Capítulo 1 - A Benção dos Imortais

Uma vez a cada dez anos, desde o início dos tempos, crianças são escolhidas para serem abençoadas com os poderes dos imortais. Estes eleitos são denominado "elementais" e sempre exercem uma grande influência sobre a humanidade, ainda que, na maior parte do tempo, de modo anônimo.
Os oito grandes imortais originais são: Hídrina - patrona das águas, Géon - patrono da terra, Áeris - patrona do ar, Flamus - patrono do fogo, Florên - patrona das plantas, Gélim - patrono do gelo, Electris - patrona da eletricidade e Faunum - patrono dos animais. Além destes, existem outros imortais menores ou descentes que também abençoam humanos com o seu poder, porém, de modo seletivo.
Ciclicamente, os grandes imortais se reúnem em diferentes locais do planeta, para discutir as questões referentes à humanidade e, a cada dez anos, uma grande cerimônia, com a participação de todos os imortais, é realizada em um dos domínios de um grande imortal, que é o anfitrião da cerimônia denominada "Elementária", no qual os grandes imortais são obrigados a escolher uma criança para abençoar e os outros imortais menores podem expressar o seu desejo de escolher um elemental.
A elementária do ano 2001 foi realizada no mês de março, no domínio de Hídrina, que ofereceu o seu palácio subaquático no meio do oceano atlântico sul. Antes da escolha dos elementais, os imortais sentaram em uma grande mesa redonda para compartilharem as mudanças em seus domínios de poder, principalmente os menores, que não se reuniam com tanta frequência como os grandes. Após compartilharem informações e planejarem estratégias de ação para o próximo decênio, a grande mesa desapareceu e as cadeiras dos convidados foram direcionadas para uma extremidade da sala, na qual surgira um palanque, então a cerimônia finalmente começou com um discurso da anfitriã:

- Sejam bem vindos imortais! Espero que estejam apreciando a estadia no palácio do atlântico sul! Bem, não pretendo me deter em longos discursos, então somente queria ressaltar a importância dos elementais para assegurar o bem-estar e a prosperidade na Terra, portanto a essencialidade desta cerimônia que nós estamos realizando neste dia. Como anfitriã, eu começarei a minha benção...

Neste momento Hídrina desapareceu e surgiu um grande telão no palácio subaquático, no qual os imortais podiam vê-la batendo à porta de uma casa. Depois que um homem, aparentando ter cerca de 30 anos atendeu à porta e a deixou entrar, foi possível acompanhar um diálogo entre a imortal e o homem, que, em seguida, chamou a esposa para participar da conversa, na qual ela explicava que a filha deles seria abençoada com poderes do elemento água.
De um modo geral, todos os grandes imortais visitavam uma casa no dia da Elementária, para comunicar aos pais dos eleitos, que os seus filhos seriam abençoados com poderes dos diferentes elementos. Os imortais explicavam a importância dos elementais, os tipos de poderes que os seus filhos teriam conforme cada tipo de elemento, procedimentos para melhorar a aceitação e o desempenho das crianças no papel de elemental, solicitavam sigilo e, claro, ofereciam apoio até que os pais pudessem assimilar a ideia e efetivamente aceitassem a benção. Somente depois da aceitação dos pais, os imortais se dirigiam à criança e entoavam um canto, diferente para cada imortal, que significava a concessão do poder.
Praticamente todos os imortais escolhiam os seus elementais conforme o seu gênero, portanto, quase todos os elementais de água, ar, plantas e eletricidade eram mulheres e aqueles de terra, fogo, gelo e animais eram homens. Porém, eventualmente, ocorria de modo diferente, visto que cada imortal tinha liberdade para escolher o gênero do seu elemental.
Desse modo, os imortais se tornariam responsáveis por garantir a plena segurança da criança até a próxima elementária, ou seja, durante 10 anos, e, a partir daí os poderes começariam a se manifestar de modo sútil, até que, entre os 12 e 14 anos os poderes passariam por um aumento exponencial, quando as crianças se tornariam adolescentes e poderiam construir a sua identidade como um elemental, sendo que, nessa época, os elementais precisariam encontrar os seu imortal-patrono, para serem orientados e alcançarem o melhor potencial no uso dos poderes.
Naquele ano, somente os grandes imortais escolheram elementais, visto que os outros imortais não expressaram vontade de abençoar algum humano com os seus poderes. Portanto, a elementária do ano 2001 produziu 8 fortes elementais que protegeriam, de modo anônimo, o mundo contra qualquer ameaça:

Elemental da Água
Sophie Smith
Cidade Natal: Sydney - Austrália
D.N.: 15/02/2001
Histórico: A primeira manifestação dos poderes de Sophie aconteceu quando ela tinha 11 anos e derrubou água no chão. Antes de poder pegar um pano para secar ela percebeu que a água a estava "seguindo", então ela correu até a mãe, que lhe contou sobre os seus poderes e, desde então, ela vem tendo progressos no controle da água.

Elemental da Terra
Themba Mokoena
Cidade Natal: Joanesburgo - África do Sul
D.N.: 20/04/2000
Histórico: Durante uma brincadeira no quintal de casa, quando tinha 10 anos, Themba descobriu que poderia transformar um pouco de terra em uma pequena pedra e vice-versa. Os pais do garoto lhe contaram sobre a benção dada a ele, além disso, vêm ajudando o garoto a treinar para desenvolver esta e outras habilidades.

Elemental do Ar
Alba Hernández
Cidade Natal: Guadalajara - México
D.N.: 01/06/2000
Histórico: Aos 11 anos, Alba estava brincando em cima de uma árvore e, de repente, caiu, porém, antes de chegar ao chão, movimentou os braços e planou minimamente, o suficiente para evitar sofrer o impacto da queda. Quando ela contou o fato aos seus pais adotivos, eles não acreditaram, porém, a garota exercita secretamente os seus poderes e vem tendo grandes resultados, principalmente em levitação.

Elemental do Fogo
Ethan Miller
Cidade Natal: São Francisco - Estados Unidos
D.N.: 10/09/1999
Histórico: Quando tinha 10 anos, Ethan estava ajudando o pai a preparar o jantar e, quando pegou a caixa de fósforos, os palitos começaram a acender e a sua mão incandesceu, porém isto não injuriava a sua pele. O pai lhe explicou sobre a visita do imortal e, desde então, o garoto vem aprendendo a controlar o fogo.

Elemental das Plantas
Gabriela Rodrigues
Cidade Natal: Rio de Janeiro - Brasil
D.N.: 25/10/2001
Histórico: Quando tinha 11 anos, Gabriela estava cuidando das plantas no jardim de casa, quando percebeu que poderia influenciar as plantas a crescerem mais rápido e repelir as ervas-daninhas. A tia, para quem a mãe de Gabriela tinha revelado o segredo antes de morrer, lhe contou sobre a benção e lhe incentivou a praticar o controle das plantas, no qual ela já obteve progressos.

Elemental do Gelo
Oliver Fletcher
Cidade Natal: Birmingham - Inglaterra
D.N.: 05/08/2000
Histórico: Oliver tinha 10 anos quando, acidentalmente, congelou parte da água da pia do banheiro, enquanto escovava os dentes. O pai esclareceu os fatos para ele, com a ajuda da mãe, que lhe contou com detalhes a visita do imortal, que lhe concedera tais poderes. O garoto tem praticado o controle do gelo e vem tendo grandes progressos nas habilidades de (des) congelamento e modelação do gelo.

Elemental da Eletricidade
Cho Sasaki
Cidade Natal: Osaka - Japão
D.N.: 30/01/1999
Histórico: Quando tinha 10 anos, Cho estava ligando a televisão na tomada e viu uma pequena corrente elétrica se materializando ao redor do seu braço, mas sem qualquer efeito danoso. Os seus pais lhe contaram sobre os poderes que a imortal lhe concedera e sempre a ajudaram a desenvolver o controle da eletricidade de modo seguro, sendo que a garota teve um grande progresso ao longo dos anos.

Elemental dos Animais
Marco Montejo
Cidade Natal: Cidade de Belize - Belize
D.N.: 31/05/2001
Histórico: Marco tinha 10 anos quando, em um passeio com o pai a um santuário da vida selvagem próximo à sua cidade natal, conseguiu se comunicar com os animais. Apesar de ter levado um susto por eles o compreenderem, ele continuou conversando com eles durante o passeio, sendo que o seu pai, ao perceber o que o filho estava fazendo, lhe explicou sobre a benção recebida e o incentivou a desenvolver as suas habilidades, que têm progredido bastante ao longo do tempo.

