No outro dia, Enzo foi acordado por alguns gritos que vinham do lado de fora de sua casa, então se levantou e abriu a janela para verificar que, para sua surpresa, o seu pai estava gritando com alguém que ele, depois, percebeu ser Daniel. Assim, rapidamente, ele vestiu uma roupa e correu até a frente da sua casa onde Roberto bradava:
- EU JÁ MANDEI VOCÊ IR EMBORA DAQUI RAPAZ!
- Pai, o que está acontecendo? - perguntou Enzo, olhando para os lados, onde alguns vizinhos estavam observando.
- ESSE CARA NÃO TEM NADA O QUE FAZER AQUI! - bradou novamente Roberto.
- Pai, tudo bem...eu resolvo isso! Mas pare de gritar, por favor! Os vizinhos já estão olhando! - disse Enzo encabulado.
- Mas, meu filho, o que você ainda quer conversar com esse rapaz, que te fez tanto mal?
- Eu explico melhor daqui a pouco, só entre em casa por favor!
- Tudo bem, mas qualquer coisa é só me chamar!
- Tudo bem pai, muito obrigado! - Enzo observou o pai caminhar e entrar em sua casa, então se virou para Daniel e disse: - Oi Daniel!
- Nossa, que bom que o seu pai ainda me adora né? - respondeu Daniel rindo - Bom dia Enzo!
- Bom, não é sem motivo certo?! - respondeu Enzo, de braços cruzados e com uma expressão séria - O que estás fazendo aqui?
- Bem...isso é verdade - respondeu Daniel com uma expressão de constrangimento, então complementou - Bem, eu vim te oferecer uma carona para a UFTU! Aceitas?
- Eu não vou para a aula hoje! Eu vou a uma consulta.
- Ah...bem, então eu volto amanhã!
- Daniel...eu não acho uma boa ideia! - afirmou Enzo, com um tom calmo e ponderado - meu pai realmente não te vê com bons olhos atualmente e, além disso, a Frida não vai gostar disso!
- Mas eu pensei que nós voltaríamos a ser amigos!
- E nós somos Daniel! Mas não força a barra, por favor! A gente precisa ir com calma e, com certeza, você vir me buscar em casa não me ajuda a te dissociar do papel de namorado e não de amigo!
- Mas eu sempre de busquei e te deixei na tua casa! Mesmo antes de te beijar na cozinha da casa da Frida!
- Eu sei, eu sei! - aquela lembrança fez o estômago de Enzo se revirar - mas eu acho melhor isso não ocorrer por enquanto! Eu não sei se já te disse isso, mas esse era o melhor momento do meu dia, por isso ainda é muito significativo para mim.
- Eu entendo... - Daniel estava com uma expressão triste - Nesse caso, eu já vou. Desculpa o incômodo!
- Não fica assim Daniel, isso me deixa triste!
- Do que você está falando?
- Daniel, podes tentar mentir para outra pessoa, mas eu sei muito bem quando estás triste! Fazes um olhar de cachorro com fome! - Enzo riu.
- Não é verdade! - respondeu Daniel, rindo também.
- Olha, desculpa, eu sei que estás te esforçando para reatar a amizade. Eu aprecio muito isso, mas ainda tenho algumas restrições e acho que podes entender o porquê.
- Sim, eu entendo!
- Pois é, mas como uma demonstração de que eu também estou me esforçando eu quero te convidar para dar uma volta hoje! Lanchar, passear e conversar! A velha tríade!
- "A velha tríade"! Eu me lembro disso! - disse Daniel risonho.
- E aí, aceitas?
- É claro que aceito! Mas...eu posso vir te buscar!
- Olha, eu acho melhor não! Mas eu aceito que me tragas de volta! Tudo bem assim?
- Já é um começo!
- Então estamos combinados! Agora dá o fora, antes que meu pai venha te dar um soco! - finalizou Enzo entre risos.
Depois disso, Enzo caminhou até a sua casa e, ao passar pela sala, encontrou seu pai lhe esperando na sala, o qual, prontamente, disse ao vê-lo:
- Enzo, o que aquele rapaz estava fazendo aqui?
- Pai...eu sei que o senhor não vai aprovar isso, mas ontem ele veio me pedir para eu perdoá-lo e para nós voltarmos a ser amigos e, bem...eu aceitei.
