quarta-feira, 11 de maio de 2016

Capítulo 7 - Revolução: A Nova Finnel (Cont.)

Uma grande confusão sucedeu a chegada do grupo de exploração. Depois disso, Hugo e Bernardo, o qual ainda estava inconsciente, foram levados para o alojamento do curandeiro do vilarejo, pois o primeiro apresentava alguns ferimentos que precisavam ser tratados e meu marido precisava ser colocado em algum lugar onde o seu estado de saúde pudesse ser avaliado. O pequeno Davi, o qual estava muito assustado, foi levado para o nosso alojamento. Quanto a Rafael II, este foi mantido prisioneiro no local onde realizávamos as nossas reuniões do conselho.
Na casa do curandeiro, unções e misturas foram utilizadas para tratar os ferimentos de Bernardo e Hugo, o qual desmaiou assim que chegou ao local, provavelmente de cansaço. Dessa forma, ambos estavam inconscientes e, segundo o curandeiro, não conseguiríamos obter nenhuma informação deles pelas próximas horas. Além disso, ele me tranquilizou dizendo que o estado de Bernardo não era grave, de modo que ele apenas precisaria de várias horas de repouso para recuperar a saúde e energia.
Depois de sair da casa do curandeiro, onde deixei o meu marido e um dos meus companheiros de jornada, eu me dirigi até o meu alojamento, a fim de conversar com o meu primo. Quando cheguei ao local, encontrei-o gritando com Raul e William, os quais pareciam não saber o que fazer. Assim que me viu, o pequeno Davi veio correndo em minha direção e me abraçou.

- Primo! Eles querem me fazer mal! Eu não quero ficar aqui!
- Calma Davi! Eu estou aqui agora! Você deve estar muito confuso, certo?
- Sim... por que aqueles homens me amarraram? Onde está o meu irmão?
- Davi... o seu irmão está bem! Algumas coisas complicadas estão acontecendo e nós precisávamos trazer vocês para cá...
- Onde está o meu pai?
- Eu não sei...
- Primo, eu estou com medo! Você promete que cuida de mim?
- É claro Davi! Eu vou cuidar de você! Mas você precisa confiar em mim, tudo bem?
- Sim...
- Ouça, estes rapazes são meus amigos e eles não farão mal a você! Eu prometo e eles também prometem! Certo rapazes?
- É claro...
- Certo...
- Viu?! Eles são bonzinhos!
- Eu acho que sim...
- Muito bem, então já que agora você sabe disso, eu posso te deixar aqui com eles enquanto eu vou fazer uma coisa? Você vai se comportar, certo?
- Eu vou tentar...
- Parece bom o bastante! Eu prometo não demorar Davi! Quando eu voltar, nós podemos conversar mais!
- Tudo bem!

Finalmente, eu segui para a sede das reuniões do conselho, onde várias pessoas estavam gritando e ameaçando o meu outro primo de diversas formas. Eu precisei intervir para acalmar os ânimos e solicitei privacidade para falar com ele. Apesar de contrários a isso, as pessoas respeitaram o meu pedido e me deixaram a sós com Rafael II.

- Eu exijo que você me solte agora mesmo!
- Olha, eu acho melhor você parar de reclamar e começar a me contar o que aconteceu! Ou eu vou simplesmente deixar as pessoas fazerem as coisas terríveis que elas pretendem fazer com você! Não se esqueça de que praticamente todas perderam algum familiar por causa do seu pai!
- Você não faria isso!
- Você não me conhece! Não teste a minha paciência! Principalmente agora, quando o meu marido está desmaiado e eu não sei o que aconteceu! Neste exato momento, eu não sou a pessoa mais equilibrada, mas, incrivelmente, eu sou a aquele que quer lhe fazer menos mal! Então você pode começar a falar ou pode ir se resolver com a população enfurecida desse vilarejo! Qual a sua escolha?
- Eu não sei! O seu dito "marido" é um traidor e meu pai nunca vai perdoá-lo!
- Já que não sabe de nada, eu acho que as pessoas pode fazer o que quiserem com você! Adeus!
- Espera! Eu vou contar o que eu sei...