20 DE OUTUBRO DE 2012, 16:32

Há dois dias Oliver teve uma grande surpresa, quando acordou no meio da noite e uma luz azul-esverdeada em forma de uma estrela de quatro pontas estava flutuando bem no meio do seu quarto. Antes que o garoto tivesse qualquer reação, a estrela desapareceu e um papel caiu no chão. Quando verificou o papel, Oliver encontrou a seguinte mensagem: Está na hora. Siga o seu caminho até mim. Gélim.
Apesar de ter ficado impressionado com aquele inesperado acontecimento, o garoto voltou a dormir e resolveu esperar até a manhã seguinte, quando contou aos pais o que acontecera e indagou o que Gélim, que segundo seus pais era o Imortal que lhe conferira poderes sobre o gelo, queria dizer com "siga o seu caminho até mim". Os pais dele se entreolharam, então a mãe tomou a iniciativa de explicar:

- Meu filho, há uma coisa que nós não mencionamos quando lhe contamos sobre os seus poderes há dois anos...bem, todos os elementais, que é como se chamam os abençoados pelos Imortais, necessitam de treinamento além do que nós, meros morais, podemos dar a vocês, para que possam aprender a controlar os seus poderes.
- Isso mesmo - completou o pai - E, segundo o que nos foi dito há 12 anos, quando Gélim nos visitou pela primeira vez, você deve seguir o seu sinal-guia até ele, que eu presumo ser a estrela que você viu ontem.
- Mas pai...mãe... - disse Oliver em pânico - nós não podemos sair por aí seguindo uma estrela até um lugar que nós nem sabemos onde é!
- Na verdade - O pai tentou ser o mais calmo possível - nós não podemos ir com você meu filho...Gélim nos disse para confiar que você estará seguro sozinho! Que ele vai protegê-lo!
- Como é?! - Oliver estava bem agitado - Vocês não vão comigo? Mas eu só tenho doze anos! Como vocês podem pelo menos pensar na ideia de me deixar sair sozinho numa jornada que talvez seja, sei lá, fatal!
- Meu amor - a mãe interveio - você não é como as outras crianças de 12 anos! Você pode congelar um lago inteiro se estiver com raiva! Além disso, é claro que não é fácil para nós! Não pense que não nos preocupamos com você! Mas nós temos fé em na proteção que Gélim prometeu lhe dar e, ainda que tenhamos levado 12 anos para nos sentirmos tranquilos quanto a isso, acho que chegou a hora de você começar a trilhar o seu caminho como um elemental!

A conversa se estendeu por longas horas até que Oliver estivesse convencido de que deveria sair sozinho de casa a procura de Gélim. Porém, finalmente, ele fora convencido da necessidade de sua jornada, então, com a ajuda dos pais, o garoto preparou alguns suprimentos para levar durante a viagem: roupas, comida, produtos de higiene e tudo o que fosse estritamente necessário.
Conforme o que os pais explicaram, Gélim lhes dissera que o seu sinal-guia iria aparecer sempre na mesma hora, até que o elemental do gelo o seguisse até ele, portanto, a família aguardou reunida no quarto de Olive até 01:05, a hora na qual a estrela de quatro pontas aparecera na noite anterior. Quando ela apareceu, os pais de Oliver, muito emotivamente, se despediram do garoto, que, conforme fora instruído,  deu uma amostra do seu poder (congelamento da estrela) como forma de confirmar para o sinal-guia que ele estava pronto para segui-lo.
Desde então, o garoto saiu de sua casa em Birmingham e tem seguido a estrela rumo ao norte, sendo que, no inicio da viagem, a estrela brilhou intensamente e um nome surgiu no ar: Manchester, então o garoto foi levado pelos pais até a estação rodoviária, onde pegou um ônibus até Liverpool e, depois, um trem para Manchester, onde chegou às 7:25.
Quando chegou à estação em Manchester, haviam várias pessoas circulando pelo local, mas ele pôde ver que a estrela estava camuflada em um cartaz afixado em uma pilastra, de modo que, quando chegou perto, ele viu que a estrela sublinhava um nome: Gimbsy, uma cidade na qual o cartaz anunciava que aconteceria um evento ao qual Oliver não deu muita atenção. Assim, o garoto embarcou em outro trem que iria diretamente para a cidade apontada e chegou lá às 10:35, depois de várias paradas em outras cidades da Inglaterra. No momento em que pisou na estação o garoto passou a procurar a estrela, porém, não a encontrou na estação de trem, então resolveu explorar a cidade, porém, não teve sucesso na busca até 12:00, quando já estava com fome e se sentou em um banco de um parque para tirar da mochila um lanche que a mãe preparara. Nesse momento, a estrela apareceu ao lado do garoto, que levou um susto, porém aguardou a próxima instrução enquanto comia, a qual foi mais complexa que as demais: Vá até as docas da cidade e me mostre o seu poder.
O garoto pediu informações para os habitantes locais sobre a localização das docas e conseguiu chegar lá após alguns minutos, porém, para sua surpresa, não havia ninguém o esperando como ele supunha, então pensou "para quem eu devo mostrar o meu poder então?", mas não precisou esperar muito tempo pela resposta, pois a estrela aparecera novamente e lhe transmitira a seguinte mensagem: não preciso estar ao seu lado para ver os seus poderes...os elementais do gelo, dentre muitas habilidades. podem congelar a água e fazer o seu caminho sobre ela...treine o congelamento da água para fazer caminhos sobre ela, então atravesse o Rio Humber e me encontre em Easington...PS: não se preocupe, pois eu cuidei para que nenhum mortal venha até esse local até as 16:30, então você tem esse tempo para sair daqui. Gélim.
O relógio de Oliver apontava 13:08 quando ele começou a praticar o congelamento da água, portanto ele tinha, aproximadamente 3 horas e meia para ter sucesso em sua tarefa, o que ele achou pouquíssimo tempo, visto que ele nunca congelara mais que alguns centímetros cúbicos de água e agora precisava congelar um rio bem largo e que estava, aparentemente, bastante agitado. Apesar disso, o garoto começou a praticar e, inicialmente, conseguiu apenas algumas plataformas de gelo, que eram levadas pela correnteza, então se concentrou e teve a ideia de dar forma ao congelamento: um ponte. Segundo o que Oliver pensou, as plataformas de gelo eram levadas pelo rio, porque não estavam fixadas em lugar nenhum, portanto, ele precisava criar o piso para atravessar o rio um pouco acima da superfície da água, por isso ele começou a tentar criar pilastras de gelo que pudessem ser fixadas no fundo do rio e, depois de ter criado duas pilastras na margem leste do rio ele as uniu com um piso de gelo e começou a caminhar sobre o rio, repetindo o processo por toda a sua extensão. Quando estava na metade do rio, Oliver estava com a sensação de que estava no limite de suas forças e, além disso, percebeu que já eram 16:15, o que lhe deixou aflito, pois ele precisava descansar, porém não poderia correr o risco de deixar alguém ver o que ele estava fazendo, por isso, descansou cinco minutos e depois continuou, até que, quando ele estava quase chegando à margem oeste do rio ele ouviu alguém gritando do outro lado do rio, de onde ele viera: - ei garoto! o que você está fazendo?
Nesse momento, Oliver olhou no relógio, que apontava 16:32, ou seja, ele estava atrasado para completar a sua tarefa e tinha sido visto, então, ao invés de continuar a construir a ponte, ele se concentrou em outra habilidade: descongelar a parte que ele havia construído na outra margem, a fim de que o homem que o tinha visto não o seguisse através de sua própria criação, o que este, de fato, estava a ponto de fazer. Depois da desfazer boa parte da ponte, ele continuou o seu caminho até a outra margem, com um forte cansaço e uma sensação de urgência, já que ele queria sair o mais breve possível daquele lugar, antes que alguém mais o visse, o que ele conseguiu fazer dentro de 10 minutos.
Ao alcançar a outra margem, o garoto, correndo em fuga, enviesou por várias ruas de Easington, que o levassem para longe do rio, até que, as coisas ficaram fora de foco e então tudo ficou escuro: ele desmaiara. Quando acordou, percebeu que estava em uma cama de hospital e a seu lado, estava a estrela de quatro pontas, que trazia outra mensagem: Parabéns Oliver! Você passou no primeiro teste para se provar um verdadeiro elemental do gelo! Muitas pessoas tentariam incansavelmente congelar toda a superfície do rio para criar um caminho até o outro lado, mas, com certeza falhariam, pois é uma habilidade que, por enquanto, ainda está acima dos poderes de um elemental sem treinamento...Mas você foi inteligente e usou a habilidade de dar forma ao gelo, que também é muito importante...além disso, soube usar a habilidade de descongelamento, que também é necessária...Estou muito satisfeito com as habilidades que me mostrou hoje Oliver, pois um elemental de verdade, além de ser um bom controlador de seu elemento, deve saber a maneira mais eficaz de utilizá-lo! Descanse, meu jovem, e amanhã continuaremos a nossa jornada...acho que você já fez o suficiente por um dia! PS: Tenha mais cuidado, pois depois de utilizar tanto poder, um elemental precisa de descanso e não pode usar a pouca energia que lhe resta em uma fuga desenfreada, senão o seu corpo não aguenta e desmaia, como ocorreu hoje! Amanhã, ninguém nesse hospital vai se lembrar de que você esteve aqui, porém não poderei fazer isso todas as vezes. Gélim.
Assim, Oliver, finalmente, pode descansar desde que saiu de casa, refletindo sobre tudo o que fizera naquele longo primeiro dia de viagem para um lugar que ele desconhecia, no qual Gélim, o Imortal do Gelo, estaria esperando por ele, para lhe dar um tipo de treinamento que ele não fazia a menor ideia de qual deveria ser, o qual o manteria afastado dos seus pais por um longo período, segundo o que lhe fora dito. Mesmo assim, ele não podia deixar de sentir, bem no fundo, que aquilo seria divertido, pois, pensando sobre o que acontecera no Rio Humber, ele nuca tinha se sentido tão forte e tão bem quanto no momento em que ele conseguiu criar aquela ponte de gelo e ele esperava ansiosamente pelas próximas "tarefas" que Gélim daria a ele.


