segunda-feira, 15 de abril de 2013

Capítulo 1 - Um Lugar Estranho Com Pessoas Acolhedoras (Cont.)

Enquanto dormia, algo muito interessante aconteceu. Dentro dos meus sonhos me vi caminhando sozinho por uma pequena estrada de terra, que me guiava a um horizonte desconhecido, no qual eu podia avistar somente uma pequena árvore em uma planície. Quando cheguei no local onde estava a árvore, deitei meu corpo próximo ao tronco e regozijei com a sombra advinda de sua vasta folhagem, então simplesmente adormeci, até que, quando abri novamente meus olhos tive uma surpreendente visão. Minha cabeça estava apoiada nas coxas de Bernardo, que acariciava suavemente meu cabelo e, quando me viu acordado, sorriu lindamente, colocou a mão em minha face e se direcionou até meu lábios. Infelizmente, antes de experimentar, ainda que em sonho, a sensação de beijar aquele rapaz, ouvi batidas na porta e alguém chamando meu nome.



- Felipe?! Felipe?! Estás acordado?

Quando estava efetivamente acordado, consegui responder afirmativamente e ir até a porta falar com Luíz.

- Oi Luíz. Desculpa, estava dormindo. Estás me chamando há muito tempo?
- Na verdade não. Mas você dormiu bastante hoje. Bom, eu vim te convidar para o almoço.
- Almoço?! Meu deus, eu dormi muito mesmo!
- É verdade! Nós até te esperamos para o café da manhã, mas depois deduzimos que não viria.
- Me desculpem, isso foi falta de educação da minha parte. Mas já estou descendo daqui a poucos minutos.
- Tudo bem. Não se preocupe, nós compreendemos que você ainda está se adaptando. Até daqui a pouco.

Depois disso, tomei um banho rápido e troquei de roupas - Luíz, de muito bom grado, havia me emprestado mais algumas de suas roupas -, então desci até a cozinha, onde todos estavam reunidos para o almoço. Quando cheguei, todos estavam com o ar cordial de sempre, que para mim era a coisa mais instigante da história, afinal, desde que chegara àquela casa tinha sido tratado com todas as regalias possíveis, além disso, quebrei uma tradição da família quanto à realização conjunta de refeições. Porém, quando cheguei ao recinto, fui muito bem tratado com sempre.

- Bom dia Felipe! Como você está se sentindo hoje?
- Bom dia a todos! Eu estou me sentindo muito bem Senhor.
- Pode me chamar apenas de Emanoel.
- Tudo bem Emanoel. Eu queria aproveitar e me desculpar por não poder estar com vocês durante o café da manhã.
- Não há do que se desculpar. Nós compreendemos muito bem que você ainda está se ambientando a essa casa.
- Muito obrigado pela compreensão. Mas me digam, onde está o Bernardo? Ele não vai almoçar conosco?
- Ele vai Felipe. Na verdade, falta apenas ele chegar para podermos começar a refeição.

Surpreendentemente, nesse exato momento, Bernardo adentra a cozinha, suado e parecendo um pouco cansado. 

- Desculpem o atraso Família! Hoje o dia foi bastante cansativo! Vamos almoçar.
- Sem problema filho. Que bom que você chegou.

Interessantemente, Bernardo sentou em uma cadeira ao lado da minha.

- Bom dia Felipe! Senti sua falta no café da manhã!
- Sentiu?...E..Eu dormi além do ponto hoje! Mas já me desculpei por isso.
- Não se preocupe com isso! É que eu gosto da sua companhia.

A última fala de Bernardo me deixou tão nervoso que não consegui pronunciar outra palavra sequer durante o almoço. Ao final da refeição, o pai de Bernardo me convidou para conversar em particular.