- Meu filho, eu tive que te buscar naquela festa, porque vocês estava simplesmente encolhido no chão do banheiro! E por causa dele! você lembra disso?
- Eu lembro pai, mas pega leve com ele, afinal a mãe dele morreu há pouquíssimo tempo! Confia em mim, eu acho que é melhor assim!
- Olha filho, nada justifica aquele tipo de atitude, então, se realmente fores dar uma segunda chance para ele, faça isso porque quer e não por pena, tudo bem? Eu sei que você é uma pessoa sensata, mas às vezes erramos em nossas escolhas, então eu só te peço para ter cuidado com essa relação! Não deixa ele te ferir novamente filho!
- Ah pai, obrigado pela preocupação! - Enzo abraçou o pai.
- É o meu papel meu filho! Eu te amo muito para deixar qualquer pessoa te machucar!
Assim, Enzo resolveu a situação com o pai e se arrumou para ir à consulta médica que estava marcada para 10:00. Como de costume no último mês, Pietro sempre acompanhava Enzo para todos os lugares e, quase sempre, utilizando o carro que ele afirmara ser do tio. Isto despertou a curiosidade de Enzo que, enquanto os dois estavam na sala de espera da clínica, indagou:
- Pietro, o teu tio não usa muito o carro né?
- Por que estás perguntando isso? - respondeu Pietro sobressaltado.
- Ah, não sei, eu sempre te vejo com ele! - afirmou Enzo.
- Enzo...se eu te confessar uma coisa, prometes não ficar chateado?
- Depende...o que é?
- Bom...é que, na verdade o carro é meu!
- SABIA! - gritou enzo, o que atraiu a atenção de algumas outras pessoas presentes na sala de espera, então, baixando o tom de voz, continuou: - mas por que mentiu para mim?
- Como sabias? - indagou Pietro surpreso.
- Ah Pietro, não é preciso ser um gênio para perceber que as tuas coisas vivem jogadas pelo carro e os teus CDs estão sempre por lá também! Mas, por que mentiu para mim menino?
- Ah... - Pietro corou - acho que eu não sei mentir muito bem, certo? - ele riu então, continuou - não menti por mal Enzo, apenas não sabia como te dizer a verdade depois que eu já tinha dito naquele dia que eu sempre andava de ônibus!
- Mas por que dissestes isso então?
- Eu queria te acompanhar até a parada e continuar conversando contigo! Depois voltei e peguei o carro no estacionamento - Pietro continuava corado - Sinto-me meio idiota nesse momento!
- Relaxa, não és idiota não! Mas se mentir para mim de novo eu vou te bater! - Enzo riu.
Depois da consulta, Pietro e Enzo foram para a UFTU, para as suas respectivas aulas da tarde, porém, como ainda estava cedo, eles resolveram almoçar na "Snacks". Entre muita conversa e uma farta refeição, o tempo passou e os dois foram para as salas de aula. Quando Enzo chegou à sua sala, encontrou Frida, que, para sua surpresa, veio falar com ele:
- E aí Enzo?! Eu vim perguntar o que você quer com o meu namorado! - ela finalizou apontando o dedo indicador para o rapaz.
- Frida, você tem dois segundos para tirar esse dedo da minha frente ou vai precisar de reabilitação depois! E, quando à sua pergunta, eu não quero nada que não seja uma boa relação de amizade! - Enzo sorriu e piscou para ela.
- Eu acho melhor que seja isso mesmo!
- Frida, eu não te devo qualquer explicação e também não fico nem um pouco amedrontado com qualquer ameaça sua! Agora faz o favor de voltar para o teu lugar!
- Eu voltarei porque eu quero! Só mais uma coisa, eu acho que formas um casal melhor com aquele desajeitado com quem estás sempre andando agora! - ela riu e se dirigiu à sua cadeira.
Durante a aula, Enzo recebeu uma mensagem de Daniel: vamos sair depois da tua aula tá? eu saio ás 18:00 e eu sei que vais sair às 17:00, então me espera na "Snacks" e quando eu sair te encontro lá. Assim, quando a aula terminou, Enzo fez como o rapaz tinha dito, esperou na lanchonete até o horário marcado, enquanto lia algumas anotações e estudava alguns assutnos. Daniel chegou quase pontualmente no horário, dizendo com um semblante abatido:
- Oi Enzo...