06 DE NOVEMBRO DE 2012, 08:25

Há nove dias, Ethan não imaginava que estaria atravessando os Estados Unidos sozinho e nem que ele não teria para onde voltar depois que a sua jornada terminasse. Aquelas imagens ainda vinham à sua cabeça intermitentemente e nem mesmo o cansaço que o seu corpo sentia conseguia mudar o rumo dos seus pensamentos.
No dia 28, um domingo de outubro como outro qualquer, o garoto estava tendo bons momentos ajudando o seu pai, um dono de restaurante que adorava passar as horas vagas cozinhando com o filho, o qual tinha um jeito especial de ajudá-lo a preparar a comida: esquentando, tostando, torrando, assando e até mesmo flambando, a partir do poder sobre o fogo que ele descobrira possuir aos dez anos de idade. Porém, algo diferente aconteceu naquele dia, quando ao tentar acender a churrasqueira o garoto a explodiu com uma grande bola de fogo. Isto, com certeza, surpreendeu o pai, que exclamou:

- Ethan! O que...foi isso?!!
- Pai...eu não queria...eu não sei...
- Tudo bem, eu sei que você não queria. Você não se machucou, certo? - o pai o inspecionou de cima a baixo, e, exceto por cinzas vindas da churrasqueira em chamas, o garoto não tinha sofrido nenhum tipo de queimadura.
- Não pai, relaxa! Eu não me queimo, lembra?
- Tá certo, mas eu não posso deixar de me preocupar! Agora...Ethan, será que você poderia dissolver o fogo meu filho? Os vizinhos não vão gostar de ver essa fumaça toda!
- Ah...claro pai - O garoto ergueu ambas as mãos em direção ao objeto incinerado e as chamas que ainda estavam ativas voaram em sua direção e então se esvaíram.

Segundos depois um triângulo incandescente surgiu no chão próximo ao garoto, que já o conhecia e, de modo muito familiarizado, esperou por uma mensagem, que veio em seguida: Se você não seguir as minhas recomendações, coisas como essas se tornaram ainda mais frequentes. Um elemental do fogo sem treinamento pode ser um perigo para si e para aqueles que o cercam! Pense nisso. Flamus.
Quando tinha doze anos, Ethan vira o mesmo simbolo se materializar na sala de sua casa, enquanto ele assistia televisão, porém, naquela época, a usual mensagem lhe instruía a ir procurar pelo imortal que lhe concedera os seus poderes. Confiante de que ele conseguiria, com o auxilio do pai, controlar os seus poderes, o garoto não respondeu à mensagem, que aparecia sempre na mesma hora e local, com a mesma mensagem, desde aquele dia. Por isso, o fato do triângulo, simbolo de Flamus, mostrar outra mensagem, em horário e local diferentes, deixou Ethan e o pai preocupados. Diante disso, o pai do garoto imediatamente comentou:

- Ethan...eu acho que você realmente precisa ir...
- Não pai! Relaxa, eu só perdi o controle um pouco...preciso treinar mais meu autocontrole...mas não é necessário! - O garoto parecia decidido sobre aquilo, pois, de fato, o que lhe impedira de seguir as orientações de Flamus foi o pensamento de deixar o pai sozinho, já que este sempre dedicou a vida somente a ele quando a esposa morreu após o parto.
- Eu sei que você não quer me deixar sozinho meu filho, mas você viu o que Flamus escreveu...os seus poderes podem ser perigosos para você se não tiver treinamento!
- Mas pais...
- Não meu filho - o pai dele também estava decidido - É necessário! Amanhã, quando a estrela aparecer de novo, você vai segui-la até Flamus, conseguir treinamento e controle sobre os seus poderes, só depois você poderá retornar a essa casa, que sempre vai estar te esperando!

Mesmo após a afirmativa do pai, Ethan ainda tentou argumentar contra a partida de sua casa, porém foi veementemente convencido de que isto seria o melhor para ele. Naquela noite, ambos arrumaram mantimentos, roupas e outros artigos indispensáveis à jornada que o garoto enfrentaria, entretanto, quando tudo indicava que a viagem ocorreria bem, Ethan resolveu fazer um último apelo:

- Pai, eu não quero te deixar sozinho aqui! Não tem ninguém pra olhar por ti! O senhor passa o tempo todo no restaurante...quem vai cuidar dessa casa? Quem vai te ajudar?
- Calma filho - o pai do garoto pousou a mãe suavemente no seu ombro e afirmou decidido: - Eu vou saber me virar...eu também não quero que você vá meu filho...mas eu fui imprudente em te apoiar quando decidistes não seguir Flamus da primeira vez...você precisa ir...
- NÃO É JUSTO! - o garoto bradou - EU NÃO QUERO IR! POR QUE ESSE IMORTAL QUER AFASTAR DE VOCÊ PAI?

Sem perceber o garoto balançava os braços energicamente em meio ao seu acesso de raiva, porém, repentinamente, uma fagulha surgiu da ponta da sua mão direita, a qual começou a irradiar ao longo do braço até atingir todo o corpo. Ethan nunca se machucou com o fogo, afinal ele era um elemental, porém ele sentiu como se sua pele começasse a ser consumida pelas chamas e, no minuto seguinte, tudo ficou fora de foco até sumir.
Ethan acordou sobressaltado e as coisas ainda estavam fora de foco, porém, pelo som ensurdecedor de sirene, ele deduziu que estava em uma ambulância e havia alguém debruçado sobre ele. Ele tentou balbuciar algo, mas não conseguiu, pois antes de conseguir falar tudo sumiu novamente.
Na segunda vez em que acordou, novamente sobressaltado, ele já conseguia distinguir as formas ao seu redor e verificou que estava em um leito de hospital. Como se lembrasse de algo urgente, ele olhou a sua pele e constatou que ainda estava integra, apesar de recordar de uma dor excruciante antes de desmaiar. Este pensamento remeteu a outra questão: onde estava o pai?
A sua resposta veio em seguida, através de uma enfermeira, que parecia bastante satisfeita ao vê-lo consciente, já que, segundo ela, o garoto tinha dormido por três dias. Ao indagar sobre o pai, o Ethan teve o maior choque da vida ao saber que ele morrera em um incêndio acidental, cuja fonte ainda estava sendo investigada. Isto o levou a outro desmaio.
Quando voltou à consciência, Ethan não teve tempo de pensar sobre o que a enfermeira havia lhe dito, pois ele se deparou com uma figura bem incomum de pé ao lado do seu leito: um homem alto, aparentemente forte e com traços faciais rústicos, o qual vestia um sobretudo amarelo ouro e, o mais impressionante, o garoto poderia jurar que havia uma aura de energia ao seu redor, porém poderia ser algum efeito colateral do acidente ou de alguma medicação, pois as pessoas não saem brilhante por ai quando querem, pensou ele. A despeito da sua surpresa, o homem falou calmamente:

- Olá Ethan! Vejo que está...melhor!
- Err...quem é você? - perguntou o garoto, confuso pelo modo familiar com que o homem o tratava.
- Ora, você não reconhece aquele que lhe fez um elemental? - Falando pausadamente, o homem finalizou a frase com uma piscada.
- Você...você é Flamus?! - o garoto passou do choque à raiva em pouco segundo, então completou: - O QUE VOCÊ QUER AQUI? JÁ NÃO BASTA TER CAUSADO A MORTE DO MEU PAI?
- Ethan - retrucou o homem, ainda muito calmo - não fui eu quem causou a morte do seu pai - ele fez uma pausa, então continuou: - eu sinto muito por lhe dizer isso...mas você mesmo causou isso minha criança!
- CALA A BOCA! - Ethan iniciou um choro incontrolável, porém continuou bradando - EU NÃO SOU CRIANÇA! VAI EMBORA...ENFERMEIRA, ESSE HOMEM ESTÁ ME IMPORTUNANDO!
- Sinto muito Ethan, somente os elementais podem ver e falar com os Imortais. Nesse exato momento, as demais pessoas deste hospital, inexplicavelmente, tem um sensação de que não devem vir aqui!
- O que? - Ethan pensou sobre isso, então disse rispidamente: - O que queres? Vais me matar por não ter ido para o seu estúpido "treinamento"?
- Mas é claro que não - Flamus não perecia nem minimamente afetado pelas palavras de Ethan - Você foi o meu escolhido...veja bem, os elementais são escolhidos por predisposições que nós Imortais percebemos nas crianças que abençoamos, sendo que cada um é escolhido por possuir características dos elementos com os quais são escolhidos.
- E o que isso tem a ver comigo? - perguntou o garoto ainda irritado.
- Bem, olhe só pra você! Intenso, incontrolável e determinado, tal como o elemento com o qual foi abençoado, porém, por esse mesmo motivo, os elementais do fogo acabam sendo, digamos assim, "problemáticos". Bom, deixe-me ir direto ao assunto, é muito incomum que os elementais sejam visitados pelos Imortais antes de se provarem dignos de tal glória, porém o jeito usual, através dos nosso simbolo-guia, pelo visto não deu certo com você, então eu tive que vir até aqui para lhe advertir, novamente - Flamus ressaltou a última palavra - de que um elemental sem treinamento é muito perigoso para si mesmo e para aqueles ao seu redor! Infelizmente, quando eu cheguei à sua casa, no dia do acidente, eu não pude fazer nada pelo seu pai, porém consegui lhe salvar de ser consumido pelas chamas.
- Ah - Ethan lembrou da dor que sentiu no dia do incêndio - Mas eu pensei que eu não poderia ser machucado pelo fogo!
- Oh, não é bem assim. Preste atenção, vocês elementais são apenas abençoados pelos nossos poderes, porém ainda são mortais e não têm total controle sobre os seus elementos! Bem, é aqui que entra a importância do treinamento, pois através dele nós os ensinamos a ter o máximo controle possível sobre eles!
- Mas por que aconteceu aquilo? - Ethan parecia mais tranquilo, embora ainda preservasse o ar hostil.
- Há uma única situação que pode causar a morte de um elemental pelo seu próprio poder Ethan: Falta de energia causada por cansaço, fadiga e/ou estresse físico ou mental!
- Mas eu não...
- Você ia dizer que não estava cansado no momento do acidente? - interrompeu o Imortal - bem, vamos recapitular, você não queria deixar aquela casa e, por mais que seu pai lhe dissesse para fazer aquilo, você ainda se sentia angustiado por deixá-lo, não foi isso?
- Bem sim...mas...
- Deixe-me terminar Ethan! A angústia causa um estresse emocional tão grande que é como se, aos poucos, fosse cansando a nossa mente! Por que você acha que há tantos casos de pessoas que viram casos de psiquiatria devido ao estresse e às elevadas demandas cotidianas da sociedade? Você sucumbiu ao medo de perder o seu pai e, eu lamento em dizer, que foi isso que o fez perdeu o controle...
- Mas, como você me salvou então?
- Bem, quando um elemental perde o controle ele sucumbe aos efeitos do seu elemento, como qualquer mortal, porém em um ritmo mais lento, então, quando eu, para sua sorte, cheguei à sua casa, você estava no...meio do processo...digamos assim. Mas afinal eu sou o Imortal do fogo, então consegui reverter o processo a tempo, mas devo lhe advertir que, se você estivesse em um nível mais avançado, não haveria nada que eu pudesse fazer, então seja mais cuidadoso.
- Cuidadoso? - Ethan estava indignado.
- Sim, cuidadoso - Flamus falou de modo indiferente à indignação do garoto - vou lhe contar algo que deveria lhe ensinar só depois, mas não estamos em um caso tipico certo? Bom, eu vou lhe dizer como os seus poderes funcionam: cada Imortal insere um pouco da sua energia junto com a energia vital dos elementais, então elas trabalham juntas para você possam viver normalmente, com o aditivo de poder controlar um elemento especifico. Porém, esta é uma relação estável e, ao mesmo tempo, frágil, pois, caso a energia vital seja abalada por algum motivo, vocês irão sucumbir à energia elemental, tal como aconteceu com você!
- Ah, então isso funciona como Yin e Yang?
- Bem...esse é um jeito interessante de ver as coisas, mas, sim, pode-se dizer que elas funcionam dessa maneira. Agora preste bastante atenção ao que eu vou dizer, pois isso é o mais importante, a energia vital dos mortais pode ser perturbada quando há um esgotamento físico ou mental, e é isso o que pode causar a morte e um elemental! Entendeu agora?
- Sim, você injetaram um veneno em nosso organismo, que vai nos matar se nos ficarmos cansados!
- Ora, não seja bobo! Uma grande dádiva como a benção de um imortal não pode vir sem alguma fraqueza...ser um elemental é uma grande honra! Mas, se você não souber como usá-la a seu favor, realmente é uma grande maldição! Portanto, se você vier ao meu encontro,  eu prometo que posso tornar a sua momentânea perda em algo que seu pai iria se orgulhar?
- Como?
- Apenas venha ao meu encontro e você verá! Eu já passei muito tempo aqui, alias muito além do que deveria, mas eu repito: venha ao meu encontro e se torne grandioso, como o seu pai iria querer.