- Felipe, não entenda o que eu vou dizer como uma exigência, na verdade é apenas um conselho.
- Pode falar Emanoel.
- Bem, eu estive pensando sobre a possibilidade de você começar a desempenhar algum trabalho aqui no vilarejo, o que você acha?
- Bem, eu tenho que confessar que nunca trabalhei, mas eu gostaria de tentar, até para poder sentir que estou retribuindo a sua gentileza em me acolher!
- Então você pode começar amanhã ajudando o Bernardo. E não se preocupe, por que ele vai te ensinar tudo o que você precisa fazer.
- Tudo bem Emanoel. 

Essa conversa me deixou extremamente ansioso por dois motivos, primeiro, porque eu gostaria de mostrar que posso retribuir o fato de ser tão bem acolhido por aquela família através de um trabalho bem feito, embora não soubesse nada sobre o que deveria fazer. O outro motivo é o fato de ter que passar um tempo bem maior com Bernardo, o que me deixava bastante nervoso dada a circunstância em que me encontrava em relação a ele: totalmente atraído. Depois da conversa com Emanoel, eu me dirigi até a sala, onde encontrei Bernardo bastante concentrado em um desenho que estava fazendo.

- Isso está ficando muito bom Bernardo! Não sabia que você desenha tão bem.
- Oi Felipe. Imagina, isso não é nada. É apenas um passatempo que gosto de ter antes de voltar ao trabalho.

Eu gostei muito do desenho que ele estava fazendo, então, sem qualquer cerimônia me sentei no mesmo sofá em que ele estava. Quando Bernardo terminou, ele levantou a cabeça e se virou para mim, o que fez meu coração disparar. Para completar ele pediu que eu deixasse ele fazer um retrato do meu rosto, sendo que eu não tive como responder negativamente. A situação estava me deixando cada vez mais nervoso, pois estava muito próximo de Bernardo, e, evidentemente, ele não parava de me olhar, visto que estava retratando o meu rosto. Quando terminou, ele me mostrou o desenho, que me deixou maravilhado, já que ele tinha fielmente retratado os traços do meu rosto, e até mesmo a minha expressão naquele momento específico.

- Nossa Bernardo! Eu estou impressionado, você tem muito talento para desenhar. Nem um espelho retrata tão bem o meu rosto com tanta riqueza de detalhes.
- Obrigado Felipe. O seu rosto é lindo sabia?

Não soube o que responder diante daquela afirmação. Porém, eu não precisei responder nada quando Bernardo calmamente se aproximou ainda mais de mim no sofá, olhando fixamente em meus olhos, colocou a mão em meu rosto e me beijou. Um suave e doce beijo, que não foi demorado  ou apressado, apenas aconteceu.

Depois de me beijar, Bernardo continuou a me olhar fixamente nos olhos. Como ele não viu nenhuma resposta da minha parte, ele começou a falar do ocorrido.

- Felipe, eu gosto muito de você. E esse beijo não precisa significar nada se você não quiser.

Eu estava extasiado e ao mesmo tempo em choque, então simplesmente não consegui responder nada sobre o que acontecera. Bernardo se retirou da sala e me deixou sozinho para pensar no que aconteceu.

Bernardo deixou o retrato que fizera em cima do sofá, e, quando o peguei para olhar percebi uma coisa, que havia tanta fidelidade no que ele fizera porque ele conseguia efetivamente captar aspectos que outras pessoas não conseguiam ou não se atentavam. Então, depois de refletir muito, eu decidi que no outro dia, quando saíssemos para o meu primeiro dia de trabalho, eu estaria decidido sobre o que sinto por Bernardo e diria isso a ele.

4 comentários:

  1. Legal...
    So achei poucos fatos acorrido, mas veremos a continuidade :)

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  2. pq se chama "medieval"? tô encafifado com isso agora...

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  3. chorei,isso foi muito lindo emocionante ,apaixonante e romântico

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  4. Esse conto e mut bom mut msm a melhor historia que ja ouvi na minha vida passei a maduga inteira so lendo esse conto, gostaria mut de conhecer o autor da historia

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