Aparentemente, o meu tio vinha pessoalmente procurando o grupo fugitivo nas últimas semanas. Bernardo tinha se tornado o braço direito de Conde Rafael e o acompanhava em várias das missões de busca. Devido à confiança que meu tio desenvolvera em Bernardo, há alguns dias ele o deixou no comando do reino enquanto iria em mais uma missão de busca. Porém, Rafael suspeitou da saída massiva de guardas do reino logo depois que o seu pai havia saído para a missão de busca e alertou os guardas remanescentes, os quais flagraram Hugo e Bernardo tentando fugir do reino. Os dois tiveram que lutar e Bernardo acabou ferido, de modo que eles teriam morrido se não fosse pela inesperada ajuda de dois guardas que se rebelaram contra os outros. Devido ao fato de haver poucos guardas no reino, já que a maioria tinha sido enviada para missões de busca, eles conseguiram neutralizar os guardas leais a Conde Rafael. Além disso, antes de fugirem, Hugo foi pessoalmente ao quarto de Rafael, o qual havia fora subjugado e amarrado com cordas. O mesmo foi feito com Davi, de modo que ambos foram nocauteados e trazidos como prisioneiros durante a fuga. Rafael não revelou muitos detalhes sobre os fatos antes ou depois do momento da fuga de Pasine, mas fez questão de deixar a sua indignação explícita.

- Fomos tratados da pior forma possível! O pobre Davi passou dias amarrado!
- Quem te ouve dizer isso pode até pensar que você se importa com alguém além de si mesmo! Mas eu sei a verdade Rafael, então pode parar.
- Como você ous...
- CALADO! Eu acho que você ainda não percebeu, mas não está mais em Pasine e não tem qualquer tipo de autoridade aqui! Muito pelo contrário, você corre um sério risco de vida aqui! Portanto, se não quiser que eu precise explicar ao Davi como o irmão dele morreu, eu acho bom você melhorar a sua atitude! Principalmente, porque você vai querer convencer aquelas pessoas de que você merece viver!
- Mas você vai me proteger, certo?
- Olha, eu não poderia te proteger, nem se eu quisesse! Eu não mando neste vilarejo e você não merece que eu entre em qualquer tipo de conflito com os moradores para poder salvar a sua pele! Portanto, a responsabilidade de te salvar é inteiramente sua! Mostre àquelas pessoas que você não é tão mal quanto o seu pai! O máximo que eu posso fazer, e eu só farei por consideração ao Davi, é solicitar uma reunião do conselho para decidir a sua situação. Até lá, supostamente, ninguém deverá te fazer mal... mas, como eu disse, eu não mando neste vilarejo...

A minha proposta, como esperado, fora mal recebida pelas pessoas que aguardavam do lado de fora da sede do conselho. Muitos queriam retribuir ao filho de Conde Rafael todo o sofrimento que meu tio havia causado para as famílias do vilarejo e eu, sinceramente, não discordava deles. Porém, agi do modo como havia prometido a Rafael e obtive resposta positiva das pessoas que faziam parte do conselho para que realizássemos uma reunião no dia seguinte. A população fora instruída para que não atentassem contra a integridade física de Rafael mas, bem no fundo, eu sabia e até mesmo esperava, que alguém fosse desacatar aquela ordem. Assim, meu trabalho tinha terminado ali, de modo que retornei ao meu alojamento para ver como Davi estava lidando com os meus companheiros. Para minha surpresa, todos estavam conversando animadamente ao redor da cama de Tomás, o qual aparentava estar se sentindo bem. Assim que me viu, Davi disse:

- Primo! Você voltou!
- Sim! E eu vejo que você está bem mais calmo! Além disso, parece estar bem mais confortável quanto aos meus amigos!
- Eles são bonzinhos como você disse! Tomás estava me contando sobre o dia do casamento!
- Ah, que bom! Eu adoro essa história!

Novamente, Davi havia me impressionado pela naturalidade com que ele falava sobre uma relação entre dois homens. Considerando-se que ele era filho de Conde Rafael, eu esperaria que ele tivesse sido ensinado a detestar este tipo de comportamento, mas eu estava enganado. Nós conversamos por horas sobre as aventuras de William e Tomás em suas missões como guardas reais. No fim da tarde, eu fui chamado à casa do curandeiro, pois Hugo havia acordado. Quando cheguei ao local, notei que Bernardo ainda estava inconsciente, mas tentei ignorar a preocupação e me concentrei em Hugo, o qual estava acordado e aparentava estar bem melhor. Assim, abracei-o e disse:

- Bem-vindo de volta! Fico tão feliz que vocês tenham conseguido!
- Como é bom te ver Felipe! Eu achei que... eu também estou muito feliz de ter conseguido! Onde estão os outros? E o Raul?
- Calma! Todo mundo está bem! Nós é que estávamos preocupados com vocês!
- Você deve estar querendo saber o que aconteceu, certo?
- Bem, eu não vou negar que estou muito curioso para saber o que aconteceu em Pasine desde que fugimos! Mas você pode nos contar quando estiver se sentindo melhor! Eu só estou um pouco preocupado com o que aconteceu com Bernardo...
- Eu vou te contar tudo agora Felipe! Eu só precisava descansar! Além disso, é o mínimo que eu posso fazer, já que Bernardo foi ferido ao salvar a minha vida! Muito bem, vamos começar do dia em que vocês fugiram...