Flamus desapareceu bem diante dos olhos de Ethan em um labareda de fogo que deixou uma fumaça residual, a qual permaneceu alguns segundos no ar até desaparecer também. Em seguida, um triângulo incandescente, algo familiar a Ethan, apareceu em seu colo e, como esperado, mostrou uma mensagem:  Ethan, espero que reflita sobre o que eu disse. Se quiser me encontrar, mostre ao triângulo um prova do seu poder e ele lhe guiará. Flamus.
Ethan passou alguns minutos pensando sobre o assunto, durante os quais o triângulo, estranhamente, permaneceu em seu colo, o que lhe chamou a atenção, já que ele usualmente desaparecia em questão de segundos. Após longos minutos de reflexão, Ethan pensou o que eu tenho a perder?, então mostrou uma pequena chama ao triângulo que brilhou intensamente e deixou a seguinte mensagem: Vulcão Yellowstone.
No dia 06 de novembro, às 08:25 da manhã, Ethan chegou ao parque de Yellowstone, no estado de Wyoming, perguntando-se o porquê de Flamus o ter levado até aquele lugar e pensando se isso, realmente, era o que o pai dele iria querer, o que lhe causou uma forte sensação de aperto no peito e o fez desviar os seus pensamentos para a procura pela próxima pista que Flamus daria para lhe conduzir até o seu tão controverso treinamento.

07 DE NOVEMBRO DE 2012, 18:17

Há quatro dias Oliver recebeu da estrela de quatro pontas, característica de Gélim, o seu novo e, aparentemente, definitivo destino: Scafell Pike. Ao receber a mensagem o garoto se indagou sobre o porquê de Gélim o levar até o outro lado do país quando a montanha era bem mais próxima da sua cidade-natal, porém isso foi respondido pelo imortal, quando a estrela mostrou: Eu precisava saber até que ponto você poderia seguir os meus comandos e o quão forte você pode ser sem a ajuda dos seus pais, de modo que, se eu o mandasse imediatamente à minha casa na Inglaterra, a qual é convenientemente próxima à sua cidade, eu não conseguiria verificar esse fato. Porém, agora que você já me mostrou que pode ser forte sozinho, eu quero que venha até minha casa para darmos continuidade ao seu treinamento. Gélim
Com essa mensagem em mente, Oliver seguiu a sua viagem pela Inglaterra em busca do local onde o Imortal do gelo o treinaria para conseguir controlar os seus poderes e às 18:17 do dia 06 de Novembro ele alcançou o topo da montanha, na qual ele encontrou um imenso palácio de gelo, que, embora estivesse no início novembro, parecia ter um clima próprio, que divergia do  ameno outono que pairava sobre a região.
Antes que ele pudesse fazer qualquer outro movimento, uma figura emergiu do interior do palácio: um homem de altura mediana, porte atrético, pele branca, uma expressão suave no rosto , trajando um casaco azul escuro e que tinha minúsculos flocos de neve ondulando ao seu redor?. Este último fato surpreendeu Oliver, porém, logo em seguida, ele pensou que era de se esperar que o imortal do gelo tivesse algo desse tipo, embora fosse relativamente estranho.
Enquanto estava imerso nestes pensamentos, Oliver não percebeu que o homem tinha se aproximado dele e se assustou ao ouvi-lo dizer:
- Parabéns Oliver! Você conseguiu chegar são e salvo à minha casa!
- Obrigado...é, eu acho que sim!
- Bem, vamos entrar, nós precisamos conversar sobre algumas coisas...
- Ah, claro!

A despeito do clima aparentemente frio que um palácio de gelo deveria ter, Ethan não poderia estar se sentindo mais confortável quando entrou no local e Gélim, como se tivesse lido seus pensamentos, disse enquanto caminhavam:

- Você deve estar se perguntando o porquê de não estar sentindo frio em um lugar completamente feito de gelo certo?
- Ah...bem...sim. Por que?
- Ora, você alguma vez na vida se lembra de ter sentido frio?
- Bom...agora que você mencionou não mesmo! Mas qual a importância disso?
- Bem, caso não tenho notado, você não mora em um país tropical, então seria mais do que comum sentir frio! Mas, como você não é alguém, digamos, comum, você não tem essa sensação!
- Como assim?
- Bem, deixe-me clarificar as coisas: o seu corpo está acostumado ao frio como sua temperatura padrão. As suas células e o seu metabolismo estão vinculados a esse tipo de temperaturas mais baixas, então você não percebe que está em um clima abaixo de 0° aqui, embora esta seja a temperatura dentro deste palácio!
- Abaixo de 0?
- Sim! Um mero mortal entraria aqui e sentiria doer até seus ossos, porém você nem percebeu que houve uma mudança drástica de temperatura!
- Mas por que isso acontece comigo?
- Bem, você precisa desses, eu diria, ajustes para que seu corpo possa trabalhar como um receptáculo dos meus poderes.
- Hum, eu entendo...mas, se meu corpo funciona assim, o que aconteceria se eu fosse para um país tropical?
- Você é muito perspicaz, sabia Oliver?! Essa é uma excelente pergunta! Veja só como a minha benção lhe torna um ser extremamente singular...não acontece nada de diferente!
- Nada? Mas eu estava imaginando se o meu corpo não iria entrar em choque, já que ele precisa de uma temperatura baixa...
- Eu repito, isso é uma excelente pergunta e o seu raciocínio está certíssimo, porém, você ainda é um mortal e, quando vai para lugares quentes, o seu corpo simplesmente se comporta como um corpo humano e, nesse caso, você pode até sentir calor, mas nada fora do normal. Agora eu ressalto que o seu habitat são os lugares frios, pois lá o seu corpo é praticamente imbatível e você dificilmente perecerá pelas questões ambientais!
- Dificilmente?
- Sim, é justamente sobre isso que eu queria conversar, mas primeiro vamos sentar.

Ambos tinham agora acabado de entrar em um luxuoso salão, que, se não fosse pelo material utilizado (gelo), poderia se confundido com um salão de um rei mortal. Gélim mostrava a Oliver uma cadeira que compunha uma mobília toda feita de gelo, a qual tinha detalhes muito bem trabalhados, o que chamou a atenção de Oliver, que perguntou, após se sentar:

- Você fez tudo isso?
- Ora, mas é claro! O que foi? Um elemental não pode gostar de construir coisas de gelo requintadas?
- Isso é muito estranho, estes móveis são feitos de gelo, mas não derretem!
- Claro que não! As minhas criações só derretem se eu quiser, porque eu controlo as minimas moléculas que as formam e as deixo sempre em um estado sólido, até que eu queira que elas voltem ao estado liquido, o que já é um departamento de outra pessoa.
- Ah, entendi! Bom, de qualquer modo isso é incrível!
- Que bom que você aprecia o seu elemento, mas agora vamos ao que interessa: o primeiro passo do seu treinamento é entender a sua relação com o seu elemento, por isso eu vou lhe explicar a relação entre a sua energia vital e os seus poderes.