- Oi Daniel! Aconteceu alguma coisa? Estás com uma cara abatida.
- Por que não me contastes que estás namorando de novo?
- Por que eu não estou! - respondeu Enzo calmamente - quem te disse isso?
- Uma fonte segura! Apenas pensei que fosses sincero comigo!
- Olha Daniel... - disse Enzo irritado - em primeiro lugar, sabes muito bem que eu odeio que me acusem injustamente e sem provas! em segundo lugar, eu não te devo satisfação e nem preciso da tua permissão para que eu possa namorar ou não alguém!
- Ah claro, isso porque você disse que tinha ficado arrasado com o término do nosso namoro! Imagina se não tivesse ficado!
- Como ousas falar disso! E como ousas continuar me acusando! - Enzo se levantou da cadeira em que estava.
- Por que eu sei que estás namorando com aquele tal de Pietro! Qual é? Por que não admite logo, vocês dois estavam juntos naquele dia da festa, vocês vivem juntos o tempo todo! Até deixastes ele te trazer de carro hoje.
- Eu já disse que não te devo satisfação! E, para a sua informação, o Pietro tem sido um amigo tão bom ou até melhor que você! - Enzo caminhou furioso até a saída da lanchonete.
Enquanto caminhava distraído pela calçada, em direção à parada de ônibus, Enzo não percebeu que uma figura se aproximava dele, até que sentiu o cano de um revólver tocar em suas costas e alguém dizer: - passa a carteira!
Minutos depois que a figura que o abordara havia deixado o local com a sua carteira, Daniel chegou ao local e, ao ver Enzo ainda atordoado, disse:
- Enzo? Aconteceu alguma coisa?
- Eu acabei de ser roubado! - Enzo falava pausadamente - o cara apontou uma arma para mim! Isso...isso foi horrível!
- Meu Deus! Mas estás bem?
- É claro que eu não estou bem Daniel! E já era para eu estar em casa se eu não tivesse que esperar você sair da aula, somente para me importunar a paciência!
- Eu vim pedir desculpas Enzo...eu não sei porque eu agi daquele jeito!
- Eu sei! Porque você é um idiota! E quer saber, eu acho que isso não vai dar certo! Eu não quero ter que ficar te desculpando todo santo dia! Vamos voltar a como estava antes tá? Eu preciso seguir em frente e você não está colaborando nenhum pouco!
- Eu já disse que sinto muito!
- Tudo bem por aqui? - disse Pietro que havia chegado repentinamente.
- Oi Pietro! - respondeu Enzo - Tudo bem sim!
- Estás precisando de ajuda? Parecia que vocês estavam discutindo.
- Bom, nós estávamos de fato! Mas está tudo sob controle! Porém, eu acho que vou precisar de ajuda com outra coisa, porque eu acabei de ser roubado e fiquei sem dinheiro para voltar para casa, então será que poderias me dar uma carona?
- Claro Enzo! Vamos logo!
- Podes ir logo pegar o carro enquanto eu termino de conversar com o Daniel? Por favor.
- Posso sim, te espero no estacionamento tá?
- Tudo bem! Muito obrigado Pietro! Te encontro daqui a pouco.
- Por que pediu carona para ele? Eu posso muito bem te deixar em casa!
- Eu sei, mas eu não quero! Daniel, eu fiquei muito chateado com o que me dissestes hoje! Pensa bem, aparecestes namorando com a Frida só alguns dias depois de ter terminado comigo, e sabe o que eu fiz? Eu chorei! Mas eu toquei no assunto desde então? é claro que não! Uma amizade às vezes necessita que as pessoas finjam que certas coisas não aconteceram e você, simplesmente, não consegue! Então, se você for ficar me fazendo recordar cada dia que nós namoramos e que você agiu como um crápula comigo, eu, sinceramente, acho que isso não vai dar certo!
- Eu... eu não sei o que dizer! - Daniel baixou a cabeça.
- Não diz nada - Enzo, para surpresa de Daniel, abraçou o ex-namorado - apenas siga com a sua vida e me deixe seguir com a minha. Eu juro que eu queria que pudesse ser diferente, mas acho que nós não podemos nem mesmo ser amigos! - Enzo se afastou de Daniel, enquanto limpava algumas lágrimas do rosto - eu te amo demais para isso e acho que estar tão próximo de você talvez seja mais doloroso do que eu pensei!