De acordo com Hugo, a ascensão de Bernardo não foi tão simples quanto Rafael insinuou. Hugo e Bernardo foram trancafiados e interrogados durante quase uma semana, até que pudessem voltar aos seus postos de trabalho. Depois disso, Bernardo passou a sair nas missões de busca ao nosso grupo, visto que Conde Rafael acreditava que ele saberia os possíveis locais para os quais nós poderíamos ter ido. De fato, Bernardo era a pessoa mais indicada para nos encontrar, mas ele confessou a Hugo que sempre levava o meu tio a lugares nos quais ele sabia que não estaríamos. Meu tio não desconfiou da estratégia de Bernardo porque, no início, este os levava a vilarejos onde nós, de fato, tínhamos estado no passado, mas que estavam desabitados porque a maioria da população havia sido enviada a Pasine e morrera no massacre. Posteriormente, ele os levou a outros lugares onde nós nunca tínhamos estado, mas nos quais ele implantava falsas pistas da nossa passagem por lá. Felizmente, como Rafael mencionara, Conde Rafael deixara Bernardo no comando do reino, o que era muito bom, considerando-se que ele já estava ficando sem ideias de lugares para levar o meu tio, sem que este começasse a duvidar da sua lealdade.
Hugo mencionou que ele ficara o tempo todo trabalhando no castelo, já que não era um oficial do meu tio, então todas as informações sobre as missões de busca ele havia recebido de Bernardo, com o qual ele sempre se reunia para organizar uma maneira de nos avisar sobre o que estava acontecendo em Pasine, porém eles nunca encontraram um momento apropriado para fazê-lo, até o dia em que fugiram do reino. No momento em que Bernardo fora nomeado para liderar o reino na ausência de Conde Rafael, Hugo e ele sabiam que esta era a chance que eles vinham esperando para poder fugir de Pasine. Assim, Bernardo começou a enviar vários guardas reais em falsas missões para lugares bem distantes, de modo que não restariam muitos guardas no reino, caso eles fossem apanhados durante a fuga, o que de fato ocorreu. No momento da luta anteriormente relatada por Rafael, Hugo era o alvo de uma flecha que acabou acertando Bernardo na parte posterior da perna, de modo que ele não podia andar adequadamente e, portanto, não poderia fugir. Graças aos guardas que se rebelaram, segundo Hugo, porque também eram homossexuais, eles conseguiram sobrepujar os guardas de Conde Rafael, raptar os meus primos e fugir de Pasine. Porém, Bernardo perdera muito sangue e desmaiara pouco antes de chegarem a um vilarejo ao norte de Arlyston, onde encontraram Raul e o resto da equipe de exploração, os quais, prontamente, ofereceram suporte para que os fugitivos de Pasine encontrassem o nosso refúgio.