Após Gélim explicar a Oliver o equilíbrio entre energia vital e energia imortal, o garoto indagou:

- Então foi por isso que eu desmaiei quando cheguei em Easington?
- Precisamente! E eu tive que ajudá-lo, pois você se mostrou alguém realmente digno de ter recebido os poderes de gelo, pois você se parece com o seu elemento: pode ser agressivo se quiser, mas também pode ser flexível conforme a situação e, principalmente, é forte e resistente quando é necessário.
- Bem...obrigado Gélim - Oliver estava corado.
- Isso são qualidades extremamente necessárias ao elemental do gelo, que eu identifiquei como predisposições quando o escolhi há 11 anos e elas se confirmaram atualmente. Porém, ainda é necessário treiná-lo para que você não sucumba ao seu elemento, pois ele é implacável e nesse sentido que a sua resistência é mais importante.
- De que forma eu poderia sucumbir?
- Você sabe o que aconteceria se eu não tivesse lhe socorrido em Easington?
- Não!
- Bem, digamos que, repentinamente, uma estátua de gelo iria surgir bem no meio da cidade!
- Estátua?
- Sim, pois uma vez que a sua energia vital sucumba à energia imortal, você dificilmente consegue retomar o controle e o seu corpo seria lentamente consumido pelo gelo! E, como você não deve saber, pois é um elemental do gelo, o seu elemento causa queimaduras seríssimas em mortais.
- Eu ouvi algo a respeito.
- Mas não se preocupe, eu estou lhe falando isso apenas para que você saiba o que acontece, pois com o treinamento que você terá eu duvido que isto vá acontecer.
- Então, e agora? Como começa o treinamento?
- Agora, você vai descansar, pois não há necessidade de esgotar a sua energia hoje!
- Tudo bem.

Gélim indicou um quarto para Oliver, que rapidamente adormeceu sem nem mesmo pensar sobre o que ele aprendera naquele dia sobre os seus poderes.
No outro dia, Oliver acordou e ficou surpreso ao encontrar coisas que não eram de gelo na mesa do café-da-manhã, que era de gelo (claro!). Dispostos na mesa estavam diversos gêneros alimentícios para alguém que precisa de uma refeição reforçada. Quando o garoto estava se deliciando com a refeição, Gélim apareceu, dizendo:

- Acho que podemos começar o nosso treinamento Oliver -  Ele ainda estava vestindo o seu casaco azul escuro.
- Claro, vamos Gélim - Disse Oliver ao se levantou e pegar mais alguns doces da mesa.

Os dois caminharam pelas escadas do palácio até atingir um salão com uma abertura no teto, através da qual caiam finos flocos de neve. Oliver não entendeu o motivo de estarem ali, mas esperou até que Gélim se pronunciasse, tal como ele fez em seguida:

- Oliver, os elementais do gelo devem saber controlar principalmente duas habilidades: congelamento e modelação, nas quais, eu fico feliz em dizer, você já demonstrou grande habilidade. Porém, hoje nós faremos um treino exaustivo, no qual eu quero que você, primeiramente, treine o congelamento. Assim, a sua tarefa será deixar o meu piso totalmente sem nenhum vestígio de neve ao congelar estes flocos que estão caindo. Você está pronto?
- Err..eu acho que sim...
- Não se preocupe, é apenas um treino. Só não se esqueça de equilibrar as suas energias. Não se deixe sucumbir! Comece...agora! - Assim que o Imortal disse isso o piso ficou limpo dos flocos de neve que caíram previamente.

Oliver, inicialmente, teve sucesso em agrupar vários flocos um sólido bloco de gelo, porém, após 3 minutos ele já estava com aspecto cansado e, finalmente, gritou:

- Não aguento mais, minha pele está queimando! - Quando ele tocou em seu braço ele percebeu que algumas partes estavam vermelhas, como se tivesse caído água quente em cima.
- Deixe-me ver - Gélim olhou o braço de Oliver e passou a mão e cima da queimadura, dizendo: - uma pequena queimadura de gelo. Absolutamente normal meu garoto.
- Eu não entendo Gélim - disse Oliver ofegante - eu nunca me queimei com gelo antes.
- Ora, você sempre lidou com breves congelamentos da água, o que é a forma mais básica da tarefa, porém nunca efetivamente concentrou tanto poder para criar algo tão sólido como isso - o Imortal apontou para o bloco que Oliver acabara de formar - enquanto estava sob pressão e em tão pouco tempo. Veja o que aconteceu em Easington, você criou um ponte sólida, mas levou algum tempo para fazê-la e, mesmo assim, desmaiou depois.
- Bem, isso é verdade.
- Então, como você pode ver, você tem habilidade nesta tarefa, mas precisa treinar muito para se tornar mais forte e, principalmente, resistente. Sendo assim, vamos tentar novamente...agora! - Mais uma vez, em um breve movimento o piso estava livre da neve.

Dessa forma, Oliver continuou treinando e conseguiu manter o seu tempo de resistência entre 3 e 3,5 minutos neste primeiro dia. Depois do garoto ter tentado congelar a neve diversas vezes e tido tantas queimaduras de gelo quanto é possível, Gélim afirmou:

- Por hoje é só Oliver! - disse o imortal ao curar a queimadura mais recente do garoto, que prontamente se jogou de joelhos no chão.
- Já estava na hora!
- Você foi muito bem Oliver! Agora merece uma boa refeição e um bom descanso!
- É...eu acho que sim... - o garoto tinha uma expressão abatida.
- Não se preocupe, você vai melhorar com um tempo. Mas, sinceramente, para um primeira vez, você foi bem melhor do que outras pessoas que eu já treinei.
- Você só diz isso pra me animar!
- Não, é sério! Em 1772 eu treinei um garoto que mal conseguia formar qualquer coisa com a neve! Bem, ele virou um ótimo elemental, mas era péssimo quando chegou aqui! Então se anime e continue tentando!
- Quem foi o melhor elemental que você já treinou?
- Ah...err...bem, o nome dela era Nádia Ivanov, uma garota russa de Ulan-Ude, na Sibéria. Eu nunca tinha visto alguém dominar o gelo daquele jeito!
- Há elementais do gelo que são garotas?
- Claro! Na verdade foram apenas duas até agora, mas ambas foram excepcionais como elementais, sendo que, quanto à Nádia, ela conseguiu ficar uma manhã inteira nesta tarefa e terminar apenas com uma leve queimadura de gelo, com apenas 12 anos!
- Nossa! Ela devia ser incrível!
- Bem, ela era muito talentosa com a manipulação do gelo, provavelmente pela rigorosidade do clima onde ela vivia, porém, eu penso que também devido a isso, ela era pouco flexível, o que é essencial para um elemental do gelo!
- O que aconteceu com ela? e com os seus outros elementais?
- Ora, muitos já e foram, afinal vocês são mortais! Mas outros estão por aí fazendo jus ao treinamento!
- E quanto à Nádia?
- Oliver, eu acho melhor você ir comer alguma coisa! Você está bastante abatido!
- Tudo bem, eu vou! Mas - ele caminhou até o imortal e o abraçou - muito obrigado pela confiança Gélim, eu não vou decepcioná-lo.
- Ah...de nada! - Gélim foi surpreendido pelo gesto e lhe veio à mente a lembrança de uma garota, aparentando ter 16 anos, também lhe abraçando e agradecendo.

Assim, teve inicio o treinamento de Oliver, o mais novo elemental do gelo em fase de ascensão. Quando foi dormir, o garoto não conseguia parar de pensar no quanto ele queria ficar mais forte e mais habilidoso no uso dos seus poderes. Em meio a todos os pensamento, ele tentou imaginar como a garota chama Nádia conseguiu ser tão habilidosa com apenas 12 anos e ele imaginava se algum dia ele conseguiria ser tão bom quanto ela, agora que ele contava com um treinamento, que apesar de pesado, parecia muito eficaz para promover o aumento exponencial dos seus poderes. Além disso, ele refletia em como Gélim fora tão gentil, cuidadoso e atencioso com ele desde que ele chegara, tanto que o garoto já sentia um tipo de afeição por ele. Com estes pensamentos em mente ele, lentamente, adormeceu ansiando pelo próximo dia de treinamento, que o levaria a ser um elemental tão bom quanto Nádia Ivanov.

08 DE NOVEMBRO DE 2012, 16:07

Há dois dias Ethan vem treinando incansavelmente para atingir a meta que Flamus havia estabelecido para a primeira fase do treinamento: controlar um grande quantidade de lava do Vulcão Yellowstone, onde fica localizado o palácio de rocha ígnea do imortal.
O garoto já havia manipulado o fogo inúmeras vezes desde que descobriu os seus poderes, por isso o imortal estabeleceu que ele deveria aprender a controlar algo mais complexo, praticamente incontrolável e implacável, ou seja, a lava.
Neste período em que vem tentando controlar a lava, o garoto teve pouco progresso, pois a sua meta de desviar o fluxo da lava não vem dando certo e este sempre acaba submerso no material. Embora Ethan possua a habilidade dos elementais de fogo de resistir à combustão causada pelo contato com o fogo, isto não é tão efetivo nesse contexto, pois, devido à alta temperatura da lava e ao grande esforço exigido para resistir a ela, este acaba sofrendo queimaduras graves, as quais são rapidamente curadas por Flamus.
Somente às 16:07 o garoto conseguiu algum progresso, quando, efetivamente, desviou o fluxo da lava para ambos os seus lados e criou um "rasgo" no material, que fluiu durante cinco minutos sem tocá-lo, Porém, repentinamente, Ethan sentiu a pele fervilhar e manchas vermelhas aparecerem, então caiu no chão e foi envolto pela lava novamente.
Quando o garoto recobrou a consciência, viu Flamus ao seu lado e percebeu que estava deitado na cama que o imortal tinha lhe designado para dormir no palácio. Quando o viu consciente, Flamus imediatamente lhe disse:

- Eu já lhe disse para ter cuidado Ethan! Você excedeu as suas energias,! Quantas vezes vou ter que explicar o que acontece quando isso ocorre?
- Desculpa Flamus! Relaxa, eu sou só um garoto! Queria ver se estivesses no meu lugar! - Ethan tinha a habitual expressão de indignação no rosto.
- Como assim no teu lugar? - Flamus estava perplexo.
- Queria ver você sendo meramente um mortal com um poder tão grande para lidar e não um ser todo imponente como és!
- Agradeço o elogio! E eu entendo a sua dificuldade meu jovem, mas eu eu preciso lhe advertir disso sempre, afinal eu não vou estar lá toda vez que isso, eventualmente, acontecer no futuro! Então, ou você aprende a controlar os seus poderes ou eu vou ter que me contentar em perder um excelente elemental só porque ele não conseguiu se controlar!
- Você acha mesmo que eu sou excelente Flamus? Quero dizer, eu não consigo me controlar e ainda nem consegui passar dessa primeira meta! - O garoto rapidamente assumiu uma expressão, concomitantemente, de surpresa e contentamento.
- Mas é claro Ethan! Absolutamente! És um dos melhores elementais que eu já treinei e, para sua informação, esta é a segunda etapa do treinamento, mas para você é a primeira já que não há muito mais que eu posso lhe ensinar sobre controle do fogo simples.
- Sério? Então eu realmente sou bom?!
- Claro que sim!Só precisa treinar um pouco mais.
- Eu vou me esforçar ainda mais Flamus! Eu quero ser o melhor elemental do fogo que já existiu e... - a expressão de Ethan se tornou, repentinamente, pesarosa - também...também quero fazer algo que pudesse deixar o meu pai orgulhoso!

- Eu tenho certeza que ele já estaria orgulhoso de teres aceitado realizar o treinamento Ethan! - Flamus colocou a mãe na cabeça do garoto e bagunçou seu cabelo em um gesto de apoio e confortamento - aliás, eu acho que tem outra coisa que o deixaria orgulhoso também, o que me leva à outra notícia que eu tenho para te dar...
- O que é Flamus? Fala! - O garoto pulava de ansiedade.
- Bem, eu acho que temos a nossa primeira missão, se é que posso chamar assim...bem, deixe-me explicar: alguém acabou de criar uma cúpula de gelo em uma cidade da Sibéria e, geralmente, nós Imortais resolvemos essas coisas...porém, já que você tem demonstrado tanta destreza no uso do fogo, achei que poderia vir comigo e praticar um pouco. O que achas?
- Eu acho que estamos perdendo tempo! - O garoto pulou da cama - Vamos logo!
- É assim que um elemental do fogo deve pensar! Tentar usar a sua impetuosidade para algo produtivo! Gostei de ver! Então vamos!
- Mas como vamos chegar lá Flamus?
- Bem, eu geralmente me transporto através de combustão espontânea e me rematerializo no local onde eu quero, mas creio que isso seja muito avançado para você, então vamos utilizar a ligação geológica entre os vulcões e nos transportar até os Trapps Siberianos!
- O que é isso?
- É uma região de formação ígnea muito antiga da Sibéria!
- Mas como faremos para usar essa ligação geológica?
- Bem, é só você se concentrar no local onde quer ir quando estiver dentro da lava!
- Dentro da lava?!! - Ethan tinha empalidecido e agora suava muito.
- Não se preocupe Ethan, nada vai te acontecer enquanto estiver comigo, mas não tente isso enquanto estiver sozinho e ainda não tiver controle sobre a lava, tudo bem?
- Nem precisa mandar duas vezes!
- Certo, então vamos!

Os dois caminharam para fora do palácio e se debruçaram sobre a cratera, cujo fundo estava cheio de lava, então, antes de pularem, Flamus disse:

- Seguro no meu braço Ethan, eu preciso manter algum contato contigo, para que possas resistir à ação da lava.
- Certo! - o garoto prontamente segurou no braço esquerdo de Flamus, então ambos pularam em direção à lava.

Quando atingiram o material, Ethan sentiu como se estivesse acabado de mergulhar em um lago e, logo em seguida, sentiu como se uma forte corrente o puxasse. Esta se tornou cada vez mais intensa, até que ele começou a sentir um zumbido no ouvido, devido à grande pressão do fluxo. Segundos depois a velocidade diminuiu e eles emergiram em uma grade cratera feita de rocha ígnea. Prontamente Ethan disse:

- Nossa! Que experiência ao mesmo tempo assustadora e empolgante! Algum dia eu vou ser capaz de viajar assim Flamus?
- Claro Ethan! Mas eu confesso que você vai preferir utilizar a combustão espontânea, pois a lava é muito traiçoeira e mesmo um elemental bem treinado pode sucumbir a ela!
- Mal posso esperar para poder fazer isso sozinho!
- Impulsivo como sempre! - Flamus deu um risada longa, então disse: - Bem, agora vamos andando, porque ainda estamos relativamente distante de Ulan-Ude!
- Certo, e como chegaremos lá dessa vez?
- Bem, agora que já estamos perto, nós podemos utilizar a combustão espontânea!
- Como isso funciona? Nós vamos explodir?
- Não meu jovem, nós apenas vamos transformar as partículas do nosso corpo em energia, então vamos viajar rapidamente pelo espaço e então, vamos nos reconstituir no local onde queremos!
- Isso parece complicado!
- Não se preocupe, esse é um processo que dura pouquíssimos segundos e sou eu quem vai realizá-lo!
- Mas então por que não fizemos isso desde o começo?
- Porque eu preciso que, quando estivermos em forma de energia, você se mantenha concentrado no local para onde vamos e no desejo de permanecer em forma de energia! Qualquer pensamento fora esse pode te fazer se reconstituir parceladamente pelo caminho! Assim,  distância influência muito, porque o tempo de viajem é maior, principalmente quando teríamos que atravessar continentes para chegar aqui! Além disso, para um elemental do fogo, se concentrar é um ato que requer muito esforço, já que vocês são muito impulsivos!
- Ah...entendi! Certo, eu não quero minhas partes sendo materializadas pelo caminho!
- Muito bem, então mantenha em mente: Ulan-Ude e deseje de todo o seu coração que você permaneça em forma de energia!
- Entendi! Eu estou pronto!
- Então lá vamos nós!

Ethan viu uma labareda surgir das mãos de Flamus e envolvê-los, lentamente, em um redemoinho de fogo, então percebeu que seu corpo estava se desmaterializando de baixo para cima. Quando viu sua cintura ser desmaterializada ele sentiu novamente um fluxo que o puxava em alguma direção, então ele pensou insistentemente em Ulan-Ude e manteve em mente que queria permanecer em forma de energia. Segundos depois ele se viu de pé ao lado de uma casa toda coberta de gelo, acompanhado por Flamus e rodeado por uma fumaça que, rapidamente, se dissipou. Depois de se recuperar da experiência ele disse:

- Você não disse que seria rápido?
- Bom, eu queria te mostrar como "combustar", então eu fiz o processo de forma mais lenta que o normal, por isso você viu as suas partes se desmaterializarem! Mas eu te asseguro que isso não acontece!
- Espero que não, foi muito estranho! E o que é "combustar"?
- Eu imagino que sim! Ah, é um termo que um dos elementais criou para esse processo, para não dizer "entrar em combustão". Outro se referiu ao outro modo, como lavear, acredita? - Flamus ria simpaticamente enquanto falava.
- Gostei desses termos! Bom, eu achei, aparentemente, mais fácil lavear do que combustar!
- Isso é porque combustar exigiu uma atitude semi-ativa da sua parte, enquanto lavear pôde ser realizado inteiramente por mim, mas eu ressalto que lavear é, com certeza, muito mais perigoso!
- Enfim, pretendo aprender corretamente os dois!
- Que legal Ethan, eu estou gostando muito do seu empenho no treinamento, eu confesso que achei que você fosse ser outro problemático que eu teria que ensinar!
- E não sou?
- Para os padrões de um elemental do fogo? Você é quase um anjo - Flamus riu novamente.
- Sério? - Ethan se juntou à risada, então indagou - Seus discípulos eram tão ruins assim?
- Não me entenda mal, eles não eram ruins, apenas tinham um temperamento bastante dificil. Assim, treiná-los sempre exigiu de mim a habilidade de contornar essa característica! O que pode levar algum tempo, dependendo do caso. Mas eu sempre achei muito quando eu conseguia e me afeiçoei a praticamente todos os meus discípulos.
- Quase todos?
- Bem, digamos que os elementais não deixam de ser humano, então não podemos controlar as suas ações e nem de quem vocês gostam, então, algumas vezes, nossa relação acaba sendo somente de treinadores-discípulos e, quando vocês estão prontos, saem pelo mundo em busca de aventuras, sem nunca manter contato. Há também casos, em que o elemental acaba usando o treinamento e os poderes para algo ruim e/ou se voltando contra o seu próprio Imortal, como é o caso dessa pessoa que fez isso à esta cidade - Flamus estava apontando para algo que Ethan ainda não tinha percebido. Havia uma cúpula maciça de gelo envolvendo um ponto da cidade, na qual haviam pessoas congeladas em posições que evidenciavam o seu desespero e horror no momento do congelamento.
- Mas quem faria isso?
- Bem, foi uma elemental do gelo para quem o meu primo deu um treinamento de primeira qualidade, porém, ela se tornou tão poderosa que acha que pode fazer o que quiser com os poderes, até mesmo se vingar de algumas pessoas que lhe tratavam mal em sua cidade natal.
- Isso tudo foi só por vingança?
- Foi...ela era meio instável e o meu primo é um pouco coração mole, então não acho que ele tenha visto maldade nela durante o treinamento.
- Já está falando mal de mim primo? - Gélim acabara de se materializar bem em frente aos dois e, atrás dele, estava um garoto de 12 anos: Oliver.
- Estava apenas falando a verdade! Você é mesmo um coração mole!
- Se chama flexibilidade Flamus, mas não acho que você conheça essa palavra certo? Além disso, é justamente por eu ser um "coração mole" que eu continuo gostando de você! Agora dê um abraço no seu primo, que, diga-se de passagem, você não visita há muito tempo!
- Digamos apenas que eu não aprecio muito aquele clima onde você vive!
- Tampouco eu aprecio ter que ir até a boca de um vulcão para poder te ver, mas isso nunca me impediu - Nesse momento, Gélim notou a presença de Ethan, então disse: - Ah, suponho que este seja o seu atual elemental!
- Ah sim, este é o Ethan.
- Muito prazer Ethan - o Imortal estendeu a mãe em um gesto de cumprimento, ao qual Ethan retibuiu - Meu nome é Gélim e eu sou o Imortal do gelo! - Depois ele puxou Oliver para a sua frente e continuou: - E este é Oliver, o meu atual elemental! - os dois garotos apertaram rapidamente as mãos, enquanto Gélim ainda falava -  Espero que você seja tão talentoso quanto ele!
- É claro que ele é! Talvez até mais!
- Ora, você ainda não parou com essa sua mania de competir em tudo? Vamos ao que interessa,  aonde ela foi? - Gélim movia a cabeça freneticamente para observar o lugar.
- Aonde quem foi? - perguntou Ethan.
- Bem Ethan, como eu disse, quem fez isso foi uma elemental do gelo muito poderosa, que não teme nem mesmo os Imortais, então ainda deve estar por aqui - disse Flamus.
- Ela teria coragem de enfrentá-los? - disse Oliver, timidamente.
- Ah sim Oliver, não seria a primeira vez! - respondeu Gélim.
- Não que nós não possamos derrotá-la, mas o meu primo aqui não quer acabar com ela...ele acha que ela está com problemas e precisa de ajuda! - afirmou Flamus.
- Flamus, por favor, não faça nada contra ela, eu preciso conversar a sós com a Nádia para ver o que está acontecendo!
- Relaxa primo, eu não quebro as minhas promessas! Apesar de lamentar fazê-las - Flamus suspirou então disse: - Bem, o que faremos então?