- Enzo...
- Daniel, a pessoa por quem eu me apaixonei não existe mais, porém eu pensei que o meu melhor amigo ainda estivesse aí em algum lugar! Aquele que fazia cada segundo do meu dia mais feliz!
- Eu ainda posso ser esse cara...
- Eu acho que não! Esse seu ciume me faz ter esperanças que você me disse há algum tempo que não existem mais e isso me faz mal!
- Enzo, eu não quero ficar longe de ti! Esse mês em que não nos falamos foi horrível!
- Eu também me senti da mesma forma, mas eu acho que preciso de um tempo maior para, efetivamente, seguir em frente! Deixar de te ver, para mim, é um mal necessário! Espero que possas compreender! Eu não estou mais com raiva de você, é só que eu não consigo lidar com isso como eu achei que conseguiria!
- Eu compreendo! Mas me diz, pelo menos, que isso não é um fim e sim uma pausa!
- Nada é um fim nas nossas vidas Daniel! Eu não posso controlar o dia de amanhã, mas, por hoje, eu acho melhor não nos vermos mais!
Enzo saiu caminhando de volta para o estacionamento da UFTU, onde encontrou Pietro lhe esperando. Este apenas disse:
- Tudo bem mesmo?
- Nem um pouco! Me leva para casa , por favor!
- Como quiser!
Durante a viagem de volta para casa, Enzo se permitiu chorar e aliviar os sentimentos que ele vinha tentando conter em relação a Daniel, pois ele sabia que Pietro não diria nada até que ele estivesse pronto para falar. Quando chegaram em frente da sua casa, ele ainda demorou a sair do carro, para tentar se recompor, então, finalmente, desceu e caminhou em direção à casa, depois de agradecer e se despedir de Pietro, que realmente não tinha dito ou perguntado nada durante toda a viagem. Ao passar pela sala, o rapaz apenas cumprimentou brevemente os pais e correu diretamente para o quarto, onde se deitou e adormeceu em poucos minutos, pois estava cansado e não conseguiu se permitir pensar ou refletir sobre o que acontecera naquele dia.
- EU JÁ MANDEI VOCÊ IR EMBORA DAQUI RAPAZ!
- Pai, o que está acontecendo? - perguntou Enzo, olhando para os lados, onde alguns vizinhos estavam observando.
- ESSE CARA NÃO TEM NADA O QUE FAZER AQUI! - bradou novamente Roberto.
- Pai, tudo bem...eu resolvo isso! Mas pare de gritar, por favor! Os vizinhos já estão olhando! - disse Enzo encabulado.
- Mas, meu filho, o que você ainda quer conversar com esse rapaz, que te fez tanto mal?
- Eu explico melhor daqui a pouco, só entre em casa por favor!
- Tudo bem, mas qualquer coisa é só me chamar!
- Tudo bem pai, muito obrigado! - Enzo observou o pai caminhar e entrar em sua casa, então se virou para Daniel e disse: - Oi Daniel!
- Nossa, que bom que o seu pai ainda me adora né? - respondeu Daniel rindo - Bom dia Enzo!
- Bom, não é sem motivo certo?! - respondeu Enzo, de braços cruzados e com uma expressão séria - O que estás fazendo aqui?
- Bem...isso é verdade - respondeu Daniel com uma expressão de constrangimento, então complementou - Bem, eu vim te oferecer uma carona para a UFTU! Aceitas?
- Eu não vou para a aula hoje! Eu vou a uma consulta.
- Ah...bem, então eu volto amanhã!
- Daniel...eu não acho uma boa ideia! - afirmou Enzo, com um tom calmo e ponderado - meu pai realmente não te vê com bons olhos atualmente e, além disso, a Frida não vai gostar disso!
- Mas eu pensei que nós voltaríamos a ser amigos!
- E nós somos Daniel! Mas não força a barra, por favor! A gente precisa ir com calma e, com certeza, você vir me buscar em casa não me ajuda a te dissociar do papel de namorado e não de amigo!
