaixonado, de verdade, por alguém!
- Eu sei! Isso é tão estranho! - disse Guilherme, ainda processando o fato - Quero dizer, eu sei que eu gosto muito dele, já que escolhi namorar com ele, o que já é um grande passo! Mas eu não diria que amava todas as pessoas com quem me envolvi! Sempre foram casos muito mais físicos do que emocionais! E com o Pietro é justamente o contrário! O sexo é incrível, mas o que realmente me atrai nele é o modo como ele enxerga o mundo e como ele lida com as pessoas! Eu acho ele uma pessoa incrível e o modo como ele me aceitou só confirmou isso! Eu acho que estou ficando velho e quero uma relação diferente das que eu já tive até agora! Eu quero um companheiro de vida e acho que o Pietro pode ser essa pessoa!
- Você não sabe o quanto me alegra saber disso! Vocês dois são meus melhores amigos e eu fico muito feliz que as coisas estejam dando certo entre vocês!
- Eu também! - disse Guilherme, sorrindo - Eu confesso que não achei que a nossa relação fosse durar no começo! Eu gosto de passar o tempo ao lado dele, mas não imaginava que ia acabar me apaixonando!
- Eu tenho certeza que ele é a pessoa certa para te ajudar nesse momento tão difícil Gui! O Pietro é uma das pessoas mais sensíveis e companheiras que eu já conheci! Eu aposto, que apesar do choque inicial, o fato de você ter HIV não fez ele gostar menos de você!
- Eu concordo, ele vem me tratando como se nada tivesse mudado! - pontuou Guilherme - E quanto a você? Já pegou os resultados do exame?
- Ainda não - respondeu Enzo - Eu tinha até esquecido disso, depois de tudo o que vem acontecendo. Mas eu vou ligar para a clínica hoje ou amanhã.
Às três da tarde Guilherme deixou Enzo em casa. Enquanto isso, Daniel estava saindo da UFTU, em direção à sua casa e teve a impressão de ver o mesmo carro da noite passada bem atrás dele. Porém, novamente, o carro seguiu um caminho diferente do dele. Quando chegou em casa, o rapaz se arrumou de forma rápida e saiu em direção a Pirapora, que ficava a duas horas de carro de São Patrício.
Daniel não conhecia muitas pessoas na festa, já que Fábio era uma das poucas pessoas com quem ele falava na sua atual turma da faculdade. Às onze horas, apesar do que ele tinha dito a Enzo, ele decidiu que voltaria naquele mesmo dia para São Patrício, pois não estava se sentindo à vontade na casa de Fábio, que apesar de o ter recebido muito bem, não tinha lhe dado muita atenção durante a festa. Assim, ele rumou de volta para a sua casa, sem se importar com o horário, já que no outro dia, excepcionalmente, ele não precisaria acordar cedo, pois não teria aula.
A rodovia estava pouquíssimo movimentada naquele horário e, exceto por alguns caminhões que eventualmente cruzavam o seu caminho, Daniel estava sozinho na estrada. Porém, a partir de certo trecho Daniel notou um carro preto atrás dele e, novamente, o alerta de Enzo ecoou em sua cabeça. Desse modo, ele parou o carro no meio-fio, como havia feito na noite anterior. Entretanto, para a sua preocupação, o outro carro também parou e ele pôde notar que se tratava de um Corsa preto, cuja placa estava coberta. Assim, com o coração fortemente acelerado, ele ligou o carro novamente e voltou à sua jornada para casa. O outro carro, prontamente, começou a se mover de novo, o que confirmava as suas suspeitas de estar sendo seguido. Assim, Daniel pisou no acelerador e, enquanto isso, pegou o celular e discou para a polícia. Ele explicou o que estava ocorrendo e a provável rota que seguiria até a sua casa, que ficava na zona oeste de São Patrício. O rapaz tentou ligar para Enzo enquanto o Corsa preto continuava a segui-lo em alta velocidade, porém a ligação estava sendo encaminhada diretamente para a caixa postal. Em seguida, ligou para o pai, o qual atendeu apenas na segunda tentativa:
- Alô...
- Pai! Graças a Deus! Eu acho que tem alguém me seguindo! É um corsa preto e... pai?
- Daniel, a...ação...ruim...
- PAI! CONSEGUE ME OUVIR?!
- Agora sim. O que aconteceu meu filho?!
- Pai, eu acho que a pessoa que jogou a pedra na casa do Enzo está me seguindo! Parece ser o mesmo carro que os vizinhos descreveram!
- Meu Deus! Onde você está meu filho? Já ligou para a polícia
- Eu estou na Br pai! Eu já liguei, mas estou com medo de que ele faça alguma coisa antes de alguma viatura chegar aqui!
- Mas o que...
A ligação caiu e quando Pedro tentou retornar não obteve resposta. Depois de vinte minutos tentando ligar para o celular do filho, Pedro conseguiu falar com alguém, mas não era Daniel. Um policial estava falando do outro lado da linha e ele tinha péssimas notícias. Aparentemente, o carro de Daniel havia derrapado na estrada e ele havia desmaiado, por isso estava sendo levado para o pronto-socorro municipal. Mesmo extremamente abalado, Pedro orientou o policial a mandar a ambulância para o Hospital Ibero-Brasileiro, para onde ele se dirigira logo que desligou.
Quando estava a caminho do hospital, ele recebeu uma ligação de Enzo, o qual estava preocupado porque não conseguira falar com Daniel. Pedro informou ao rapaz o que havia acontecido e para onde o filho tinha sido levado. No hospital, ele teve outra surpresa ao encontrar Frida na recepção.
- Frida?! - disse Pedro, visivelmente surpreso - O que você está fazendo aqui?
- Seu Pedro - disse ela enquanto o abraçava - Eu estava dirigindo pela Br vi o carro da polícia. Eu estava em dúvida e não queria acreditar que pudesse ser ele, mas então vi o Daniel sendo retirado do carro!
- Você o viu? - disse Pedro alarmado - Como ele está?
- Eu o vi muito rapidamente, pois eles o colocaram na ambulância! Eu os segui até aqui e eles me disseram que não foi nada grave, eles só precisam fazer alguns exames para se assegurarem de que tudo está realmente bem como ele!
Pedro e Frida ficaram esperando, sem qualquer outra notícia, por meia hora, até que Enzo e os pais adentraram a sala de espera. Quando avistou quem estava ao lado do sogro, o rapaz ficou bastante surpreso.
- Frida?!
que belo texto! descobri seu blog hoje, surfando pela blogosfera! vou dar uma lida e me inteirar do que aconteceu antes na história... obrigado por compartilhar!
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