Gélim não precisou responder, pois um bloco maciço de gelo atirado de trás de um a casa veio em direção a eles, o qual foi derretido por Flamus. Em seguida, uma moça aparentando ter 25 anos surgiu vinda do local de onde havia sido atirado o bloco de gelo. Ela tinha longos cabelos ruivos e cacheados, pele branca, como a neve que a envolvia, lábios extremamente vermelhos e volumosos, nariz pequeno, olhos castanhos penetrantes e media, aproximadamente, 1,80 m. Depois de andar alguns passos, ela, finalmente, disse:

- Olá mestre! Que bom te encontrar de novo! Por que você está aqui? - Um sorriso malicioso cortava a parte inferior do seu rosto.
- Nádia! Por que você está fazendo isso a este lugar? - Afirmou Gélim enfaticamente.
- O que você esperava?! Que eu realmente agisse como se nada tivesse acontecido? - Nádia demonstrava ira enquanto falava.
- Mas o que aconteceu? Vamos conversar Nádia!
- Eu não quero conversar! Só preciso agir e causar tanta dor quanto eles me causaram! Obrigado por me dar o poder para fazer isso! - Nádia sorriu brevemente, mas não era de fato felicidade que irradiava pelo seu rosto.
- Os seus poderes não deveriam causar nenhum mal às pessoas! Deixe-me ajudá-la Nádia!
- Cale a boca Gélim! Você nunca me compreendeu!
- Eu nunca....
- Chega! - Bradou Nádia enquanto levantava ambas as mãos.

Repentinamente, surgiu uma tempestade de neve a partir das mãos de Nádia e, conforme ela movimentava alternadamente cada mão, estalactites de gelo voavam em direção a Gélim, que as desviava facilmente.

- Nádia, por favor, pare com isso! - Disse Gélim incerto.
- Por que eu deveria? - Nádia ainda sustentava o sorriso no rosto.
- Porque eu estou mandando! - Gélim abriu os braços e uma tempestade de neve se formou progressivamente até atingi Nádia, que surpreendentemente, não saiu do lugar.
- Não desta vez mestre! - Ela olhou diretamente para o Imortal e, fazendo a gesticulação das palavras, disse: - отдых в мирном Gelim!

Nesse momento, a tempestade cessou progressivamente, até sobrar apenas uma estátua de gelo no lugar onde Gélim esteve, a qual, segundos depois, se desfez em minúsculos flocos de neve, que foram levados pelo vento e deixaram o lugar antes ocupado pelo Imortal do gelo vazio.

- COMO VOCÊ SOUBE DISSO? - Bradou Flamus.
- Por que eu ensinei a ela o que eu mesmo pretendia fazer hoje! - Disse um homem que surgiu de trás de uma das casas do pequeno vilarejo.
- Espera...essa voz - Flamus virou em direção ao locutor - Não pode ser! Você morreu há muitos anos!
- Eu acho que não Flamus! Talvez você devesse se esforçar mais da próxima vez! Ah...que pena que não vai haver uma! - O homem fez a gesticulação das palavras e disse: - requiescant in pace Flamus!

De repente, uma labareda de fogo surgiu ao redor de Flamus e, quando esta se extinguiu, restava apenas a neve derretida e um circulo vazio onde antes estivera o Imortal do fogo.

- O QUE VOCÊ FEZ? - Gritou Ethan.
- Nada que você não fosse ter vontade de fazer muito em breve! - Respondeu o homem, que aparentava ter 35 anos - A propósito, meu nome é Saulo e eu quero que você seja o meu pimeiro aprendiz!
- NUNCA! - Bradou Ethan enquanto corria em direção a Saulo - DESFAÇA ISSO AGORA! - Enquanto falava Ethan movimentava os braços e um anel de fogo circulava sobre a sua cabeça, então ele o atirou em direção a Saulo.
- Desine! - Assim que Saulo proferiu as palavras, o anel de fogo se extinguiu - Você é bom, mas eu posso te tornar ainda melhor! Flamus nunca te ensinaria o que eu irei se você aceitar ser meu discípulo, porque ele não queria que você crescesse, estava apenas preocupado em possuir outro seguidor! Pense nisso e, se quiser, pode me encontrar no Monte Corona para iniciarmos o seu verdadeiro treinamento! - Finalizadas as palavras o homem desapareceu, deixando um resquício de fumaça no ar.
- NÃO! - Bradou novamente Ethan.

Logo em seguida, surgiram labaredas nas mãos de Ethan, que se espalharam pelo corpo todo. O garoto permaneceu em uma posição estática enquanto as chamas se tornavam ainda mais intensas.
Quando as chamas se tornaram um redemoinho de fogo, surgiram queimaduras pelo corpo de Ethan, que permanecia imóvel. Nesse momento Oliver disse:

- Ei! Pare com isso...acho que você sobrecarregou o seu corpo... - Oliver estava aflito e não sabia o que fazer, enquanto Ethan permanecia sem esboçar nenhuma resposta, então disse: - Desculpe por isso! - Oliver abraçou Ethan e o envolveu em uma grossa camada e gelo, que cessou o fogo e congelou o corpo do garoto.

 Na confusão, Oliver não percebeu quando Nádia também desapareceu, então se viu sozinho com Ethan, que lhe era um completo estranho cuja vida ele acabara de salvar. Inicialmente, ele descongelou Ethan, que caiu no chão e prontamente começou a se contorcer de dor. Oliver perguntou:

- Precisa de ajuda?
- O que aconteceu? - respondeu Ethan em meio aos gritos de dor - O que você fez?
- Eu não fiz nada! - disse Oliver um pouco ofendido - Apenas apaguei o fogo que você mesmo criou!
- Eu criei?
- Sim...e depois ficou como se estivesse hipnotizado ou em transe...eu não sei direito...
- Eu não lembro disso! - Ethan ainda gritava de dor - Meu deus! Meu corpo está doendo muito!
- Eu posso te ajudar...com o gelo...queres?
- Sim! Sim, por favor!

Oliver criou uma fina camada de neve, a qual foi colocada sobre as áreas de vermelhidão no corpo de Ethan, então disse:

- Você...lembra do que aconteceu?
- Sim...eu não sabia o que fazer, então simplesmente me desesperei e...bem, acho que entrei em crise... - Ethan demonstrava frustração - Meu corpo está queimado agora e eu não estou acostumado com isso, porque...bem, você sabe...esse é o meu elemento!
- Relaxa! - Disse Oliver enquanto continuava com as "compressas de gelo" - Eu também nunca tive medo do gelo, até ter euqueimaduras graves por conta dele! Bem, eu ainda me sentia seguro para lidar com meu elemento quando...bem, quando Gélim estava aqui, mas agora...eu...simplesmente não sei  que fazer.
- Pelo menos você não é um perigo para as pessoas ao teu redor....já eu...
- Nunca subestime uma tempestade de neve! - Disse Oliver, para amenizar o assunto.
- Bem, isso é verdade...mas...e agora? Eu não tenho para onde ir! Flamus era meio que meu tutor!
- Quer dizer que você não tem pais?
- Bem...é uma longa história, sobre a qual eu não quero falar!
- Tudo bem! Eu entendo...olha...eu acho que tenho uma solução, por enquanto - disse Oliver incerto - Eu tenho que voltar para casa, já que eu não sei onde está Gélim. Se você quiser vir comigo...
- Ir para a sua casa? Mas você mal me conhece!
- Você é um elemental certo? Isso quer dizer que, tecnicamente, somos quase primos!
- Bem...eu não sei...e quanto aos seus pais?
- Vem logo! De qualquer maneira temos que sair daqui!
- Isso é verdade! Vamos então!