- Mas eu sempre de busquei e te deixei na tua casa! Mesmo antes de te beijar na cozinha da casa da Frida!
- Eu sei, eu sei! - aquela lembrança fez o estômago de Enzo se revirar - mas eu acho melhor isso não ocorrer por enquanto! Eu não sei se já te disse isso, mas esse era o melhor momento do meu dia, por isso ainda é muito significativo para mim.
- Eu entendo... - Daniel estava com uma expressão triste - Nesse caso, eu já vou. Desculpa o incômodo!
- Não fica assim Daniel, isso me deixa triste!
- Do que você está falando?
- Daniel, podes tentar mentir para outra pessoa, mas eu sei muito bem quando estás triste! Fazes um olhar de cachorro com fome! - Enzo riu.
- Não é verdade! - respondeu Daniel, rindo também.
- Olha, desculpa, eu sei que estás te esforçando para reatar a amizade. Eu aprecio muito isso, mas ainda tenho algumas restrições e acho que podes entender o porquê.
- Sim, eu entendo!
- Pois é, mas como uma demonstração de que eu também estou me esforçando eu quero te convidar para dar uma volta hoje! Lanchar, passear e conversar! A velha tríade!
- "A velha tríade"! Eu me lembro disso! - disse Daniel risonho.
- E aí, aceitas?
- É claro que aceito! Mas...eu posso vir te buscar!
- Olha, eu acho melhor não! Mas eu aceito que me tragas de volta! Tudo bem assim?
- Já é um começo!
- Então estamos combinados! Agora dá o fora, antes que meu pai venha te dar um soco! - finalizou Enzo entre risos.
Depois disso, Enzo caminhou até a sua casa e, ao passar pela sala, encontrou seu pai lhe esperando na sala, o qual, prontamente, disse ao vê-lo:
- Enzo, o que aquele rapaz estava fazendo aqui?
- Pai...eu sei que o senhor não vai aprovar isso, mas ontem ele veio me pedir para eu perdoá-lo e para nós voltarmos a ser amigos e, bem...eu aceitei.
- Meu filho, eu tive que te buscar naquela festa, porque vocês estava simplesmente encolhido no chão do banheiro! E por causa dele! você lembra disso?
- Eu lembro pai, mas pega leve com ele, afinal a mãe dele morreu há pouquíssimo tempo! Confia em mim, eu acho que é melhor assim!
- Olha filho, nada justifica aquele tipo de atitude, então, se realmente fores dar uma segunda chance para ele, faça isso porque quer e não por pena, tudo bem? Eu sei que você é uma pessoa sensata, mas às vezes erramos em nossas escolhas, então eu só te peço para ter cuidado com essa relação! Não deixa ele te ferir novamente filho!
- Ah pai, obrigado pela preocupação! - Enzo abraçou o pai.
- É o meu papel meu filho! Eu te amo muito para deixar qualquer pessoa te machucar!
Assim, Enzo resolveu a situação com o pai e se arrumou para ir à consulta médica que estava marcada para 10:00. Como de costume no último mês, Pietro sempre acompanhava Enzo para todos os lugares e, quase sempre, utilizando o carro que ele afirmara ser do tio. Isto despertou a curiosidade de Enzo que, enquanto os dois estavam na sala de espera da clínica, indagou:
- Pietro, o teu tio não usa muito o carro né?
- Por que estás perguntando isso? - respondeu Pietro sobressaltado.
- Ah, não sei, eu sempre te vejo com ele! - afirmou Enzo.
- Enzo...se eu te confessar uma coisa, prometes não ficar chateado?
- Depende...o que é?
- Bom...é que, na verdade o carro é meu!
- SABIA! - gritou enzo, o que atraiu a atenção de algumas outras pessoas presentes na sala de espera, então, baixando o tom de voz, continuou: - mas por que mentiu para mim?
- Como sabias? - indagou Pietro surpreso.
- Ah Pietro, não é preciso ser um gênio para perceber que as tuas coisas vivem jogadas pelo carro e os teus CDs estão sempre por lá também! Mas, por que mentiu para mim menino?
- Ah... - Pietro corou - acho que eu não sei mentir muito bem, certo? - ele riu então, continuou - não menti por mal Enzo, apenas não sabia como te dizer a verdade depois que eu já tinha dito naquele dia que eu sempre andava de ônibus!