- Mas... por que trazer os meus primos?
- Sinceramente, eu estou com vergonha do motivo...
- Como assim?
- Eu cedi... ele foi bastante insistente...
- Quem foi... espera, você quer dizer que... você e o Rafael...
- Eu sei! É horrível! Mas eu acho que isso não devia te surpreender... Afinal, eu nunca fui uma pessoa boa! Veja o problema que eu quase criei entre você e o Bernardo! Mas é que eu preciso tanto de atenção e... eu não sei... acho que tenho algum tipo de problema...
- Escuta Hugo, aquilo é passado! Mas eu não posso negar que ceder aos encantos do Rafael, sejam eles quais forem, não foi a sua melhor ideia! Ele sim tem problemas sérios! Quero dizer, eu até entendo que ele esteja amargurado pelo que o pai fez a ele, mas ele já ultrapassou alguns limites! Você sabe que tipo de coisas ele já fez, certo?
- Eu sei Felipe! Não entenda mal o que eu te contei! Eu sei o que fez, mas ele parece ser alguém perdido, assim como eu... e talvez essa identificação tenha me atraído nele...
- Bem, eu não posso te dizer o que fazer, mas ainda acho uma má ideia! Só mais uma coisa, como fica o Raul nessa história? Você não sente nada por ele? Vocês passaram muito tempo juntos quando estavam presos em Pasine, pelo que ele me contou.
- Eu acho que já fiz muito mal ao Raul... ele merece alguém melhor...
- Mas a pergunta foi: você não sente nada por ele?
- Às vezes eu acho que sim... mas eu tenho medo de magoá-lo novamente! Ele não merece isso! Acho que perder o Paulo já deve ter sido suficiente para ele e essa minha inconstância não vai ser muito boa para ele agora!
- Olha Hugo, eu concordo que o Raul tenha passado por muita coisa nesses últimos tempos e que, realmente, você tem sido bastante inconstante quanto aos seus sentimentos desde que eu te conheço. Mas, se você quer ficar com o Rafael apenas porque você sente que não é uma pessoa boa, saiba que você está completamente enganado! Você está nessa família que formamos há algum tempo e eu sei que você tem inúmeras qualidades, você só precisa as fazer serem mais evidentes do que a sua inconstância! Pense nisso!
- Obrigado Felipe! Você é um bom amigo!
- Eu que agradeço! Por ter trazido o meu marido de volta para mim!
- Ele fez a maior parte de tudo! O seu marido é um homem extraordinário, assim como você! Não é a toa que eu senti algo pelos dois!
- Err... isso ficou para trás, certo?
- Claro! Não me entenda mal, tudo o que sinto por vocês dois agora é uma profunda admiração! Bem, e um pouco de inveja, já que vocês conseguem sustentar o amor de vocês no meio de tanta coisa ruim que vem nos acontecendo! Espero poder fazer o mesmo, seja lá quem eu escolher para ficar ao meu lado!
- Eu sei que você vai conseguir! Quanto ao "quem", eu só tenho uma dica: escolha a pessoa que te faz sentir único, independente da aparência!
- Obrigado! Eu vou levar isso em consideração!
- Eu espero que sim! Agora eu preciso ir, pois o meu adorável priminho está me esperando e eu ainda tenho que pensar em um jeito de alocá-lo no meu alojamento, pois eu tenho a impressão de que ele não vai sair de lá tão cedo!
- Ele é realmente uma criança adorável! Pode dizer a ele que eu sinto muito por tê-lo amarrado, mas eu precisava que ele colaborasse durante a fuga! E desculpe por mais este incômodo que eu lhe causei!
- Eu vou dizer a ele! Quanto a ele ser um incômodo, eu discordo! Talvez ele tenha sido a segunda melhor coisa que você me trouxe de Pasine, depois de ter trazido o meu marido vivo! Bem, espero que você esteja se sentindo melhor! Você vai ter que passar a noite aqui e amanhã discutiremos a reorganização dos alojamentos, agora que temos mais moradores!

O fato de Rafael ter supostamente seduzido Hugo havia me surpreendido muito, visto que eu presumira que o meu primo não fosse se envolver com ninguém depois que Conde Rafael havia destruído a vida do próprio filho. Porém, sabendo da ineficácia do suposto tratamento do meu tio, não me surpreendia o fato de Rafael ainda ter desejos por outros homens. Independente disso, a relação entre ele e Hugo me trazia certo temor, já que Raul havia revelado que talvez ainda tivesse sentimentos pelo ex-namorado. Este tipo de situação não era ideal para o momento que vivíamos no vilarejo e eu, sinceramente, esperava que aquilo não abalasse o potencial de Raul de nos liderar em uma possível nova batalha contra Conde Rafael, visto que ele era o mais capacitado no momento para isso. Quando cheguei ao meu alojamento, Davi estava dormindo em minha cama.

- Ele parecia tão cansado, então o deixamos ficar na sua cama, mas ele acabou adormecendo!
- Tudo bem, acho que essa vai ter que ser a solução! Agora, eu só preciso encontrar um lugar para dormir!
- Você pode ficar com a minha cama irmão! Eu não a uso tão frequentemente e, nos últimos dias, não consigo me afastar da cama de Tomás!
- Eu já disse que eu estou me sentindo bem! Mas eu concordo Felipe, você deveria dormir na cama dele e nós podemos dividir a minha.
- Tem certeza?
- Mas é claro! Amanhã nós decidiremos como podemos alojar o seu primo mais adequadamente!
- Bem, então eu vou aceitar, porque eu estou exausto! Mas onde está o Raul?
- Ele saiu há alguns minutos, mas não disse aonde ia!
- Espero que ele não tenha ido visitar o Hugo!
- Por quê? Achei que eles tivessem se entendido em Pasine!
- Eles tiveram muito tempo para ressignificar o que aconteceu em Finnel!
- Tudo bem, eu vou contar algo muito importante, mas que não deve chegar ao conhecimento do Raul até que seja extremamente necessário!