Os garotos caminharam até a estação mais próxima para pegar o trem transiberiano até Moscou, de onde continuaram utilizando a malha ferroviária europeia para chegar até Londres e, finalmente, à cidade natal de Oliver: Birmingham. Quando se aproximavam da casa de Oliver, este disse:

- Ethan...podes esperar um pouco aqui fora, enquanto eu converso com eles?
- Eles não vão deixar eu ficar né? Eu já sabia! - Disse Ethan em tom desanimado - Eu não quero te colocar em problemas, eu já agradeço muito por teres me salvo...
- Não seja teimoso! - Disse Oliver em tom firme, porém gentil - Eles são muito compreensivos e nunca te deixariam ficar por aí sozinho! Só preciso de um minuto para dizer a eles o que aconteceu, tudo bem?
- Certo.

Oliver adentrou a casa e, alguns segundos depois, surgiu uma mulher alta, de cabelos loiros, como os de Oliver, a qual parecia aflita com alguma coisa. Quando esta se aproximou do garoto, perguntou:

- Você está bem?
- Err...sim senhora! - Disse Ethan timidamente.
- Ora, não fique nesse frio - fazia 5° na região - entre, vamos! - enquanto convidava o garoto a entrar ela continuou: - Você pode ficar o tempo que quiser aqui conosco! Este é o meu marido Darwin - disse ela quando adentraram a enorme sala dos Fletcher, apontando para um homem de estatura mediana, cabelos marrons, olhos verdes, como os de Oliver, e que aparentava ter 40 anos.
- Muito prazer meu jovem! - Disse o homem oferecendo a mão a Ethan, que a apertou fracamente - Qual o seu nome?
- Ethan senhor...
- Pode me chamar de Darwin.
- Mãe...pai...o Ethan precisa descansar...posso levar ele para o quarto e já volto para nós conversarmos melhor?
- É claro meu filho - Disse Darwin - Até mais Ethan.
- Até mais senh...quero dizer...Darwin! Até mais senhora.
- Até mais Ethan, mas você pode me chamar de Daisy também.
- Eu já volto.

Oliver levou Ethan até o seu quarto, que felizmente tinha um beliche e era grande como todo o restante da casa. Ethan o acompanhou observando tudo em silêncio, porém, quando notou as duas camas, perguntou:

- Você tem irmãos?
- Bem, tecnicamente eu sou filho único...
- Como assim?
- A minha mãe estava grávida de gêmeos, porém o meu irmãozinho morreu logo depois de nascer...bem, a minha mãe nunca superou isso, então ela continua comprando tudo em dobro desde o meu nascimento. É um pouco estranho, mas o meu pai me disse que os médicos não veem problema nisso, já que ela é... "funcional", é esse o termo que eles usam!
- Ah, entendi...bom, eu sinto muito!
- Tudo bem! Na verdade, de certa forma é melhor, porque eu tenho tudo em dobro e, se quiseres, eu posso dividir contigo!
- Comigo? Como assim?
- Eu sempre quis ter um irmão ou algo assim...os meus pais não querem mais ter filhos, porque isso poderia piorar o estado da minha mãe, e a minha família é muito pequena, eu não tenho primos ou algo do tipo sabe...então, já que você não tem casa, você poderia ficar aqui e ser meu...amigo, pelo menos!
- Mas a gente mal se conhece...por que você acha que eu seria um bom amigo?
- Por que você é como eu!
- Ah... - Isso deixou Ethan sem mais palavras.
- Não precisa responder agora! - disse Oliver rapidamente - Apenas descanse e depois eu vou fazer mais uma compressa de gelo - dito isso o garoto saiu do quarto.

Oliver levou mais de duas horas para compartilhar os detalhes da sua jornada e para tranquilizar os pais depois e contar sobre o que acontecera em Ulan-Ude, incluindo as queimaduras de Ethan. Além disso, ele conversou com os pais sobre a possibilidade de Ethan passar a morar com eles. A mãe do garoto proferiu a seguinte resposta:

- Eu adoraria que ele pudesse ficar aqui, porque ninguém merece ficar sozinho nesse mundo e nós temos uma casa tão grande, mas nós só podemos fazer isso com o consentimento dele!
- Então, se ele aceitar, vocês deixam ele viver aqui com a gente? - Perguntou Oliver animado.
- É claro que sim meu filho! Nós nunca poderíamos deixar ele sair sozinho pelas ruas.
- Mas nós também precisamos nos certificar de que ele não tem nenhuma família! - Disse Darwin - Se ele não tiver, nós com certeza preferimos que ele fique aqui meu filho!
- Legal! Eu vou contar para ele!

Oliver subiu as escadas correndo, porém, quando abriu a porta, encontrou Ethan com meio corpo para fora da janela, o qual levou um susto ao ver o garoto e disse:

- Não era para você ver isso!
- O que você está fazendo? - Disse Oliver, confuso.
- Meu lugar não é aqui...e eu tenho coisas para fazer!
- Coisas? - Perguntou Oliver atravessando o quarto em direção à janela - Que tipo de coisas?
- Você não entenderia...
- Tenta... - Oliver parou a poucos centímetros da janela, levantou ambos os braços e disse: - Olha eu não posso te obrigar, mas gostaria muito que ficasses, assim como os meus pais...
- Eu quero...eu quero vingança...eu não quero mais ficar sozinho ou ter culpa pela morte daqueles que eu gosto!
- Eu não acho que os Imortais estejam, de fato, mortos - disse Oliver tranquilamente - E aquilo não foi culpa sua!
- Então onde eles estão? Se eu não fosse fraco eu teria acabado com aquele idiota do Saulo! - Ethan estava visivelmente irado.
- Aquilo não foi sua culpa! Esquece isso tá! E, se depender de mim, nunca estarás sozinho de novo!
- Eu preciso ir atrás do Saulo...
- Acho que uma força-tarefa elemental seria melhor que apenas você certo?
- Do que você está falando? - perguntou Ethan mais calmo.
- Talvez você não saiba, mas eu sou um ótimo elemental do gelo e, bem...antes de "morrer", Gélim me disse que os elementais podem encontrar uns aos outros!
- Outros elementais?
- Sim! Somos oito a cada 10 anos! Então ainda existem seis pessoas da nossa geração com seus seis respectivos Imortais para encontrarmos e nos unirmos para encontrar o Saulo e a Nádia também!
- Tem certeza de que eu posso ficar aqui?
- Bem, tem só um problema...
- Qual?!
- Você precisa me chamar de irmãozinho! - Oliver riu, assim como Ethan - Agora falando sério, você tem algum parente vivo?
- Não... - Ethan assumiu um tom melancólico - sempre fomos eu e o meu pai, até...
- Quer falar sobre isso?

Ethan aceitou contar a história da morte de seu pai, ao final da qual Oliver disse:

- Isso não foi sua culpa...de verdade! Você não poderia controlar o seu poder por muito tempo! Quem sabe o que poderia ter acontecido aos meus pais se eu esperasse até os 14 anos...
- Eu sei...foi burrice minha...
- Não, isso foi um gesto de amor pelo teu pai e eu acho isso muito legal! Eu sei que os meus não podem substituir ele, mas eles são muito bons para mim...
- Então eu posso ficar mesmo?
- Claro! Meu pai só impôs essa condição, então quer dizer que você pode ficar.
- Bem, eu gostaria de ficar então...
- Legal! Eu vou ser o melhor amigo que você já teve!
- Bom, eu nunca tive muitos amigos, então não vai ser algo tão difícil!
- Todos os elementais do fogo são estraga-prazeres ou é só você mesmo?

Desde esse dia, Ethan passou a morar com os Fletcher, que o adotaram como um filho alegando que este fora encontrado na rua e o rebatizaram, depois de dois anos de um longo processo legal, como Ethan Fletcher.
Os dois garotos passaram este dois primeiros anos procurando os os outros elementais, até que em 2014, eles finalmente, encontraram Gabriela Rodrigues, a elemental das plantas. Depois disso, a casa dos Fletcher, que tinha muitos quartos, se tornou uma espécie de quartel-general, com a total provação dos pais de Oliver, pois, infelizmente, os outros Imortais também tiveram o mesmo destino de Gélim e Flamus e os meninos e meninas, apesar de terem casa para voltar, precisavam aprimorar as suas habilidades de controle dos poderes.
Assim, no quartel-general dos Fletcher, os oito elementais, escolhidos no ano de 2001, começaram a treinar as suas habilidades juntos e eles se tornaram cada dia mais fortes e precisos na utilização dos seu poderes.
Seis anos se passaram desde o desaparecimento de Gélim e Flamus e, nesse tempo, Ethan e Oliver se tornaram praticamente inseparáveis, pois construíram uma amizade que, na verdade, os tornou realmente irmãos. Eles se tornaram os lideres dos outros elementais e uma espécie de instrutores para eles, visto que foram os únicos que realmente receberam, ainda que pouco, algum tipo de treinamento de um elemental.
Porém, uma coisa ainda inquietava Ethan: Ele nunca achou Saulo, o homem que "matou" Flamus, o Imortal que se tornou uma especie de pai para ele, mesmo que por pouquíssimos dias, depois que ele perdeu o seu pai biológico na triste tragédia ocorrida quando ele tinha 14 anos. Apesar disso, Ethan seguiu a vida normalmente diante de toda a receptividade dos Fletcher e até quase esqueceu a sua vingança contra Saulo. Porém, muito em breve, este personagem do seu passado voltaria para lhe lembrar destes sentimentos.



Um comentário:

  1. Bem interessante esse conto, estou louco pra ver o desenrolar dessa historia.

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