- Mas por que dissestes isso então?
- Eu queria te acompanhar até a parada e continuar conversando contigo! Depois voltei e peguei o carro no estacionamento - Pietro continuava corado - Sinto-me meio idiota nesse momento!
- Relaxa, não és idiota não! Mas se mentir para mim de novo eu vou te bater! - Enzo riu.
Depois da consulta, Pietro e Enzo foram para a UFTU, para as suas respectivas aulas da tarde, porém, como ainda estava cedo, eles resolveram almoçar na "Snacks". Entre muita conversa e uma farta refeição, o tempo passou e os dois foram para as salas de aula. Quando Enzo chegou à sua sala, encontrou Frida, que, para sua surpresa, veio falar com ele:
- E aí Enzo?! Eu vim perguntar o que você quer com o meu namorado! - ela finalizou apontando o dedo indicador para o rapaz.
- Frida, você tem dois segundos para tirar esse dedo da minha frente ou vai precisar de reabilitação depois! E, quando à sua pergunta, eu não quero nada que não seja uma boa relação de amizade! - Enzo sorriu e piscou para ela.
- Eu acho melhor que seja isso mesmo!
- Frida, eu não te devo qualquer explicação e também não fico nem um pouco amedrontado com qualquer ameaça sua! Agora faz o favor de voltar para o teu lugar!
- Eu voltarei porque eu quero! Só mais uma coisa, eu acho que formas um casal melhor com aquele desajeitado com quem estás sempre andando agora! - ela riu e se dirigiu à sua cadeira.
Durante a aula, Enzo recebeu uma mensagem de Daniel: vamos sair depois da tua aula tá? eu saio ás 18:00 e eu sei que vais sair às 17:00, então me espera na "Snacks" e quando eu sair te encontro lá. Assim, quando a aula terminou, Enzo fez como o rapaz tinha dito, esperou na lanchonete até o horário marcado, enquanto lia algumas anotações e estudava alguns assutnos. Daniel chegou quase pontualmente no horário, dizendo com um semblante abatido:
- Oi Enzo...
- Oi Daniel! Aconteceu alguma coisa? Estás com uma cara abatida.
- Por que não me contastes que estás namorando de novo?
- Por que eu não estou! - respondeu Enzo calmamente - quem te disse isso?
- Uma fonte segura! Apenas pensei que fosses sincero comigo!
- Olha Daniel... - disse Enzo irritado - em primeiro lugar, sabes muito bem que eu odeio que me acusem injustamente e sem provas! em segundo lugar, eu não te devo satisfação e nem preciso da tua permissão para que eu possa namorar ou não alguém!
- Ah claro, isso porque você disse que tinha ficado arrasado com o término do nosso namoro! Imagina se não tivesse ficado!
- Como ousas falar disso! E como ousas continuar me acusando! - Enzo se levantou da cadeira em que estava.
- Por que eu sei que estás namorando com aquele tal de Pietro! Qual é? Por que não admite logo, vocês dois estavam juntos naquele dia da festa, vocês vivem juntos o tempo todo! Até deixastes ele te trazer de carro hoje.
- Eu já disse que não te devo satisfação! E, para a sua informação, o Pietro tem sido um amigo tão bom ou até melhor que você! - Enzo caminhou furioso até a saída da lanchonete.
Enquanto caminhava distraído pela calçada, em direção à parada de ônibus, Enzo não percebeu que uma figura se aproximava dele, até que sentiu o cano de um revólver tocar em suas costas e alguém dizer: - passa a carteira!
Minutos depois que a figura que o abordara havia deixado o local com a sua carteira, Daniel chegou ao local e, ao ver Enzo ainda atordoado, disse:
- Enzo? Aconteceu alguma coisa?
- Eu acabei de ser roubado! - Enzo falava pausadamente - o cara apontou uma arma para mim! Isso...isso foi horrível!
- Meu Deus! Mas estás bem?
- É claro que eu não estou bem Daniel! E já era para eu estar em casa se eu não tivesse que esperar você sair da aula, somente para me importunar a paciência!
- Eu vim pedir desculpas Enzo...eu não sei porque eu agi daquele jeito!