Contei aos dois sobre a relação entre Hugo e Rafael, o que lhes surpreendeu tanto quanto a mim. Também lhes contei o que havia descoberto sobre a fuga de Finnel, o que levou bastante tempo. Quando terminei de atualizá-los sobre o que Hugo e Rafael haviam me contado, Raul ainda não tinha chegado e meu primo parecia estar em um sono profundo. Assim, considerando-se que eu estava exausto e tivera um dia cheio de tantas surpresas, dormir foi extremamente fácil.
Porém, no outro dia, fora novamente acordado por gritos. Quando saí para verificar a fonte da confusão, encontrei Raul agredindo Rafael no meio de outras pessoas que também faziam o mesmo. Assim, corri em direção à multidão e gritei:

- Parem! Achei que tinha ficado acordado que faríamos uma reunião antes de decidirmos o que fazer com o nosso prisioneiro! Estou certo?
- Felipe, não precisamos de uma reunião para decidir que o pai e ele já nos fizeram muito mal e merecem que a ira das famílias daqueles que morreram caia sobre eles!
- Escutem, eu tenho o direito de lhes dizer o que fazer, eu já deixei isso muito claro! Mas, em nome do bom senso, eu lhes peço que façamos a reunião do conselho antes de continuarmos com... isso...
- O que a reunião vai mudar em nossa decisão de fazê-lo sofrer? Não será apenas uma perda de tempo que acabará no mesmo fim?
- Talvez sim... Mas eu prefiro que tomemos essa decisão em um local calmo e usando de toda a nossa capacidade de analisar os fatos! Eu tenho algumas informações sobre este filho de Conde Rafael, o qual, como sabem, é meu primo! Eu não estou aqui para defendê-lo, mas também não posso deixar de interceder para que ele tenha um julgamento justo, considerando-se a nossa ligação. Prometo que serei imparcial na apresentação das informações que possuo e, aqui na frente de todos, abdico do meu voto no conselho como uma prova do meu comprometimento com as pessoas deste vilarejo.

As pessoas acataram o meu pedido e, assim, a decisão sobre o futuro de Rafael fora momentaneamente adiada para dali a uma hora, quando aconteceria a reunião do conselho. Algumas pessoas levaram Rafael de volta para o local de onde o haviam tirado e o resto se dispersou. Raul também estava indo embora, mas eu o interceptei.

- Raul! Por que você fez aquilo?! Eu achei que você tinha concordado com a minha decisão!
- Eu tinha... até conversar com o Hugo...
- O que ele te disse?
- Você sabe... ele me disse o que aconteceu entre eles nesse período...
- Eu sinto muito Raul! Eu...
- Não importa! Eu te disse que estava conformado com a minha sina! Desculpe pela confusão, eu perdi a cabeça!
- Está tudo bem, esquece isso! Mas, você vai ficar bem?
- Vou... eu sempre fico... Mas eu preciso espairecer! Nos vemos na reunião do conselho, tudo bem?
- Claro...

Raul estava, visivelmente, devastado e eu não podia suportar vê-lo daquela forma. Eu me sentia inútil, pois não sabia o que fazer para fazer aquilo menos devastador para o meu amigo. Como eu previra, o envolvimento de Hugo com Rafael havia trazido problemas para Raul. Aquilo, de certa forma, causara um pouco de frustração e raiva, pois eu estava planejando contar o que havia acontecido de forma menos drástica para Raul, mas Hugo se antecipara. Assim, fui ao local onde ele estava para tirar satisfações. 

- Hugo, eu não acredito que você...
- Como sempre, fazendo questão de ser notado onde quer que você entre!

Lá estava ele. Sentado na cama, sorrindo, com olhos alertas e, o melhor de tudo, vivo! Eu nem me importei de não terminar a frase que havia começado. Eu, simplesmente, corri para os seus braços, encostei-me em seu largo peitoral e lá me mantive, sem pressa e nem intenção de me afastar dele por incontáveis minutos. As lágrimas corriam de forma incontrolável e eu soluçava diante da reciprocidade do abraço do meu marido. Ele estava de volta e, naquele momento, era como se nunca tivéssemos nos separado.

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