- Eu sei! Porque você é um idiota! E quer saber, eu acho que isso não vai dar certo! Eu não quero ter que ficar te desculpando todo santo dia! Vamos voltar a como estava antes tá? Eu preciso seguir em frente e você não está colaborando nenhum pouco!
- Eu já disse que sinto muito!
- Tudo bem por aqui? - disse Pietro que havia chegado repentinamente.
- Oi Pietro! - respondeu Enzo - Tudo bem sim!
- Estás precisando de ajuda? Parecia que vocês estavam discutindo.
- Bom, nós estávamos de fato! Mas está tudo sob controle! Porém, eu acho que vou precisar de ajuda com outra coisa, porque eu acabei de ser roubado e fiquei sem dinheiro para voltar para casa, então será que poderias me dar uma carona?
- Claro Enzo! Vamos logo!
- Podes ir logo pegar o carro enquanto eu termino de conversar com o Daniel? Por favor.
- Posso sim, te espero no estacionamento tá?
- Tudo bem! Muito obrigado Pietro! Te encontro daqui a pouco.
- Por que pediu carona para ele? Eu posso muito bem te deixar em casa!
- Eu sei, mas eu não quero! Daniel, eu fiquei muito chateado com o que me dissestes hoje! Pensa bem, aparecestes namorando com a Frida só alguns dias depois de ter terminado comigo, e sabe o que eu fiz? Eu chorei! Mas eu toquei no assunto desde então? é claro que não! Uma amizade às vezes necessita que as pessoas finjam que certas coisas não aconteceram e você, simplesmente, não consegue! Então, se você for ficar me fazendo recordar cada dia que nós namoramos e que você agiu como um crápula comigo, eu, sinceramente, acho que isso não vai dar certo!
- Eu... eu não sei o que dizer! - Daniel baixou a cabeça.
- Não diz nada - Enzo, para surpresa de Daniel, abraçou o ex-namorado - apenas siga com a sua vida e me deixe seguir com a minha. Eu juro que eu queria que pudesse ser diferente, mas acho que nós não podemos nem mesmo ser amigos! - Enzo se afastou de Daniel, enquanto limpava algumas lágrimas do rosto - eu te amo demais para isso e acho que estar tão próximo de você talvez seja mais doloroso do que eu pensei!
- Enzo...
- Daniel, a pessoa por quem eu me apaixonei não existe mais, porém eu pensei que o meu melhor amigo ainda estivesse aí em algum lugar! Aquele que fazia cada segundo do meu dia mais feliz!
- Eu ainda posso ser esse cara...
- Eu acho que não! Esse seu ciume me faz ter esperanças que você me disse há algum tempo que não existem mais e isso me faz mal!
- Enzo, eu não quero ficar longe de ti! Esse mês em que não nos falamos foi horrível!
- Eu também me senti da mesma forma, mas eu acho que preciso de um tempo maior para, efetivamente, seguir em frente! Deixar de te ver, para mim, é um mal necessário! Espero que possas compreender! Eu não estou mais com raiva de você, é só que eu não consigo lidar com isso como eu achei que conseguiria!
- Eu compreendo! Mas me diz, pelo menos, que isso não é um fim e sim uma pausa!
- Nada é um fim nas nossas vidas Daniel! Eu não posso controlar o dia de amanhã, mas, por hoje, eu acho melhor não nos vermos mais!
Enzo saiu caminhando de volta para o estacionamento da UFTU, onde encontrou Pietro lhe esperando. Este apenas disse:
- Tudo bem mesmo?
- Nem um pouco! Me leva para casa , por favor!
- Como quiser!
Durante a viagem de volta para casa, Enzo se permitiu chorar e aliviar os sentimentos que ele vinha tentando conter em relação a Daniel, pois ele sabia que Pietro não diria nada até que ele estivesse pronto para falar. Quando chegaram em frente da sua casa, ele ainda demorou a sair do carro, para tentar se recompor, então, finalmente, desceu e caminhou em direção à casa, depois de agradecer e se despedir de Pietro, que realmente não tinha dito ou perguntado nada durante toda a viagem. Ao passar pela sala, o rapaz apenas cumprimentou brevemente os pais e correu diretamente para o quarto, onde se deitou e adormeceu em poucos minutos, pois estava cansado e não conseguiu se permitir pensar ou refletir sobre o que acontecera naquele dia.